domingo, dezembro 28, 2008

2008 EM BALANÇO (3)


Por Mario Soares (DN 23-12-08) ,

2008 - O Ano em que tudo aconteceu


O ano de 2008
está a chegar ao fim e não deixa saudades. Foi o ano em que se desencadeou a grande crise global - melhor dito, as várias crises: financeira, económica, energética, ambiental, alimentar e, a pior de todas, político-moral ou crise de valores (...) O modelo económico-financeiro vai mudar - está mesmo no epicentro da mudança - após o descrédito total do neoliberalismo.

Como muitas outras coisas - como a teoria de menos Estado, da "teologização do mercado" e a teoria da supremacia do economicismo sobre a política (...)

A esse propósito, permito-me aconselhar os meus eventuais leitores a lerem a lúcida e muito informada entrevista que o governador do Banco de Espanha, Fernandez Ordonez, deu ao El País no domingo último (dia 21). Que diz ele?

A crise é gravíssima, pior do que a de 1929, e sem qualquer paralelo com qualquer das que se seguiram. Porquê?
Porque ninguém, escapa à paralisia. "Os consumidores não consomem, os empresários não contratam, os investidores não investem e os bancos não emprestam." E acrescenta: "A crise que estamos vivendo tem dimensões históricas e características globais. Tem uma dimensão enorme. A desconfiança é total. O mercado inter-bancário não funciona e gera circuitos viciosos. Os bancos não se fiam neles mesmos e, assim, a crise pode alargar-se para além de princípios de 2010." (...)


E Portugal?
Há que reconhecer que não está ainda na situação dificílima de Espanha. Mas vai lá chegar, infelizmente. Não tenhamos ilusões, porque isso é inevitável. Que devemos fazer então? Em primeiro lugar, assumir que o ataque à crise é uma prioridade absolutamente nacional, embora tenha vindo de fora.

Assim, todos os portugueses, e o Governo, em especial, devem assumir-se como tal, numa postura
nacional, mesmo num ano - 2009 - politicamente complexo, marcado por três eleições sucessivas: europeias, autárquicas e legislativas. Depois, que as respostas para a crise são, em primeiro lugar, sociais e, portanto, predominantemente de esquerda, isto é: socorrer prioritariamente os mais desfavorecidos, os desempregados, os imigrantes, as pequenas e médias empresas. Para tanto, é preciso dialogar com eles e, sobretudo, ouvi-los, com espírito de solidariedade. (...)

Para tanto o diálogo e a solidariedade institucional e interpartidária, com sindicatos, as diferentes associações de classe e com os cidadãos, em geral, devem constituir uma prioridade absoluta - e permanente - do Governo, ainda que precise de engolir alguns sapos, se quiser ser visto como verdadeiramente
nacional, como a crítica situação em que estamos parece exigir.

Aqui o artigo na íntegra (clique)

5 comentários:

Anónimo disse...

You can't resist

Anónimo disse...

Mario Soares pleno de forma e lucidez, brilhante análise do presente.

Anónimo disse...

Um canalha é sempre um canalha, não descansa enquanto não destruir o que nos resta da Pátria, ele e o partido dele entregaram Portugal aos burocratas europeus e agora vem chorar sobre o leite derramado.
Morte a esta canalha, que o seu sangue cubra o chão da nossa Pátria.
Que se acabem os partidos, o PS o PSD o PCP, o BE e o CDS.
Ditadura e repressão e morte aos traidores da Pátria.
Guerra Civil sem tréguas até Portugal ser dos Portugueses de novo !

Daniel Geraldes disse...

Acho que esta crise vai resultar naquilo que vai ser o Século da Asia. Assista-se a desvalorização do dollar e veja-se a valorização do YEN (moeda japonesa) e a moeda chinesa.

O melhor conselho que eu tenho para o futuro, é aprendam chinês.

AAG News disse...
Este comentário foi removido pelo autor.