sábado, junho 30, 2007

CONTRADIÇÕES


Notas Soltas de um fim-de-semana de Verão.

Da leitura da imprensa dos ultimos dias aos comentários aqui deixados deparo com um universo de contradições envolvendo a força politica que domina há trinta anos em maioria na Margem Sul (portanto perfeitamente identificáveis as orientações, as opções e os resultados) , o mundo autárquico em si e também aqueles que de forma avulsa ou engagée por aqui trazem a perspectiva da defesa das tais orientações, opções e resultados.

1)

Começando pelo universo autárquico, foi esta semana apresentado um relatório sobre a situação econónica das autarquias, de onde se concluíu que 74 não conseguem cumprir atempadamente os seus compromissos, nesse universo encontram-se duas autarquias CDU da Península de Setubal, Seixal e Setúbal.

Olhando para o mapa acima vê-se que à excepção da Covilhã , todas as autarquias nesta situação se encontram na faixa litoral, paradoxalmente, a mais rica, onde mais se construíu e para onde mais pessoas foram atraídas...mas parece que esse modelo não resulta!!!

2)

A disparidade entre o programa da CDU para Lisboa e o que vem sendo aplicado na Margem Sul pela mesma CDU há trinta anos... (relembro, formada pelo PCP e Verdes) vejamos as seguintes orientações para a Capital :

-
Promover a revisão efectiva do PDM, com o maior respeito pelas componentes ambientais e urbanas consideradas no Plano ainda em vigor, garantindo a consolidação e ampliação da estrutura verde da Cidade (...)

-(...) Os loteamentos ilegais proliferam pela Cidade
. Os grandes interesses imobiliários ligados ao capital financeiro tomaram conta de Lisboa. A CDU garante que vai fazer reverter a situação (...)

-(...) Urbanismo e organização do espaço público;Trânsito, estacionamento e transportes;Habitação e reabilitação urbana;Políticas sociais activas;Ambiente;Solução para a grave situação financeira da CML, criada pela direita.(...)

- (...)Uma cidade para todos, com regras claras no planeamento, ambi
entalmente equilibrada e com base económica própria (...)

- (...)Desenvolver uma política de susten
tabilidade, reduzir a poluição e concretizar medidas de criação de novos espaços verdes e beneficiação dos existentes, garantindo o seu usufruto pela população e o embelezamento da Cidade(...)

- (...)Retomar a construção
dos “corredores verdes”.Adequar e desenvolver o Plano de Ordenamento e Revitalização de Monsanto.Instalar nos contínuos verdes percursos pedonais e vias cicláveis.Reabilitar os jardins e espaços verdes abandonados.Criar novas áreas verdes e plantar dezenas de milhares de árvores, nomeadamente nas artérias da cidade.Adoptar e cumprir os instrumentos internacionais de sustentabilidade urbana, designadamente as Recomendações das Nações Unidas, as Cartas do Rio e de Alborg e o Protocolo de Quioto e envolver a população, de modo participativo (...)

- (...)
Construir novos espaços verdes, proceder a uma efectiva manutenção de outros parques e jardins, renovar os viveiros municipais e abri-los às escolas e aos munícipes (...)

-(...)O cidadão é o primeiro destinatário das preocupações e da acção dos eleitos da CDU.As várias situações e
estádios de vida, dificuldades e agressões de que o cidadão é alvo constituem matéria de reflexão, projectos e propostas da CDU.

Ou seja, tudo bem diferente do que é por cá aplicado e também na Câmara do Seixal que tem igualmente uma "grave situação financeira"...criada não pela direita, mas pela CDU...ela mesma, quanto às opções ambientais, de cidadania e de qualidade de vida, dá para ver o quanto o Tejo nos separa! Ou o quanto é diferente a teoria e a prática.

3)

A verdadeira contradição que é a leitura da nossa caixa de comentários, em que temos que os elementos defensores das autarquias da margem sul e da sua força politica de apoio, renegam não só as promessas da CDU para Lisboa, como criticam os que na margem sul defendem aquele tipo de opções, a contenção do betão e das áreas construídas, a reabilitação em vez de nova construção, a conservação dos espaços verdes e sua ampliação (não destruição ! ) , o primado ao cidadão em vez do primado às forças, lobies e grupos económicos que têm como objectivo a remuneração dos seus accionistas e a maximização dos seus lucros.

Um partido, dois sistemas?

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E depois de tudo isto será que alguém ousa contestar os resultados da ultima pesquisa da DECO sobre Qualidade de Vida nas nossas cidades?

sexta-feira, junho 29, 2007

MAIS UM CAPÍTULO DA DESTRUIÇÃO DA FLOR DA MATA

Nas imagens a Carta do PDM do Seixal para a zona desmatada, visível a referência a Mata e Maciço Arbóreo e imagem de satélite da mesma zona, à esquerda a A2.













Fez ontem uma semana que se iniciaram acções de desmatação na Floresta protegida no Plano Director Municipal do Seixal na Flor da Mata - Pinhal dos Frades no Seixal. Demos o alerta numa primeira hora com o seguinte teor:

"
O alerta vem de Pinhal dos Frades dirigido a quem de direito.
A zona assinalada na imagem, de pinhal e sobreiros , considerada com Mata e Maciço Arbóreo no Plano Direct
or Municipal está a ser ilegalmente arrazada desde ontem quarta feira, o que aparentava aos moradores ser um corte legal revela-se hoje estar a ser um arrazar total do pinhal, daí este alerta depois de terem já sido apresentadas queixas junto da linha do ambiente da GNR. informados que fomos por residentes que além de nos terem avisado contactaram a linha ambiente da GNR." Tivemos oportunidade também de enviar mails para a Câmara do Seixal avisando em tempo útil o sucedido.


No entanto, uma semana volvida, continuam máquinas no local e continua o corte de àrvores, apesar de hoje como mostram as imagens, ter sido referenciada uma viatura da GNR no local.

Da abordagem de populares aos "lenhadores", estes informaram que tinham autorização para o corte, autorização essa emanada da Dire
cção Geral dos Recorsos Florestais. Ora, com que legitimidade emite a DGRF uma autorização de corte a um povoamento misto de sobreiros e pinheiros, maioritáriamente pinheiros , quando:

- Trata-se de uma área definida no PDM do Seixal de Mata e Maciço Arbóreo?

- Trata-se de uma área que a lei (através da DGRF ?) obriga a reflorestar em caso de incêndio?

- Trata-se de uma zona definida no PDM do Seixal como zona "onde se mantém o revestimento vegetal existente, integrando a estrutura verde municipal e contribuindo para o equilibrio ecológico" ?

- Trata-se de uma floresta onde desde 1993 é "interdita a construção de quaisquer edificações" ?

- Trata-se de uma zona monitorizada pela DGF no controlo do nemátodo,. controlo sanitário onde são dispendidos milhões de euros na conservação da floresta? ...


