Ontem foi anunciada com a costumeira pompa e circunstância, a construção, ou a possibilidade de se vir a construir uma nova travessia rodo ferroviária sobre o Tejo... não discordei ...antes... da decisão de construir uma ponte que una o Barreiro e a Margem Norte... discordo, como antes discordei, da opção tomada para a construção da Ponte Vasco da Gama em deterimento desta opção então posta de parte.
Porquê? Porque se perdeu uma oportunidade de requalificar o Barreiro e de evitar o que se temia e veio a acontecer, a betonização de Alcochete e do Montijo... Pinhal Novo...Moita... num decalque do que sucedera décadas antes com a Ponte 25 de Abril e Almada e Seixal...
Uma ponte rodo ferroviária agora entre a Margem Norte e o Barreiro vem suburbanizar ainda mais a Margem Sul , insiste novamente na dependência do automóvel e de novo vai dar um impulso desregrado e insustentável à construção civil a quem uma vez mais é prestada vassalagem.
Veja-se o aumento as variações populacionais nos Concelhos da margem Sul entre 1991 e 2001:
1991 | 2001 | Val. Abs. | Val. Rel. (%) | |
Alcochete | 10169 | 13010 | 2841 | 27.9 |
Almada | 151783 | 160825 | 9042 | 6.0 |
Barreiro | 85768 | 79012 | -6756 | -7.9 |
Moita | 65086 | 67449 | 2363 | 3.6 |
Montijo | 36038 | 39168 | 3130 | 8.7 |
Palmela | 43857 | 53353 | 9496 | 21.7 |
Seixal | 116912 | 150271 | 33359 | 28.5 |
Sesimbra | 27246 | 37567 | 10321 | 37.9 |
Setúbal | 103634 | 113934 | 10300 | 9.9 |
Agora o que se demonstra é que a opção Vasco da Gama estava errada e que esta sim, teria sido (na altura) a opção certa a contar com a ligação ferroviária de alta-velocidade, a outra é uma ponte bonita sim senhor, mas o custo-beneficio para além de ainda estar por fazer, bem como o estudo comparativo da outra opção (a agora tomada) jámais será comparado... é como a história do aeroporto da Ota, meia dúzia de anos depois de ser construído, descobrir-se-á que outra teria sido a melhor opção... a questão é que antes como hoje , ou amanhã, ninguém será responsabilizado, nem nunca será investigada a teia de interesses e os lobies que favorecem as opções destas obras faraónicas...
Amanhã, como hoje, desceremos mais lugares no ranking da credibilidade, da competividade, do desenvolvimento mas atingiremos os lugares cimeiros da corrupção , das desigualdades sociais, e da perda de qualidade de vida e ambiente...
E os responsáveis até se autopromovem de tantos em tantos anos , não em fotos de policia, mas em cartazes gigantes, como se fossem estrelas num firmamento à parte dos restantes mortais.
A opção por esta nova ponte e localização vai encaixar na perfeição no anunciado projecto da mega urbanização nos terrenos da siderurgia, mas baralha quer a construção, quer a anunciada loicalização do ex-futuro Hospital do Seixal, já questionável com a anunciada construção pa ponte Seixal-Barreiro.
Uma palavra para o Engenheiro Carlos Pimenta que sempre defendeu a opção Chelas-Barreiro e não a decisão tomada Montijo-Sacavém.
8 comentários:
Ó Ponto, já andas a incomodar muito mais do que a "conspiração Comunista", parece que andas a roubar o protagonismo de alguém.
Impressionante o decrescimento do Barreiro.
Que crescimentos do Seixal, Sesimbra e Alcochete.
Muito cheiro a betão...
Qualidade de vida nestes locais a deteriorar-se. Em troca de quê?
Realmente o Barreiro está neste momento muito isolado e distante de qualquer um dos acessos actuais a Lisboa.
Por outro lado, penso ser pertinente a existência de uma outra travessia, justificada pelo fluxo de trânsito entre a Margem Sul e a Linha de Cascais. Quase todos os dias, o pior acesso à Ponte 25 de Abril é a A5, com a descida da Pimenteira sempre preenchida. Assim, poderia talvez existir uma ligação, não só rodoviária, para fazer esta ligação.
O que sucedeu ao Barreiro é comum ao casco histórico da maioria das povoaçõpes históricas da Margem Sul, a diferença é que o Barreiro não evoluiu em mancha de óleo como a restante Margem Sul, por uma falta de procura, falta de acessibilidades e morte dos meios de suporte tradicional empregadores.
Almada , Seixal, Sesimbra... evoluiram em termos populacionais por se terem transformado em macro-dormitórios alimentados pelo comboio Fertagus, pelas pontes e pela permeabilização à pato-bravice por parte destas autarquias.
Mas atenção que no Concelho do Barreiro há projectos na "manga" que se desenvolverão certamente como cogumelos com uma nova ligação a Lisboa. Veremos o renascer de António Xavier de Lima?
Muito bem Ponto! A frieza dos números não engana (tal como o algodão):))) A opção feita há 10 anos atrás para a 2ª travessia do Tejo foi, tal como foi antevisto por muito boa gente na altura, um grande erro a favor da política de betão!
Permitiu entre outras coisas que se betonizasse massivamente concelhos que de outro modo não o teriam sido, ou pelo menos não nestes moldes... permitiu por exemplo viabilizar um projecto como o projecto "Vila Nova de Sto. Estevão"! Permitiu como normalmente por cá acontece, que alguns poucos beneficiem muito do "benefício" que "oferecem" aos outros!
P.S.: para algumas pessoas que ao que parece muito se incomodaram com o meu comentário de ontem, e não querendo levantar grandes polémicas, sou leitor assíduo do "Ponto Verde" desde início e em momento algum busco protagonismo aqui, mas se estiver a incomodar, caro Ponto Verde, pois é só avisar que não vem mal ao mundo por isso :)
Meu caro, não incomoda nada!!! Incomoda é quem passa ao lado dos problemas, deixe para os outros as decisões e se demite sequer de ter ideias próprias. Não sou adepto nem de unanimismos nem de carneiradas.
Ainda bem que assim é!
E, já agora, deixe-me dizer-lhe que faz muito bem em não apagar os comentários de quem discorda de si!
A opção pelo Montijo deveu-se a "questões técnicas" alegadas pelo então Ministro Ferreira do Amaral, mas as quais ele nunca explicou.
Sempre me disse quem trabalho no GATTEL que essas questões não existiam e que todos os indicadores racionais - excepção feita à especulação imobiliária - indicava como melhor a hipótese Barreiro.
Mas os "negócios" estão acima de tudo.
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