A ideia construída numa realidade inventada.
O Dossier cidades do DN/TSF tem finalmente amanhã a sua imperdivel apresentação radiofónica (TSF 11h) , a publicação ontem da versão impressa revelou a justeza da nossa análise aqui descrita no último post do que percepcionámos na quarta-feira em Almada. Considerando mesmo que fomos demasiado benévolos na apreciação.
Quem hoje aqui vos escreve foi nascer a Lisboa, na altura não havia Ponte que unisse as margens, e o hospital de Almada era nas trazeiras da Câmara. Esta ida pueril mas inevitável a Lisboa foi um “acidente” no percurso de uma vida a-sul onde sempre aqui estive. E lamento o que diáriamente o homem destrói do que foi criado pela natureza há milhares de milhões de anos.
Sempre tive orgulho e reconhecimento por este fabuloso e único espaço geográfico e histórico com algumas das melhores praias do mundo, paisagens singulares e diversas, uma Serra em fundo e junto a um estuário único onde havia ostras e ainda resistem alguns flamingos.
Descobri porém, só hoje, algo desconcertante, mas como vem da boca da autarca de Almada, só pode ser verdade, descobri que há “um estigma da Margem-Sul”, um "estigma" por viver na Margem Sul, um "estigma" por ter nascido na Margem Sul...
Sim, senhores e senhoras, meninos e meninas , nós renegados da Margem-Sul, vivemos sob um “estigma” do qual não nos livraremos, a menos que sigamos as soluções milagrosas da líder, da senhora autarca. Exijamos um governo regional, claro que chefiado por tão lucidas e progressistas figuras , uma teia de autoestradas e muita construção de forma a confudir o Sul com o Norte, o Norte com o Sul numa amálgama única sob o tal poder único...só então, o progresso! E o exorcismo do "estigma!
Confesso que vivi todos estes anos na ignorância desse “estigma” , e fazendo uma auto-análise, não descobrindo em mim ou noutros que me rodeiam esse “estigma”, duvido, e ponho a hipótese de que a senhora autarca possa estar enganada ou ser vitima de um qualquer complexo vulgarmente conhecido por saloíce (sem ofensa para os habitantes da região saloia).
A verdade é que o que temos é autarcas que têm o “estigma” de ser autarcas da Margem Sul, e o nosso “estigma” será mais própriamente por acréscimo , não o do espaço geográfico, mas o de termos como detentores do poder gente que não está nem qualificada para o seu desempenho , nem de corpo e alma nestes referenciais geográficos tais quais são, únicos e irremediávelmente na Margem Sul do Tejo.
Alfredo Monteiro, um homem de Coruche, confirma este “estigma autárquico”, este frete partidário que é ser autarca da outra banda (transformando o Seixal no paraíso dos condominios fechados) , este autarca de origens distantes e rurais , quer ignorar a existência de duas margens como quem ignora o dia e a noite, o frio e o calor, o preto e o branco, Alfredo quer fundir tudo numa grande amálgama metropolitana num modelo certamente inspirado em quê setôr? S.Paulo ? Cidade do México? Bombaim?
A ideia também de uma grande metrópole, “regionalista” (com Lisboa na sua órbita? Com Muro de Berlim a envolver? ) é reforçada, como poderia deixar de o ser, por Maria Emilia (outra outsider) , que também curte assim, a “cidade das duas margens com o Tejo como centro” , a declaração mais risivel da noite, vinda destes estigmatizados autarcas, é dela também que vem, “ enquanto o centro do país estiver no Terreiro do Paço nós estamos cada vez mais longe” esquecendo que o Terreiro do Paço é ali, à nossa vista onde passamos todos os dias, caindo por terra uma ideia feita de um pensamento provinciano.