E agora, com as premissas anteriores, como é que aparece um proprietário que nunca procedeu à manutenção daquele espaço vir arrazá-lo por completo alegando ir ali
"construír um hipermercado" e que se a população se opuzer "então vai ali construír prédios"... (?)











Mas que bem colocado está este personagem... que consegue (com que alegações ? ) uma autorização de corte da DGF e hipotética garantia de construção por parte da Câmara (então nem há Plano de Pormenor?)...ou está já alinhavado na revisão do PDM que aquela zona vai perder a protecção ambiental de que dispõe eliminando estes contratempos?

De qualquer forma, mas que proprietário bem colocado junto dos poderes...e que bom relacionamento com as autoridades...

Hoje curiosamente é feriado no Seixal, mas a pressa é tal em acabar com a floresta que continua frenéticamente o corte das árvores esses "impecilhos ao desenvolvimento" !!!
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Agradecemos ao Tal&Qual o destaque dado ao A-Sul e a este tema em particular na edição desta semana do semanário. Numa banca perto de si!

quinta-feira, junho 28, 2007

A SIDERURGIA DO BETÃO



Na imagem , o então Presidente da República condecora António Champallimaud pela construção da Siderurgia Nacional no Seixal no dia da sua inauguração em Paio Pires.

É curioso vermos Champalliaud e o Fascismo a negociar o mesmo saque ( legitimado por expropriação) em data anterior a Champallimaud, constituído por propriedades agricolas de familias do Seixal e agora disputado por Comunistas e Democratas (legitimado por "consulta publica" mas agora , não para a produção, mas para a construção...).


Sobre o Plano de Pormenor da Siderurgia há que não esquecer o que foi publicado no semanário Sol na passada sexta feira :

-
PJ investiga antiga Siderugia Nacional, diz Sol A Polícia Judiciária (PJ) está a investigar uma denúncia de «desvio de dinheiros públicos» na Urbindústria, empresa nascida da antiga Siderugia Nacional, noticia este sábado o semanário Sol.

A denúncia partiu de um antigo verador do PS da Câmara do Seixal e foi feita há cerca de três anos. Em causa estava um cheque de 1,1 milhões de euros pago pela Urbindústria à autarquia por um alvará que, um ano após o pagamento ainda não tinha sido emitido.

Entretanto, acrescenta o jornal, um grupo de militantes do PS local solicitou a intervenção do Tribunal de Contas para que investigue a gestão da empresa, nomeadamente a aquisição de diversas empresas que apresentam sucessivos resultados negativos.

A Urbindústria integra a holding estatal Parpública e tem como principal missão a gestão dos terrenos da antiga Siderugia Nacional. Nos terrenos em causa, existe actualmente um parque industrial, mas a Urbindústria tem um projecto de construção de habitação para o local. Nesse sentido, o Plano Director Municipal (PDM) do Seixal está a ser revisto.

Por sua vez vejamos o que resultou da Assembleia Municipal realizada em Dezembro de 2006 em que este plano foi abordado

"O Estudo de Ordenamento Urbano e Paisagístico para a zona da antiga Siderurgia Nacional de Paio Pires, Seixal, foi aprovado com 28 votos a favor (21 do PCP, 4 do PS e 3 do BE) na última assembleia municipal, dia 29. Votos contra foram nove (6 do PSD e 3 do PS) tendo ainda havido uma abstenção do PS. Sobre a dispersão de votos do PS o vereador socialista José Assis referiu apenas que “cada um votou de acordo com a sua consciência".

Vítor Antunes (PS) foi um dos que votou contra por considerar que o estudo apresenta uma carga excessiva de fogos (1500) para um concelho com “mais de 2000 fogos devolutos por habitar e outros 17 000 à venda”, e que irão “limitar a expansão industrial”. Já para José Assis a habitação e a indústria “podem coexistir” e lembra que o estudo “está de acordo com o Plano Regional de Ordenamento do Território da Área Metropolitana de Lisboa e que o plano de pormenor é que determinará a carga habitacional”( ...)

Cerca de 1500 fogos de habitação, comércio, indústria ligeira e logística, indústria pesada, espaços verdes e acessibilidades poderão vir a conviver nos 500 hectares da antiga Siderurgia Nacional de Paio Pires, Seixal, pelo menos é o que prevê o Estudo de Ordenamento Urbano e Paisagístico mandado realizar pela autarquia. ... - in Setubal na Rede





quarta-feira, junho 27, 2007

O POLVO E AS "CONSULTAS POPULARES"


Ontem deixámos aqui claro que o actual sistema de "consulta publica" a determinados projectos, nomeadamente aqueles que têm como fim a alteração de uso do solo definida em PDM, e que beneficia cirurgicamente determinadas entidades ou individuos deixa muito a desejar quanto a transparência e resultados concretos dessa mesma participação.

"O sistema", ao pôr na mão dos directamente interessados - autarquias - a gestão dos processos e a condução das consultas, não é logo à partida, uma forma clara do exercicio da democracia e da vontade popular , a uma critica negativa, é fácil produzir meia duzia de apoios favoráveis e rasgados elogios, o sistema permite também retirar cirurgicamente dos processos documentos incómodos, acrescentar e modificar outros, isto em plena "Consulta Publica" a decorrer
.


Some-se a isto a descrença na lei e nos eleitos, a desinformação ou a ausência de informação e é fácil constactar que temos aqui um arremedo de legalidade o que leva a que esteja completamente de acordo com um comentário aqui deixado ontem pelo leitor Osvaldo Lucas a quem agradeço a participação, dizia assim este leitor:


"Em termos gerais, a participação pública é reduzida.
Seja para PPs, POAs, POOxxxx e outras siglas. A lei parece obrigar ao escrutínio público, mas com manobras mais ou menos encapotadas a pouca participação ficara ainda mais reduzida. Além de que não será fácil ver resultados práticos das sugestões e críticas apontadas.

Será talvez um ciclo vicioso, poucas participações, poucos resultados... poucos resultados... Infelizmente andamos (o país) muito entretidos a fazer horas extra para pagar a mensalidade da habitação.

Muitas vezes só opinamos, quando o fazemos, em casos muitos específicos. P.e. A SPEA dá uma opinião sobre os impactos de uma dada proposta (barragem,promoção imobiliária, etc) sobre as aves e não sai desse reduto.

O proprietário que vai ser expropriado de X m2 ou vai ter alterações na paisagem grita, mas o que está 100 m ao lado nem pestaneja. Afinal ele não está directamente envolvido.
E chegamos ao problema maior.

Se delegamos poderes nos órgãos autárquicos/de governo porque é que estes não conseguem, muitas vezes, tomar opções minimamente consensuais/inteligíveis para a população?

