Na Europa Moderna, carregámos durante décadas, como povo , o estigma de um país atrazado, parado no tempo por uma ditadura fascista e obscurantista, com rasgos imperiais, tinhamos no entanto na Europa , um handicap que nos era vantajoso, apesar de sermos um país pequeno, com poucos recursos naturais, tinhamos uma arquitectura que nos distinguia dos demais povos , uma paisagem variada e , arrisco a dizê-lo, as melhores praias da Europa.
Caído o império, regressasdos a este quadrado agora de Liberdade, em vez de investirmos na sustentabilidade dessa vantagem competitiva, a ideia foi explorar até à exaustão esse filão, não conservando-o, mas delapidando-o rápida e esquizófrénicamente ao mesmo tempo que se exibem a correr os sinais exteriores de riqueza como em mais nenhum outro país da Europa. Eça de Queiróz hoje teria muito para se inspirar...
O Último desses projectos esquizófrénicos acaba de ser apresentado no Seixal (onde há muito todo e qualquer senso parece ter sido perdido) e sem mais demoras, com os agradecimentos a N.P. passo a citar a noticia publicada na imprensa regional e no DESTAK.
"Antiga Siderurgia no Seixal dá lugar a 1500 fogos
2006/10/20
A Câmara do Seixal aprovou o estudo que prevê a construção de 1.500 fogos de habitação, escritórios, comércio e equipamentos de lazer numa área industrial devoluta superior a 100 hectares da antiga siderurgia nacional de Paio Pires.
O Estudo de Ordenamento Urbano e Paisagístico foi aprovado quarta-feira com os votos favoráveis da maioria CDU e do PS e a abstenção do PSD, devendo ser apreciado em Novembro pela Assembleia Municipal.
Até ao fim do ano a autarquia compromete-se a aprovar o programa de encargos para a elaboração de um plano de pormenor, que irá "detalhar" o conjunto de intervenções previstas no estudo.
Depois de elaborado, o plano de pormenor terá de ser ainda aprovado pelo Governo, já que altera o uso de solo industrial definido no Plano Director Municipal, em revisão.
O estudo urbano e paisagístico da siderurgia, concluído um ano depois do prazo estimado, abrange numa área superior à prevista inicialmente, num total de 506 hectares.
Aos 372 hectares de terreno da antiga siderurgia nacional, propriedade do Estado, e do Parque Industrial do Seixal, gerido pela empresa pública Urbindústria, somam-se agora os recintos das duas empresas privadas siderúrgicas em actividade - a Lusosider e SN Seixal (Longos).
A globalidade dos investimentos públicos e privados apontados no documento, incluindo descontaminação de solos, ascende a 150 milhões de euros.
Numa faixa de 110 hectares fronteira ao rio Coina poderão vir a ser construídas 1.500 casas a custos controlados e a preços de mercado, em prédios de quatro a seis andares, zonas verdes, comércio, serviços e vários equipamentos de uso colectivo e de lazer, como centro náutico, recintos desportivos, escolas, centro de saúde e lar de idosos.
Fora do perímetro habitacional haverá uma vasta área reservada para indústria pesada e de ponta, logística, centro empresarial e de formação profissional.
O estudo propõe também a construção de novas acessibilidades rodoviárias e ferroviárias, incluindo uma ponte entre Seixal e Barreiro, a reactivação do porto fluvial de mercadorias de Paio Pires e a preservação do património histórico-natural, como o alto-forno da siderurgia, o moinho de maré e a casa antiga da Quinta da Palmeira e a lagoa com o mesmo nome. "