A Margem Sul é cada vez mais um espaço de felicidade inventada e condominio fechado ao ambiente e aos problemas sociais, numa redoma de demagogia e controle milimétrico dos cidadãos , controlando também a imprensa, influindo até , via partidária, nos meios nacionais de comunicação com o único fim de manter o Partido, a sua estrutura e a sua teia de influência. Tudo o resto é secundário num mar de problemas que se escamoteias e onde se cala quem ousa denunciar, mas os problemas estão aí, são reais e não vão podê-los esconder para todo o sempre :
- O corte indiscriminado de sobreiros, a poluição atmosférica, a poluição dos aquíferos, a destruição de habitats, os esgotos não tratados , a expansão urbana descontrolada, as alterações à la carte REN e RAN, os PDM's de "segunda geração" e máxima betonização , os meios de transporte não poluente e ciclovias, aproveitamento de energias alternativas, a erosão costeira , os danos no sapal de Corroios as florestas...
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O leitor "ambiente 25 " pede para denunciar e alertar as autoridades para as construções em zona protegida na Fonte da Telha, curiosamente existia naquele local um pequeno empreendimento turistico exemplar que foi ocupado e destruído no PREC , tal como outras estruturas hoteleiras , MUXITO por exemplo , acabando com quaisquer desejos de transformar a Margem Sul num destino turistico de qualidade:
10 comentários:
A "cedência" de determinadas zonas do país ao PCP serve para as "criancinhas" terem o seu "parque infantil" onde podem dar asas às suas manifestações criativas e a toda aquela "energia" que maça e não se consegue aguentar dentro de orgãos de poder mais "sérios" como são os ministérios, as comissões, as secretarias de estado ou as administrações das empresas públicas.
Ao "ceder-se" nessas zonas providencia-se um escape para a franja da população que participou "nas conquistas de Abril" e que ainda vai merecendo a reverência envergonhada dos existentes políticos-gestores sem ideais filosófico-políticos definidos, e ao mesmo tempo mantém grande parte da "criançada" entretida a brincar aos políticos autárquicos, não chateando assim os "adultos".
É por causa disso que a margem sul está como está: tem de facto sido sistematicamente abandonada pelas outras forças políticas, nunca tendo sido apresentados candidatos com carisma, qualificações e peso socio-político que pudessem estar em posição de contestar as presidências, em detrimento das câmaras com apelo mais "sexy" como Lisboa, Porto, Sintra, Cascais e outras que por um motivo ou outro merecem maior protagonismo e têm maior potencial de projectar o seu autarca-mor para outras lides. Outro factor que leva a este estado de coisas prende-se com o simples facto de se terem deixado esta colecção de "criancinhas" à solta, a brincar a seu bel prazer, construindo não castelos de areia mas florestas de betão, com o planeamento e coordenação de verdadeiras mentes infantis.
Vai dando é cada vez mais vontade de dizer para irem brincar com aquilo que a Natureza lhes deu, em vez de brincarem assim coma s nossas vidas.
As coisas estão realmente a passar dos limites.
Por muito que me esforce, não consigo descobrir o tal "paraíso", construido em trinta anos pelo "poder comunista".
Devo ter ficado mais exigente, com o tempo, mas sinto que os governantes de Almada, também estão ficaram surdos (ouvem só o que lhes interessa...) e ausentes (já só aparecem uns meses antes das eleições...) da cidade.
É uma pena...
Há uma tentativa de transformar a Margem Sul na Jangada de Pedra do camarada Saramago, mas querem levar Lisboa atrás.
A teoria do oásis por Paulo Silva:
"E o que se viu?! Uma reportagem jornalistica em que as pessoas inquiridas afirmavam que não trocavam viver no Seixal por nenhum outro sitio do mundo! Um trabalho jornalistico que demonstrou a realidade da margem sul, e a obra que tem sido efectuada e que não teve pejo em afirmar que a margem sul já rivaliza, mercê do bom trabalho autárquico, com a margem norte! Um debate com casa cheia, em que as pessoas demonstraram apreço pelo trabalho desenvolvido pelas autarquias, e em que os autarcas demonstraram o conhecimento da realidade e a capacidade para o exercicio do lugar para que foram eleitos pela maioria da população."