E porque é que não dão, sempre,todas as informações e mais algumas,bem como os critérios para as tomadas de decisão para que possamos julgar? Será que os elementos de uma vereação, sejam ou não da mesma "cor", estão demasiado ocupados para estudar os problemas/opções que lhes são colocados, já com propostas de "solução", e assinam de cruz? Não deveria ser esse o papel reservado aos eleitores? "

Gostaria de acrescentar que "o sistema" não é de facto neutro (veja-se a OTA, a localização do Hospital do Seixal, o traçado de muitas vias...) , nem claro, é mesmo parte interessada com muito em jogo, nomeadamente financiamentos partidários e de campanhas, preenchimento de egos e interesses pessoais, pelo que não se percebe que com a tecnologia que há hoje, não haja por exemplo o "site/ blogue oficial do PP da Siderurgia" ou da "Torre da Marinha", tutelado por uma entidade externa e idónea em que os cidadãos se poderiam inscrever e deixar a sua opinião...dificil ?

Não! Só que sistemas destes não interessam...pois é!!!

terça-feira, junho 26, 2007

DESONESTIDADE


Duas áreas de vital importância para o concelho do Seixal, quer em termos de localização, quer em termos de área ou caracteristicas, estão em consulta publica "de forma quase que clandestina" e aproveitando mais uma vez o período de férias...
- A verde - Siderurgia
- A amarelo - Torre da Marinha

No Seixal estão em simultâneo em consulta publica dois Planos de Pormenor.
Pergunte-se pelo Seixal e arredores quais são, que projectos há para aquelas áreas e qual a data limite de participação ... respostas : ZERO!

Veja por exemplo aqui, no site da autarquia (clique) ou aqui , no site do orgão de propaganda local do PCP pago pelo erário público (clique) se de forma mais ou menos imediata tem ao seu dispôr informação sobre esses dois projectos, aqui, o que têm é na prática "nada"!

O mesmo na versão papel do mesmo meio de propaganda, o último exemplar tem a data de 22 de Junho, a consulta publica sobre estes Planos de Pormenor (PP) saíu em Diário da Republica a 15 de Junho (por 30 dias uteis) , houve uma apresentação dia 20 na Torre da Marinha mas sobre aqueles PP, no Boletim com data de 22 não saíu NADA!!!

E os projectos em questão são de enorme vulto para o concelho, trata-se de cerca de Quinhentos hectares da Siderurgia Nacional e mais cinquenta hectares na Torre da Marinha. Ora isto será tudo, menos a apregoada democracia participada, o que é aqui revelado, de certeza, é a desonestidade moral e politica destes politicos:

- Num concelho que há pouco mais de um ano, a propósito de reivindicar o hospital (com localização imposta tipo OTArios numa zona verde Rede Natura 2000) se encheu literalmente de cartazes, outdoors, iniciativas para envolver a população!!!


- Num concelho que em vésperas de eleições , a cada passo existem cartazes informativos das obras em curso (sim, são aqueles que ainda estão nos respectivos locais (clique) , dois anos depois sem que nada tenha acontecido!)!!!

- Não é estranho que pelo menos nos locais envolvidos nas consultas publicas , não haja placards informativos com imagens dos projectos e restante informação? (Junto ao terreno da Torre da Marinha no Fogueteiro (EN 10) há três outdoors nenhum dá informação sobre estes projectos).

Depois outra questão, a desonestidade de todas as consultas publicas ao recaírem em termos de calendário, sempre, sobre os meses de Verão... curioso , não é?


Isto para a participação cívica efectiva, não há melhor , se isto não é pretender sistemáticamente aprovar nas costas do povo e com o minimo de informação possivel disponivel os tais projectos... isto quando não viciam mesmo as consultas publicas em curso, introduzindo, retirando e falsificando documentos como aconteceu no Verão passado (outra vez no Verão) com a
consulta publica ao Plano de Pormenor da Flor da Mata!!!

Isto não será assim como que "uma espécie de DITADURA" ? A Ditadura dos interesses instalados e da manipulação da informação e dos cidadãos?

segunda-feira, junho 25, 2007

SEIXAL- E A VIOLAÇÃO DO PDM


A zona Florestal na imagem é considerada no Plano Director Municipal do Seixal como Mata e Maciço Arbóreo, uma caracteristica de elevado padrão de protecção ambiental que os autarcas são os primeiros a tentar contornar.

O Candidato da CDU à Câmara de Lisboa, disse ontem, acompanhado do Secretário Geral do PCP que "um Plano Director Municipal estava para uma Câmara, como a Constituição estava para o País", isto defendendo o respeito pela letra do Plano Director Municipal.


Do outro lado do Rio, nesta banda(lheira) as autarquias de maioria CDU tudo fazem para alterar e rever os Planos Directores Municipais em vigor , no sentido de retirar protecção ambiental (o interesse de todos) para conceder mais àrea de construção (em favor de alguns).

Como espanta a dualidade de critérios entre um lado e o outro do rio, claro que de um lado se é uma força sem significado e do outro se está em maioria, claro que de um lado nada se ganha com a betonização e do outro o dinheiro da construção , o aumento da população e da área construída é vital para a autarquia ...e para o Partido.


Bom mas estamos a falar ao nivel do concelho, ao nivel do território vemos que não são novas as tentativas na margem sul de "violação da Constituição" quer atravez dos subterfúgios legais que são os "Planos de Pormenor" e as "Alterações de uso do solo" , mas também, no interesse das autarquias fazerem cumprir o que está na letra da lei.


Veja-se o caso aqui de novo na ordem do dia, da Flor da Mata / Pinhal dos Frades, uma zona protegida no PDM como "Mata e Maciço arbóreo" - "Espaço Agricola e Florestal" , o PDM manda conservar, não permite construír , obriga sim à protecção ambiental, obriga a reflorestar em caso de incêndio...e o que aconteceu desde que o PDM foi aprovado?

- Houve uma pressão brutal por interesses privados, assumidos também por elementos da vereação, para construír em massa onde só são permitidos equipamentos "ligados à sua preservação e manutenção".

- Por outro lado a LEI , a tal "Constituição" obriga a reflorestar em caso de incêndio, resumidamente vê-se na imagem que tal não aconteceu, huve sim , a par de incêndios criminosos, uma consequente e abusiva desmatação, aliás, basta ver o contraste para as quintas contiguas onde é feita por privados uma gestão do espaço verde e estas áreas destinadas a especulação imobiliária por incorporação de mais-valias gerida por meio do tradicional "tráfico de influência"...

- A não haver por parte da Câmara uma posição face a estas ilegalidades (inclusivamente corte de sobreiros) há uma conivência na ilegalidade.

E o que fazer então quando a "Constituição" é assim tão grosseiramente violada?

domingo, junho 24, 2007

SEIXAL - A DESTRUIÇÃO DA FLORESTA



A direcção actual das politicas de ambiente vai antes do mais, no sentido de reflorestar e de manter zonas florestais (clique) . Por várias razões, são imprescindiveis à qualidade de vida sobretudo nas ou junto das cidades. São Sumidouros de Carbono por excelência, logo imprescindiveis no já em funcionamento "mercado do carbono" e protocolo de Quioto, regulam a temperatura ambiente e o grau de humidade, produzem gratuitamente oxigénio!

