terça-feira, dezembro 23, 2008

É NATAL...NO CENTRO COMERCIAL !!!


Um artigo do Professor Paulo Morais , publicado há dias no Jornal de Notícias , e extremamente oportuno nestes tempos que atravessamos, cito :

Alvo errado

2008-12-10

Natal à porta. A maioria das famílias portuguesas refugia-se nos centros comerciais e grandes superfícies. E não nos iludamos: este já não é um efeito sazonal, mas sim um sintoma mais profundo da falta de gestão do espaço público.

Não foi só o comércio, mas sim a vida das cidades que parece ter-se deslocado definitivamente das ruas para o interior dos centros comerciais. Afinal, estes propiciam-nos a qualidade de vivência que em tempos caracterizava os núcleos urbanos. O verdadeiro centro cívico e cultural das cidades transferiu-se para os shoppings.

Nos centros comerciais, o acesso é normalmente fácil e o estacionamento quase sempre gratuito. No seu interior, a limpeza é regra. Ao abrigo de qualquer intempérie meteorológica, circula-se confortavelmente e em segurança. Há acessos para pessoas com mobilidade reduzida e carrinhos de bebé. Os pequenos problemas que as famílias enfrentam, como a necessidade dum espaço para mudar fraldas ou levar miúdos à casa de banho, estão perfeitamente acautelados. Juntemos a isto a possibilidade de almoçar e jantar em conta, ou ainda assistir a um filme de estreia. Só aqui vemos implementado um novo conceito de centro cívico urbano.

Na outra face da moeda, temos as baixas das cidades, a que não se acede facilmente, onde o trânsito é habitualmente caótico. O estacionamento é inexistente ou caríssimo. As ruas e passeios estão em péssimo estado, fruto duma crónica ausência de manutenção e conservação. Os idosos correm perigo permanente de tropeçar num qualquer buraco. A via pública está imunda, resultado duma limpeza urbana ineficaz. Somos permanentemente abordados por arrumadores de automóveis e pedintes. Se um miúdo necessita de ir à casa de banho, está sujeito à fila interminável do café ou a ter de pagar o acesso a um desses "wc" tipo nave espacial. A oferta cultural é escassa, não há cinemas, os concertos e espectáculos são raros e têm quase sempre pendor elitista. Não nos admiremos, pois, pelo facto de os centros urbanos estarem em processo de morte lenta e o comércio tradicional em estado comatoso.

Enquanto isto, os representantes do comércio tradicional limitam-se a reclamar contra os centros comerciais. Atiram ao alvo errado. Mais do que tentar impedir o sucesso dos centros comerciais, deveriam era copiar a receita desse êxito. E queixar-se, em primeiro lugar, das câmaras municipais que se revelam incompetentes na gestão do espaço público.

8 comentários:

Anónimo disse...

São estas as cidades que queremos?Mais vale privatizar as autarquias e substituí-las pelos gestores de Centros Comerciais.

EMALMADA disse...

Andamos a votar em muitos negociantes para ocuparem os órgãos autárquicos, destruirem as cidades, colaborarem na pilhagem e destruição urbana.

Anónimo disse...

Esta é uma das grandes verdades,como se consegue mudar esta situação quando são autistas,falam e falam e voltam a falar de grandes obras e não conseguem resolver os pequenos problemas que teêm os cidadâos nas suas cidades.

Anónimo disse...

O que interessa é apresentar, melhor , prometer , grandes obras , a fazer pequenas obras de proximidade e que têm impacto na vida de todos os dias.
O Objectivo na CDU Margem Sul é exigir grandes obras do governo , e depois queixar-se de que não são satisfeitas, iludindo assim para o que não fazem e não querem fazer.
É assim há mais de trinta anos. Chega não ?
Perto da minha rua em Pinhal dos Frades é a terceira vez que prometem um parque de brincadeiras para onde há 17 anos , quando vim para cá viver , havia um que não foi mantido e posteriormente removido. Haja vergonha na cara !

Anónimo disse...

O que interessa é manter o tacho e garantir emprego para a famíla e amigos , nada mais

Anónimo disse...

Só que na espiral em que estamos... dada vez menos emprego cada vez... menos espaço para sobrevivermos.
Este esquema de vida que nos querem impingir com os novos conceitos está cada vez mais falido, mas continuamos ver os nossos autarcas a embarcar em cada vez maiores aventuras de desqualificação de espaços ... cada vez mais próximos dos antigos amigos de classe!

Desertos e Desertificação disse...

Passei para desejar um Bom Natal.
Tenho a sensação deque já o fiz, mas se repetir não fará certamente mal.

Papá Noel,

Tornou-se cruel,

E o Pai Natal,

É outro que tal.

Esqueceram os meninos,

Ranhosos, franzinos,

Mas não a pestinha,

De gente riquinha.



Por obséquio,

Faça um presépio,

Tenha um Natal,

De amor fraternal.



Mantenha os petizes,

Cobertos de amor,

Protegidos, felizes,

Sem eleição de cor.



Nesse seu presépio,

Deite o seu menino

No aurículo ou ventrículo

Do seu coração.

Um Natal a sério,

Também é um hino,

Ou um bom estímulo,

À fraternal comunhão.





Que 2009 nos traga crise no egoísmo e fartura de saúde e fraternidade.



Félix Rodrigues

Desambientado disse...

Desculpa, mas queria assinar como Desambientado enão Desertos e desertificação.