Câmara Municipal Seixal resultado das ultimas autárquicas. Total de habitantes 163 . 000
Lista Votos [%] Mandatos
B.E. 3 870 7,1 0
CDS-PP 968 1,8 0
PCP-PEV 24 293 44,7 6
PPD/PSD 8 944 16,5 2
PPM 157 0,3 0
PS 12 950 23,9 3
Votantes 54 301 46,6 -
Brancos 1 949 3,6 -
Nulos 1 170 2,2 -
O PCP é eleito no Seixal , 160000 habitantes , por , não chega a
25 000 votos!!!
Já 'tou cansadinho de dizer -- mesmo que me chamem sempre anti-democrata sou é anti-partidocrata -- que o objectivo destas políticas de suburbanidade sem desenvolvimento económico é mesmo esse.
O total desinteresse e desapego das populações residente-pendulares-dormitórios pelo que se vai passando, muitas das vezes vencidos pelo cansaço da vida diária.
Assim partidos conseguem ter "maiorias absolutas", feitas por menos de 15 porcento da população registada, e que lhes dão a "validação moral" para fazerem o que quiserem.
Enquanto as pessoas não acordarem nada mudará.
Opss....
não muda não...
ora vejamos:
1-até temos algumas coisas em comum...até somos cordatos ... e numa de convites mutuos e quanta cortesia!!!
2-Até já conhecemos a história.. e muito melhor o happy and!Começa por um contacto....lá descobrimos uns interesses pelo caminho....e acaba-se de rabo preso.
Conclusão:O conhecido partidarismo esquemático-oposição soburdinada de rabo-preso "Eu sei que V.Exa sabe que eu sei".
Tá, já sei, já todos sabemos!!!!!!! ....aliás parece ser o único coelho que o outro tem na cartola...é mentira ...é mentira...é mentira...é mentira...é mentira...é mentira ...é mentira...é mentira...é mentira...é mentira...é mentira
A demissão colectiva de responsabilidades leva à manutenção do status quo. O Seixal é a nível nacional um campeão de abstencionismo a nível nacional (em algumas freguesias a abstenção ronda os 60%).
Pergunta-se, porquê?
A receita parece-me simples: cidadãos que não encontram razões para se integrarem no concelho – cidades tendencialmente dormitórios onde não há oferta cultural variada e permanente, não há centralidades, e onde não há nada que distinga pela positiva -; gestão criteriosa da informação para criar um concelho virtual atrás do qual se esconde o concelho real; e, (last but not least) investimento na imagem dos autarcas de forma a criar a ilusão que depois deles “o dilúvio”.
Enquanto não surgir uma cultura de exigência e, enquanto a opinião púbica “a sul” do Tejo se mantiver anestesiada pelo “ópio” que lhe é servido regularmente pelos “boletins informativos municipais” e por uma imprensa regional/nacional (dependente ideológica ou financeiramente) será difícil levar os eleitores a ter um papel mais activo e a dar à democracia a oportunidade de funcionar em alternância nestes concelhos.
Enfim, "não há mal que sempre dure, nem bem que nunca acabe"...
Como é que alguém pode participar democráticamente nos destinos dasta banda, alguém que por exemplo vindo do Alentejo profundo com o objectivo Lisboa, se fique pela Margem Sul por não conseguir comprar ou alugar casa na capital, mas é lá que arranjou trabalho, sinta alguma coisa por uma margem de desenraizados onde passa a noite e se fecha em casa porque tudo em volta é inóspito?
E o que faz a imprensa sobre tudo isto?
Ver http://alhosvedrosaopoder.blogspot.com/2007/01/post-7000-ou-dizem-que-uma-espcie-de.html
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