As florestas são também imprescindiveis à vida, não só humana, mas pelos habitats que alojam. Um incêndio numa floresta é um prejuizo enorme ... mas a deflorestação abusiva e massiva também o é , sobretudo em zonas de conservação da natureza.

A zona compreendida entre Pinhal dos Frades, a Flor da Mata e a Estrada de Sesimbra, no outro lado da qual existem áreas de Resercva Agricola, ecológica e Rede Natura 2000, são a nascente desta via protegidas no Plano Director Municipal como Mata e Maciço Arbóreo.

No entanto isso não tem impedido a tentativa de betonização, a deflorestação (ilegal e selvagem) ou os recorrentes incêndios de origem comprovadamente criminosa.

Esta semana a população deparou com mais um destes crimes ecológicos documentado no video acima e que vem denunciando ao longo da semana.

Hoje domingo de manhã já passámos pelo local e as máquinas lá estão, a trabalhar frenéticamente:

Porquê tanta pressa (cortes em feriados, sábados e domingos...) ?

Porquê uma verdadeira politica de terra-queimada, até as raizes arrancam, quando num corte normal são deixadas no terreno?

Porquê tanta agressividade por parte dos trabalhadores no local para com os residentes que vão observar aquele crime ecológico?

Porquê tanta destruição?

Porque razão nunca foi accionada a lei que obriga a reflorestar em consequência de incêndio e porque razão o vereador do urbanismo da Câmara do Seixal insiste em considerar aquela zona (protegida pelo PDM) como ideal para construír, designando, parte dela como "uma zona agreste"?
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Aos habituais descrentes do aquecimento global, atente-se o ultimo relatório da NASA , acções locais como a do corte de florestas em Pinhal dos Frades só vai ajudar às consequências globais negativas do efeito de estufa.

sábado, junho 23, 2007

ALERTA URGENTE SEIXAL - ZONA VERDE A SER DESTRUÍDA EM PINHAL DOS FRADES



Mantém-se actual este post, pela movimentação dos populares em Pinhal dos Frades , pelos inumeros mails e fotografias recebidas e porque lá passámos também hoje de bicicleta e as máquinas se mantêm no local, fica de novo aqui o alerta para mais uma amputação de uma zona verde, protegida no Plano Director Municipal do Seixal.


Sobre essa àrea, diz a lei que se arder, deve ser reflorestada, nunca tal aconteceu, aliás alguém se lembra de uma zona reflorestada no Seixal nos ultimos trinta anos? E já não digo por iniciativa da autarquia que isso foi "zero hectares".

Inversamente ao que devia acontecer, essa zona não ardeu, mas foi arrazada !!! Estamos perante um povoamento misto de Pinheiros bravos de porte , sobreiros e outra vegetação mediterrânica, giestas, rosmaninho, alecrim, medronheiros e é habitat natural de inúmeras espécies que neste momento estão no seu periodo reprodutivo.

Trata-se de mais um crime ecológico grave e de mais uma inadmissivel pressão de interesses imobiliários de alguns contra o bem estar de todos. Foram apresentadas queixas particulares à brigada do ambiente da GNR.
Foram enviados por nós mails à Câmara Municipal (Presidência e pelouro do ambiente) a avisar do sucedido a resposta automática foi a seguinte para que conste :"Agradecemos desde já o vosso contacto. Informamos que o mesmo deu entrada com o número 751938 e foi reencaminhado para a Chefe de Gabinete do Senhor Presidente da Câmara."


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Na quinta-feira escrevíamos:
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O alerta vem de Pinhal dos Frades dirigido a quem de direito.
A zona assinalada na imagem, de pinhal e sobreiros entre a linha vermelha e a A2, considerada com Mata e Maciço Arbóreo no Plano Director Municipal está a ser ilegalmente arrazada desde ontem quarta feira, o que aparentava aos moradores ser um corte legal revela-se hoje estar a ser um arrazar total do pinhal, daí este alerta depois de terem já sido apresentadas queixas junto da linha do ambiente da GNR.

sexta-feira, junho 22, 2007

SEIXAL - A GRANDE MÁQUINA DO BETÃO





Deixo aqui um convite para um simples mas interessante exercicio que é, a partir deste caso da Torre da Marinha, mostrar o quanto distantes estão as intenções de um Plano Director Municipal no que toca à conservação da natureza e da paisagem (veja o que se passa neste momento em Pinhal dos Frades), das pressões e dos clientelismos exercidos pela pressão para betonizar.

É simples, compare-se o que de facto está em causa com este Plano de Pormenor (a primeira imagem mostra o mapa oficial do PDM do Seixal para aquela zona) :

- E o que esté em causa é urbanizar cinquenta preciosos hectares de zona verde considerada no PDM como Área Agricola (zonas C nas imagens) e Área de Protecção Paisagistica (zona B nas imagens)

- Da restante legenda temos a considerar zona A - Nucleos Urbanos antigos ; zona F - Zona de Equipamentos ; Zona D (Áreas de expansão urbana Unifamiliares).

Ou seja toda esta área ,era ( em 1993) considerada de paisagem a salvaguardar, incluindo zona de excelência agricola e de Reserva ecológica... onde o único tipo de construção previsto ( zona D) seria de baixa densidade (unifamiliar), vai ser, mais uma vez por subterfúgio legal urbanizado em massa e em grande densidade.

E o prometido corredor verde vai às ortigas, há uns anos a socióloga Luisa Shmidt em artigo publicado no Expresso em defesa da Flor da Mata (outro Plano de Pormenor em que se pretende trocar uma zona de Paisagem Protegida - Mata e Maciço arbóreo por...betão) que sobre este projecto então designado por "Lanifícios da Arrentela", que "não ía sobrar espaço nem para um mangerico" , na altura achei excessivo, mas vai-se tornar realidade agora pelo traço de um dos arquitectos da moda.

Estão a ver Frank Ghery construír no Central Park ? Siza Vieira construir no Parque Eduardo VII ? ou Pei a construír nas Tulherias ? ... lá fora na Europa civilizada os espaços verdes... que tal como a terra, "já não se fabrica mais" são mantidos religiodamente pela sua importância para a qualidade de vida das populações, aqui dá-se CINQUENTA HECTARES de mão beijada ( a qual/quais promotores/construtores ?) por uma torre do Arquitecto Manuel Salgado e promessas de um museu com o traço de Siza Vieira, claro que para "justificar" a destruição de mais um espaço verde e violação, não só do que estava previsto em sede de PDM, como da volumetria e cérceas permitidas para o local.

quinta-feira, junho 21, 2007

O GRANDE PLANO DA TORRE DA MARINHA

O press-released apresentado há exactamente um ano descrevia o seguinte em relação ao PP da Torre da Marinha - Seixal:

"
Um primeiro plano já tinha sido aprovado, mas a autarquia acabou por abandoná-lo a favor deste, por abranger uma área mais vasta.

