Notas Soltas de um fim-de-semana de Verão.
Da leitura da imprensa dos ultimos dias aos comentários aqui deixados deparo com um universo de contradições envolvendo a força politica que domina há trinta anos em maioria na Margem Sul (portanto perfeitamente identificáveis as orientações, as opções e os resultados) , o mundo autárquico em si e também aqueles que de forma avulsa ou engagée por aqui trazem a perspectiva da defesa das tais orientações, opções e resultados.
1)
Começando pelo universo autárquico, foi esta semana apresentado um relatório sobre a situação econónica das autarquias, de onde se concluíu que 74 não conseguem cumprir atempadamente os seus compromissos, nesse universo encontram-se duas autarquias CDU da Península de Setubal, Seixal e Setúbal.
Olhando para o mapa acima vê-se que à excepção da Covilhã , todas as autarquias nesta situação se encontram na faixa litoral, paradoxalmente, a mais rica, onde mais se construíu e para onde mais pessoas foram atraídas...mas parece que esse modelo não resulta!!!
2)
A disparidade entre o programa da CDU para Lisboa e o que vem sendo aplicado na Margem Sul pela mesma CDU há trinta anos... (relembro, formada pelo PCP e Verdes) vejamos as seguintes orientações para a Capital :
-Promover a revisão efectiva do PDM, com o maior respeito pelas componentes ambientais e urbanas consideradas no Plano ainda em vigor, garantindo a consolidação e ampliação da estrutura verde da Cidade (...)
-(...) Os loteamentos ilegais proliferam pela Cidade. Os grandes interesses imobiliários ligados ao capital financeiro tomaram conta de Lisboa. A CDU garante que vai fazer reverter a situação (...)
-(...) Urbanismo e organização do espaço público;Trânsito, estacionamento e transportes;Habitação e reabilitação urbana;Políticas sociais activas;Ambiente;Solução para a grave situação financeira da CML, criada pela direita.(...)
- (...)Uma cidade para todos, com regras claras no planeamento, ambientalmente equilibrada e com base económica própria (...)
- (...)Desenvolver uma política de sustentabilidade, reduzir a poluição e concretizar medidas de criação de novos espaços verdes e beneficiação dos existentes, garantindo o seu usufruto pela população e o embelezamento da Cidade(...)
- (...)Retomar a construção dos “corredores verdes”.Adequar e desenvolver o Plano de Ordenamento e Revitalização de Monsanto.Instalar nos contínuos verdes percursos pedonais e vias cicláveis.Reabilitar os jardins e espaços verdes abandonados.Criar novas áreas verdes e plantar dezenas de milhares de árvores, nomeadamente nas artérias da cidade.Adoptar e cumprir os instrumentos internacionais de sustentabilidade urbana, designadamente as Recomendações das Nações Unidas, as Cartas do Rio e de Alborg e o Protocolo de Quioto e envolver a população, de modo participativo (...)
- (...) Construir novos espaços verdes, proceder a uma efectiva manutenção de outros parques e jardins, renovar os viveiros municipais e abri-los às escolas e aos munícipes (...)
-(...)O cidadão é o primeiro destinatário das preocupações e da acção dos eleitos da CDU.As várias situações e estádios de vida, dificuldades e agressões de que o cidadão é alvo constituem matéria de reflexão, projectos e propostas da CDU.
Ou seja, tudo bem diferente do que é por cá aplicado e também na Câmara do Seixal que tem igualmente uma "grave situação financeira"...criada não pela direita, mas pela CDU...ela mesma, quanto às opções ambientais, de cidadania e de qualidade de vida, dá para ver o quanto o Tejo nos separa! Ou o quanto é diferente a teoria e a prática.
3)
A verdadeira contradição que é a leitura da nossa caixa de comentários, em que temos que os elementos defensores das autarquias da margem sul e da sua força politica de apoio, renegam não só as promessas da CDU para Lisboa, como criticam os que na margem sul defendem aquele tipo de opções, a contenção do betão e das áreas construídas, a reabilitação em vez de nova construção, a conservação dos espaços verdes e sua ampliação (não destruição ! ) , o primado ao cidadão em vez do primado às forças, lobies e grupos económicos que têm como objectivo a remuneração dos seus accionistas e a maximização dos seus lucros.
Um partido, dois sistemas?__________________________________
E depois de tudo isto será que alguém ousa contestar os resultados da ultima pesquisa da DECO sobre Qualidade de Vida nas nossas cidades?