A proposta de execução do plano de pormenor para as zonas da Torre da Marinha, Fogueteiro e Seixal, foi aprovado pela Câmara Municipal do Seixal.

Incidindo numa área de 50 hectares, que incluí as ruínas da antiga fábrica de lanifícios da Arrentela, a proposta prevê a construção de habitação e de um parque com hortas pedagógicas.

Segundo o documento da proposta, o futuro plano de pormenor (agora apresentado 20/6/07) , que deverá estar concluído até ao início do próximo ano (já vamos em Junho) , deverá apontar soluções para o melhoramento da circulação rodoviária, bem como delimitar uma área para o museu e oficina do escultor Manuel Cargaleiro, projectado por Siza Vieira e cuja construção se encontra adiada até à data."

E ainda:

O estudo urbanístico irá determinar ainda, para a zona habitacional, o número de fogos a construir, que poderão ultrapassar "pontualmente" a volumetria e os índices médios de construção estipulados no Plano Director Municipal.

O arquitecto Manuel Salgado, que projectou os espaços públicos da Expo 98, em Lisboa, esteve envolvido na elaboração de um estudo urbanístico para a frente ribeirinha do Seixal que previa a construção de espaços culturais, de recreio e lazer.

Contudo, a apresentação do documento tem sido sucessivamente protelada pela Câmara.

(Agência LUSA - Junho 2006)


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Ou seja, temos mais um exercício de propaganda onde estão prometidos, ( não garantidos) "espaços para..." (espaços !!!) a construção de equipamentos sociais e culturais (Museu Cargaleiro) , garantido sim está a construção de habitação em "volumetria e indíces superior aos índices médios de construção estipulados pelo PDM".

Outra manobra de pura propaganda é afirmar-se que "vão ser criadas hortas..." ora , essas hortas já existem e o que não deviam era ser destruídas as existentes, pela sua importância não só em termos ecológicos mas também sociais .

Depois , não nos esqueçamos que a autarquia abandonou as instalações das oficinas , cuja área faz agora parte deste plano de pormenor para ocupar instalações criadas para o efeito mas que são propriedade do maior grupo de Construção de Região, o Grupo A.Silva & Silva, com interesses directos na zona ribeirinha do Seixal ...


Pergunta-se se face à posição de subalternidade da Câmara face a esse Grupo Económico (é o senhorio das oficinas e vai construir e alugar os novos Paços do Concelho) se são suficientemente transparentes as relações entre a autarquia e este grupo face aos projectos em curso e interesses, sabendo-se que um dos principais factores de descrédito na classe politica e nos autarcas são precisamente as relações entre autarcas e promotores?

Pergunta-se também, qual o interesse para o Seixal e dos Seixalenses e Torreenses em acabar com mais uma zona verde, ainda para mais com caracteristicas húmidas (atravessada pelo Rio Judeu) e é leito de cheia!!! e anteriormente prometida como "corredor verde" que ligaria o Tejo ao Mar (através desta zona, dos pinhais de Frades e das Freiras (Rede Natura) à Apostiça/ Lagoa de Albufeira para entregar mais 50 hectare à especulação imobiliária , no concelho que é de toda a Península de Setubal, o que mais fogos tem em comercialização?

Pergunta-se também, uma vez que não foi salvaguardado nem na urbanização da Quinta da Trindade (ex Euroárea Vale e Azevedo e agora NOZAR) , nem na Quinta do Outeiro (A.Silva & Silva) qualquer fogo com fins sociais, quantos fogos vão agora ter essa finalidade nestes 50 hectares da Torre da Marinha?

O porquê de tantas perguntas, bom relembre-se um excerto do texto publicado no orgão oficial do PCP :

"Atira-se para o abandono mais de um terço do espaço agro-florestal, continua-se a autorizar o aumento do terreno urbanizável, empreendimentos turísticos em zonas protegidas, etc.

É a especulação desenfreada do território, um bem limitado e frágil, com cobertura legal o que não deixa de ser imoral e, em muitos casos, ter um fortíssimo travo de corrupção,
de favorecimento ilegítimo quando, por alteração de valor de uso ou de índices de ocupação o mesmo terreno passa, do dia para a noite, a valer 5 000, 10 000, 20 000 vezes mais. Negócios da china? Não, negócios da nossa terra."


quarta-feira, junho 20, 2007

O OUTRO E O MESMO ... DESERTO



















Do "deserto" ... que não justifica um aeroporto, para a desertificação populacional das cidades e vilas do "interior", passando pela desertificação humana dos campos e terminando na desertificação real do planeta que no futuro trará em diversas latitudes uma nova figura de refugiado, o refugiado ambiental. A nível local, de um modo concreto , trará problemas de abastecimento de àgua às populações... são tudo questões da desertificação!!!

Mas de tod
os, o pior dos desertos é aquele que ainda aqui não falei... E qual é esse deserto ?

- É o deserto das ideias... as "dunas" e "dunas" que separam o mundo das decisões correctas e sustentáveis, para o (terceiro) mundo do qual a margem sul teima mais não saír, um deserto fabricado, que só é util para os politicos instalados no poder, continuarem a atirar areia para os olhos dos eleitores (tomados como camelos ou asnos) e para essa areia continuar a alimentar o seu milagre de transformar campos agricolas, corredo
res verdes, àreas rurais em betão e mais betão com as brutais mais valias tão em voga...

Aguarda-se hoje no Seixal a apresentação de mais uma super-produção operática de uma Aída (Aída - opera de Verdi que se desenrola num cenário de pirâmides e esfinge) , o libreto dessa ópera será :

Aviso n.º 10873-AC/2007, D.R. n.º 114, Série II, Suplemento de 2007-06-15 Câmara Municipal do Seixal Nos termos do Decreto-Lei n.º 380/99, de 22 de Setembro, com a redacção conferida pelo Decreto-Lei n.º 310/2003, de 10 de Dezembro, e restante legislação aplicável, a Câmara Municipal do Seixal deliberou, em 20 de Junho de 2006, mandar elaborar um Plano de Pormenor da Torre da Marinha/Fogueteiro, freguesia de Arrentela, que irá alterar o Plano Director Municipal.

Ou seja, estamos perante (MAIS) uma "alteração ao PDM", mas sendo uma autarquia Comunista parece que podemos estar descansados, a CDU promete por aí onde está em minoria..."Conter o Betão em Lisboa", dar "Qualidade de vida aos cidadãos" apresentar "Trabalho, Honestidade e Competência", e também "Transparência" não nos esqueçamos que este é o "Partido com paredes de vidro" ... portanto, do ponto de vista arquitéctónico não haverá o perigo de nos virmos a deparar em breve, com uma muralha de betão à entrada do Fogueteiro ou com torres megalómanas compensando a impotência real com a falocracia do "Pato-Bravo".

Mas claro que o PCP como partido honesto que é , não irá entrar por aqui, ainda por mais devidamente vistoriados pelos "Verdes" que não vão certamente permitir o aumento de cérceas ou volumetria de construção para elém do que o PDM permite, mesmo sendo uma alteração ao PDM (por PP - Plano de Pormenor), os Comunistas como muito bem referem no Avante em artigo do camarada Manuel Augusto Araujo (clique) estão alertados para o que se passa no mundo "dos corruptos" , fora do seu controle e não vão permitir que onde estão em maioria, como no Seixal, se dê, também aí ...:

”... o acréscimo dos espaços urbanos inscritos na generalidade dos PDM (que) é feito na base de previsões totalmente irrealistas de crescimento população residente. Somem-se essas previsões. Em dez anos, o prazo de vigência do PDM, a população de Portugal triplicava.

Os valores que se encontram nas estatísticas são estarrecedores. Dos mais irrealistas, um concelho que teve uma quebra populacional de 4,5% prevê um aumento de áreas urbanísticas de 285% aos mais voluntaristas, um concelho que teve um crescimento populacional de 11,15% prevê um acréscimo de áreas urbanas da ordem dos 115%. Numa década o terreno urbanizável cresceu quase 45%. Isto só é explicável pelo grande negócio que é a transformação de solo agrícola ou outro em solo urbanizável.”

E não vão permitir no PCP, certamente que:

... Se faça... dinheiro, muito dinheiro, com o caos urbanístico do país (...e no Seixal ?) . Loteiam-se e urbanizam-se terrenos a torto e a direito e estão devolutas centenas de milhares de habitações. Atira-se para o abandono mais de um terço do espaço agro-florestal, continua-se a autorizar o aumento do terreno urbanizável, empreendimentos turísticos em zonas protegidas, etc.

É a especulação desenfreada do território, um bem limitado e frágil, com cobertura legal o que não deixa de ser imoral e, em muitos casos, ter um fortíssimo travo de corrupção,
de favorecimento ilegítimo quando, por alteração de valor de uso ou de índices de ocupação o mesmo terreno passa, do dia para a noite, a valer 5 000, 10 000, 20 000 vezes mais. Negócios da china? Não, negócios da nossa terra."

É óbvio que vindo de um partido, que creio , "impoluto" como o PCP, não estou a ver a Câmara do Seixal assumir a figura de promotor imobiliário, é que ali, envolvendo aquele PP, há terreno da autarquia (oficinas da Câmara) , e não vi ainda o Senhor "Dr." Alfredo Monteiro referendar os municipes no sentido de alienar território da autarquia, que faz parte de um defendido corredor verde... para betonizar, mas se assim fôr , e vá ali nascer mais betão, até mais do que o PDM permite, sou obrigado, interpertando o artigo do Avante, a considerar este um dos...:

"... inúmeros os casos, de valor e tipo muito desigual, em que o véu de dúvidas paira sobre decisões do poder autárquico, do poder central viabilizando a torto e a direito urbanizações, caucionando regimes de excepção. É um elementar exercício de bom senso e de transparência democrática não deixar que essas suspeições permaneçam sem serem escrutinadas.

Deveria o estado dispor dos instrumentos necessários para averiguar rapidamente os casos de enriquecimento, dos pequenos aos grandes enriquecimentos, a dimensão não é o factor determinante na corrupção. Estar atento e mostrar firmeza na averiguação do que pode descredibilizar os políticos e a política. A política não é a mesma m…, os políticos não são todos iguais."

... e a inferir que (pelos parâmetros do PCP) afinal é legitimo pôr um véu de corrupção sobre a CDU no Seixal ?

Aguardo a apresentação hoje do plano para na minha consciência arrumar ideias (?) ! - e concluir por mim se afinal "afinal também os politicos da CDU não são diferentes..."



terça-feira, junho 19, 2007

DESERTIFICAÇÕES













Foi este fim-de-semana assinalado o dia mundial da desertificação. Na Europa , Portugal é o terceiro caso mais preocupante em termos deste cenário, e dentro de Portugal, o que está a Sul do Tejo é motivo de preocupação maior.


Se dúvidas houver, pegue-se e olhe-se para qualquer imagem de satélite e ela dirá por análise directa isso mesmo. Pode-se dizer, que lá no fundo, o mi
nistro até tinha razão, há realmente um deserto que começa a despontar na margem sul.














Outro tipo de desertificação, a humana, ocorre fora do litoral e dos grandes centros urbanos, tal se deve às politicas (ou ausência delas) de planeamento, de urbanismo, de oferta de imobiliário, de especulação imobiliária, de emprego..
.

Um terceiro tipo de desertificação acontece no centro da capital. Lisboa despovoou-se, envelheceu (muito) degradou-se e fugiu para a periferia norte e margem sul , depois das sete da noite, a baixa de Lisboa, contrariando outras capitais europeias é uma cidade deserta de gentes e de oferta cultural (veja-se os cinemas que têm fechado).

Onde estão as pessoas afinal? Bom elas têm que estar nalgum lado... e muitas têm vindo para a Margem Sul, o que não tem melhorado as coisas... saem de Lisboa e de casas velhas, caras e degradadas (porque não se investe na reabilitação urbana ao contrário da Europa) para mais assoalhadas, mais baratas por exemplo por esta banda, para as Quintas da Prata, para a Sobreda, para Santa Marta do Pinhal... e depois engrossa-se as filas matinais para... ir trabalhar para Lisboa...e ao mesmo tempo, desertifica-se esta banda ao destru
ir coberto vegetal e floresta para plantar betão.











Lisboa fica deserta de gente, a Margem Sul e periferia norte deserta de vegetação (com impactos na água, na qualidade do ar , no espaço e na paisagem) e sem gente fica também o interior que se desertifica de gentes, que deixam de tratar do campo, que fica á mercê dos fogos, que desertificam ainda mais a paisagem...


Este é um ciclo que urge interromper! É necessário que se invista não em construção nova em zonas virgens, mas que se entre em programas de requalificação urbana das zonas mais antigas, não só de Lisboa, mas de Almada, do Seixal, do Barreiro, da Moita, de Alcochete, do Montijo!!! Isso só será viável quando deixar de haver nas autarquias gente mais interessada nas mais valias geradas pelas novas urbanizações com alteração de uso do solo que no interesse nacional e bem comum.

E é óbvio, têm que ser criadas nas cidades do interior, condições de atractividade que não têm a ver com o fecho de industrias ou de escolas...

Mas é urgente que se actue, que se pare esta "evolução" em mancha de óleo pelo que ainda resta de verde (sobretudo a sul) contra os grandes interesses instalados e sobretudo que os autarcas da margem sul, que supostamente teriam as suas politicas (comunistas, ou melhor "comunistas") assentes noutros pressupostos... deixem de estar manietados e manipulados por aquilo que dizem combater, o "poder e o lucro dos Bancos e dos interesses capitalistas do imobiliário" , hoje em dia são meros porta voz servis destes interesses e traidores do interesse nacional , do desenvolvimento do país e do futuro que está reservado às próximas gerações.

segunda-feira, junho 18, 2007

FONTE DA PRATA - FONTE DE QUÊ?







































O caso aqui trazido ontem ilustra a forma como é mal gerido o território. trata-se de um terreno plano, arenoso, que tudo permitiria fazer !

Optou-se por fazer aquilo!

Mais grave, repetiu-se a fórmula, modelo "novo rico" ... uns blocos de cimento no meio do deserto... literalmente, as imagems tentam ser esclarecedoras... não há uma autonomia em termos de abastecimento doméstico, não há espaços desportivos , jardins, espaços que convidem a uma vida normal para além do interior dos apartamentos.

Situações similares podem levantar também outra questão, de como a "habitação social" (incontestada) pode ser manipulada (e é!) para permitir a massificação urbana em locais onde de outra forma nada seria permitido construir.

Se não há por parte dos promotores, urbanizadores, urbanistas, técnicos... ou como disse o Prf. Paulo Morais este fim-de-semana , se (...) "
Um pelouro do urbanismo deveria fazer o seguinte: planear o território em função do interesse colectivo, licenciar em função desse planeamento e fiscalizar em função do planeamento e do licenciamento " se o não faz, quais são os interesses e as clientelas que são servidas e que justificam tão mau espaço construído, tão desumanas e estalinistas urbanizações?

Atente-se estas declarações do Professor Paulo Morais este fim de semana no JN e talvez se compreenda um pouco mais desta questão.

«O planeamento e a gestão urbanísticos constituem, hoje, um dos maiores problemas nacionais e um dos maiores cancros da democracia, senão mesmo o maior. É através do urbanismo que se valorizam, à custa de recursos públicos, bens privados de forma quase sempre ilícita. Mais de 90% dos problemas nas autarquias têm a ver com este sector as suspeitas de corrupção, o tráfico de influências e as pressões. (...)

(...) planeia-se num esquema de bolsa de terrenos que valem mais ou menos em função de quem é o seu proprietário. Depois, licencia-se em função de quem é o promotor envolvido. Por último, a fiscalização é uma fraude. Isto faz, por exemplo, com que, de Norte a Sul, as revisões dos planos directores municipais (PDM) não sejam mais do que a alteração da condição de utilização de solo de terreno agrícola para terreno urbanizável.

A Autarquia valoriza os terrenos em 40 ou 50 vezes, o que faz com este tipo de negócio só seja comparável, em termos de rentabilidade, ao tráfico de droga em Portugal.
E, no urbanismo, o negócio ainda é menos sério.»

domingo, junho 17, 2007

MARGEM SUL - VAZIO URBANO OU "A ESQUERDA ACTUAL DEIXOU DE SER ESQUERDA" - TORNOU-SE "ESTÚPIDA" (4)




Nas imagens é visivel a evolução das duas fases, da guetização ao novo riquismo, com a inevitável rotunda monumental, se fosse no Fascismo teriamos um arco do triunfo certamente. Atente-se a proximidade do rio e o que está "alinhavado para vir a ser o futuro daquele projecto, a previsibilidade é assustadora !!!

Continuando as nossas propostas "viagens pela nossa terra", de Almada até à Moita. De Palhais onde fizemos à ultima paragem à Moita, é um pulinho se formos a direito, ou seja, sem passar pelo Barreiro, Lavradio, Baixa da Banheira, Sarilhos, Alhos Vedros, por aí há quem as descreva bem melhor do que eu.


Pelo que optámos pelo percurso mais rural e interior, pelo Rego de Água .

Volta dada à Moita ... eis-nos de regresso, sobre a Moita o que dizer ? Podia ser a Arrentela, a Cruz de Pau ou outro suburbio qualquer , descaracterizado como só a ideologia reinante sabe fazer,
mas o que na Moita foi construído, já não digo com mau gosto, mas com uma profunda desumanidade e desinteresse pelo homem, pelo ambiente e pela paisagem, esse território construído chama-se Fonte da Prata.

Primeiro foi a filosofia do gueto para os mais desfavorecidos numa altura em que quer uma quer outra margem eram construídas de costas para o Rio, vindo o efeito EXPO, as vistas de Rio valorizaram (até porque muito terreno era REN e RAN ou Reserva Natural do Estuário do Tejo...) e então, vai de os especuladores imobiliários coadjuvados por autarcas disponiveis...avançar com projectos ao jeito do "Parque das Nações"
, assim nasceu a segunda fase da Fonte da Prata, ganhando a frente de Rio à Fonte da Prata dos Pobres e com esta contrastando arquitectónicamente...

Mas o que foi construído é igualmente mau, aliás nunca nada devia ali ter sido construído... o cenário vai além do bom gosto, entra no domínio do Surreal, mas um Surreal no qual os responsáveis parecem ainda não ter dado conta da barbaridade, pois que se antevê, pela infraestruturação já feita, uma segunda fase, que ganhará a frente de rio à primeira, logo, será para mais priveligiados que os da primeira fase e estará muito mais distante dos da tal Quinta da Fonte da Prata "original" ...

Só me ocorre a frase desta semana de José Saramago, do alto dos seus oitenta e tal anos:

"Antes gostávamos de dizer que a direita era estúpida, mas hoje em dia não conheço nada mais estúpido que a esquerda" .

sábado, junho 16, 2007

MARGEM SUL - VAZIO URBANO OU "A ESQUERDA ACTUAL DEIXOU DE SER ESQUERDA" - TORNOU-SE "ESTÚPIDA" (3)



O grande élan massificador da margem sul está hoje centrado no concelho do Seixal, um concelho a rebentar pelas costuras com as mesmas infraestruturas de quando tinha 30 000 habitantes, mas que hoje tem 160000 e a crescer exponencialmente , vejamos o ritmo alucinante em que a natureza é destruída para dar lugar a betão:

A - É o grande investimento imobiliário do PCP, o seu seguro de vida, a Atalaia pois então...
B - Cruz de Pau, Paivas, a grande Cidade de Amora cujo peso levou a que haja uma betonização acelerada mas do outro lado da baía.
C - A Frente da baía, o Território de uma nova linha de Betão.
D - A Torre da Marinha cresce também na chamada agora Quinta do Rio onde há um importante montado de sobro.
E - Quinta da Trindade Centro de Estágios...
F-Paio Pires , quem diria, depois do fabrico do aço, a produção agora é de prédios e mais prédios.
G- Casal do Marco, a primeira linha de floresta do concelho para quem vinha pela EN 10 está a desaparecer aceleradamente para dar lugas a urbanizações.
H- Com um Parque industrial Infraestruturado e Fábricas ao abandono, constróem-se mega naves industriais, ( para alugar) para quê?
H'-Siderurgia que vai ser reconvertida em...habitação!!!
I - Mata da Machada, finalmente um bom exemplo vindo da anterior vereação da CMB mas bermas não limpas trazem perigo para o Verão.
J- Palhais , Barreiro, Xavier de Lima renasce das cinzas e propõe mais torres de cimento (surreal) e na direcção do Barreiro mais urbanizações novinhas em folha com vista para o rio para onde correm os seus esgotos!!!

Para hoje sugiro no nosso périplo ribeirinho o percurso entre o Seixal e o Barreiro, Sobre o Seixal já aqui analisámos ontem a densificação urbana no Miratejo, a densificação que se está a apostar no Alto do Moinho, contrariando as caracteristicas unifamiliares e as cérceas, e também a aberração máxima que é Santa Marta do Pinhal .

Seguindo este rumo temos a Cruz de Pau, um suburbio feio em qualquer parte do (terceiro) mundo, depois vem a asneira mais uma vez repetida da densificação, desta vez alimentando (-se) da linha férrea com a construção junto da Estação dos Foros de Amora, o único sentido de vida para quem ali more é apanhar o comboio para Lisboa!!! (o que não é muito) , temos depois o Fogueteiro onde se alinha o que se vai fazer das antigas oficinas da Câmara, as tais que saíram daquele local para um edificio do Grupo A.Silva & Silva... ou dos Lanificios da Arrentela ... logo depois para o lado do Seixal, enche-se a Baía de Construção, da Arrentela ao Seixal e depois até à Siderurgia.

Noutro eixo, o que nos conduz ao Barreiro, mais asneira, urbaniza-se também em massa ao Longo da EN 10 de um lado e do outro erguem-se gigantescas naves industriais (outro negócio local) vazias é claro, não há um fim par o qual foram construídas senão a especulação, ao lado antigas unidades Industriais abandonadas ou quase, Fábrica de Tintas, INDELMA... mas constrói-se mais sem saber para quê, vá-se lá saber é porquê ali (?) quando há um Parque Industrial a dois passos ???

Depois Coina está na mesma, mas sem as hortas...Mata da Machada (com as bermas cheias de vegetação) Vale de Zebro... e o Barreiro está a dois passos, em Palhais a construção assentou arraiais e densifica-se também tudo quanto é frente de rio, continua a haver esgotos a serem despejados directamente dessas urbanizações para o rio, vale tudo!

sexta-feira, junho 15, 2007

MARGEM SUL - VAZIO URBANO OU "A ESQUERDA ACTUAL DEIXOU DE SER ESQUERDA" - TORNOU-SE "ESTÚPIDA" (2)

Feijó/Laranjeiro, há 20 anos começava aqui um Pinhal e depois eucaliptal que ligava a Corroios, que depois ligava com o Pinhal do Muxito à Cruz de Pau, ía até à Costa , que ligava com os Pinhais das Freiras, de Frades...Marco do Grilo ...Sesimbra...Arrábida... hoje são urbanizações que cumprem esse papel de continuidade... não vêem o perigo que daí advém?




Nesta imagem de satélite é visivel o que se fala no artigo tudo zonas de expansão com menos de trinta anos:
- F zona é a referente à ilustrada na fotografia .
- A zona de expansão Almada Pragal- Ramalha, grande densidade
- B zona de expansão PIS (Pica Pau Amarelo)
- C zona de expansão Laranjeiro-Piedade

- D zona de expansão Vale Fetal primeiro baixa densidade, agora alta densidade.
- E Zona de expansão Feijó, alta densidade + zona industrial
- F zona de expansão Laranjeiro-Corroios (foto)
- G zona de expansão Miratejo , alta densidade
- H zona de expansão Sobreda...até à linha de Costa
- I zona de expansão Alto do Moinho, primeiro baixa densidade unifamiliar.
- J dentro da zona I, agora promove-se a alta densidade prurifamiliar
- K a aberração da região Sta. Marta , altíssi
ma densidade.
- L mais um pedaço da manta de retalhos que são as zonas industriais do Seixal


Quem ontem se indignou com a descrição que comecei a fazer do caos urbanistico e lixo arquitectónico e paisagistico que reina na Margem Sul, resultado de uma politica de "esquerda" de trinta anos de poder local, ou não conhecem a margem sul, ou só estão a defender o tacho , ou não têm a minima ideia do que é qualidade urbana .

Ou ainda estão é indignados sobre as afirmações de José Saramago sobre "a esquerda actual" , bom mas isso... o homem lá sabe, talvez o facto de viver no estrangeiro lhe tenha dado a perspectiva que os nossos criticos não têm...

Continuando o percurso proposto ontem vamos agora por Vale Fetal, Vale Flores, Laranjeiro, Feijó, Alto do Moinho , Corroios até Santa Marta do Pinhal.
Tudo isto, há trinta anos ou eram terrenos agricolas, ou floresta (montado e pinhal) , ou matos, ou ainda zonas habitacionais de pequena densidade, que se alojavam em espinha ao longo da EN10 (nomeadamente Corroios, Laranjeiro/Feijó) . Hoje é uma amálgama brutal de construção sem harmonia ou ideia de conjunto, o verdadeiro urbanismo de pato-bravo decalcado do que de pior se ia fazendo na margem-norte.

Um amontoado de prédios e de gente que se agravou nas ultimas duas décadas, necessário que era explorar o filão.


O fenómeno é grave e está a conduzir a um esgotar de àrea florestal, para cima da qual continua a avançar, o concelho de Almada alarga-se também em direcção á Costa, da mesma forma suburbana, impermiabilizando terrenos, arrazando com zonas naturais e habitats fundamentais para um equilibrio entre o homem e a natureza... não é de estranhar que os incêndios florestais tenham diminuído... a área florestal foi desaparecendo!!!


O resto é para esquecer, a harmonia humana das moradias modestas do Alto do Moinho e Vale Fetal tem dado lugar ao grande investidor que tem substituido moradias com quintal por prédios de grande densidade, encontramos o expoente máximo deste delirio na urbanização de Santa Marta do Pinhal... lembro que se mantêm praticamente inalteradas as vias existentes (tirando a nunca mais acabada alternativa á EN10 que está há dois anos parada em Corroios).


Esta "esquerda - estúpida " a que Saramago se refere (uma vez que sempre considerou o PS e PSD de direita) é certamente ... não pode ser outra...nesta margem sul, a esquerda da qual faz parte a CDU que por mais de uma vez apoiou ! Não posso estar mais de acordo!

Mas José Saramago assina ainda o que mais incomoda esta corja do seu partido que gere a margem Sul e é o seguinte:

"É altura de protestar" Para Saramago, "é altura de protestar, porque se nos deixamos levar pelos poderes que nos governam e não fazemos nada por contestá-los, pode dizer-se que merecemos o que temos".