quarta-feira, novembro 28, 2007

GUETOS



Há dois anos a propósito da morte de dois jovens electrocutados nos arredores de Paris , alastrou por toda a França uma onda de destruição e violência sem precedentes. Hoje, dois anos volvidos o cenário repete-se, a propósito de um acidente de viação entre uma viatura da policia e uma moto do qual resultaram dois mortos.

O fenómeno não é novo, Portugal cometeu os mesmos erros , sobretudo nas Áreas Metropolitanas de Lisboa e do Porto. A Margem Sul é hoje um cadinho de tensões sociais que é preciso acompanhar e enquadrar.

É preciso ir ao fundo do problema e questionar determinadas politicas sociais , nomeadamente de habitação que em vez de integrarem naturalmente segregam criando o potencial para um barril de pólvora poder explodir a qualquer momento.


O que hoje se considera ser erros urbanisticos poderiam na sua génese ser até experiências urbanas com cândidas intenções, foi pragmáticamente necessário construír para alojar , no caso de França, no pós-guerra, em Portugal na AML e AMP com a vaga do abandono dos campos para a cidade.

Hoje sabe-se já que as consequências dessas politicas urbanas artificiais, desses bairros sociais, são desastrosas, desintegradoras, racistas mesmo.

Se eram a única medida quando não havia habitação em quantidade suficiente, não o é hoje com as centenas e centenas de habitações devolutas de que nos fala Jerónimo de Sousa fazendo a síntese da Conferência da CDU sobre habitação (13/Nov/2007).


Estamos em desacordo com o secretário Geral do PCP quando neste aspecto considera urgente "Outro Rumo, Nova politica - ao serviço do Povo e do País", mas afinal, o que o PCP propõe é uma repetição dos mesmos erros, a continuação dos mesmos métodos, uma estatização que é demagoga e impraticável.

Salva-se destas propostas habitacionais da CDU as ideias, embora vagas , de reconversão e contenção urbana que seria bom Jerónimo de Sousa transmitir aos autarcas PCP + Verdes da Margem Sul , e considerar o estrito respeito e aplicação dos PDM em "solo urbano" , deduzindo-se que fora deste "solo urbano" não haverá lugar a urbanizações (?).

No entanto o mesmo documento ignora perigosamente as opções tomadas pelas autarquias.

Pior ainda, isenta-as de culpa (por omissão) e culpabilzação exclusiva "da politica de classe dos sucessivos governos PS e PSD" .

Deixa de ser omissão, para passar a ser embuste, quando refere que a politica de habitação foi transformada " numa coutada de negócios do grande capital, particularmente na sua componente associada ao crédito bancário" omitindo sempre o papel das autarquias na gestão urbana e na degradação do espaço , óbviamente tal só se compreende para isentar de crítica e responsabilidade as autarquias onde o PCP tem totais responsabilidades nos erros cometidos.

O mais grave é que (relembro que o concelho do Seixal é o que tem mais fogos em "comercialização" e que Sesimbra foi o que mais cresceu nos ultimos anos) o PCP considera que os desiquilibrios existentes - estar-se-á a referir aos condominios privados do Seixal? - a existência centenas de milhar de fogos devolutos, sem comprador, não à betonização descontrolada com excesso de oferta fomentada pelas autarquias, mas , mais uma vez, ao papão de uma suposta «"reserva estratégica" do capital» ...

Continuando ainda a pregar por mais construção pelo programa PER ou por mais habitação a preços controlados... enquanto defende e aí concordo que é antes necessário articular os 550 mil fogos devolutos com politicas de habitação social, as duas vertentes PER+Preços Controlados e Fogos devolutos é que parece incompatível porque antagónicas!

Afinal as propostas "Novo Rumo" do PCP, são afinal um Rumo antigo de Velhas politicas desajustadas no espaço e no tempo que nada aprenderam com erros urbanos como os aplicados em França e os quais os portugueses estão também a observar em directo, as consequências.

12 comentários:

Anónimo disse...

Isto é resultado directo das políticas de imigração onde todos podiam entrar para satisfazer os empresários que assim pagavam menos. Agora paga o povo pelo benefício de meia-dúzia!!!

Anónimo disse...

Aqui um dia não vai ser pior JÁ O É!! e só ás vezes é que há umas pequenas "escaramuças" porque simplesmente a policia NÃO ENTRA NESSES BAIRROS e vai daí esses tais "guetos" tornados regiões autónomas com regras, leis e vivencias próprias fazem o que muito bem querem sem que nada seja dito nomeadamente pela comunicação social quando todos sabem que é dali que vêm os bandos para roubar.

Anónimo disse...

É o que acontece quando não se preocupam com a situação das populações carentes.há que assinalar no entanto que a maior culpa incumbe a quem deixa populações pobres, ao Deus dará, sequestradas em guetos.

Anónimo disse...

Infelizmente hoje o Seixal é o concelho do país com mais casas à venda, e a construção continua sem fim á vista.

É preciso por fim a esta construção que serve apenas de financiamento a uma camara endividada.

Esperemos que aquilo que acontece em França, nunca venha acontecer em Portugal.

Anónimo disse...

A Câmara do Seixal fez ainda há pouco tempo mais um gueto e não fez segundo, na Flor da Mata porque a oposição se opôs denunciando o esquema atrás do PER ou CDH.
O PER da Cucena, o que a Câmara fez, para ciganos, longe de tudo, foi resultado de uma negociata com o A.Silva e Silva e num terreno Industrial no PDM, o terreno da Flôr da Mata é Mata e Maciço Arbóreo, também não se pode lá construír

Anónimo disse...

ATENÇÃO PINHAL DOS FRADES

Reunião Centro Solidariedade HOJE 21H, assunto TRÂNSITO!!! Mas podemos perguntar outras coisas...

Anónimo disse...

Quem diria que a grande maioria de Outubro de 2005 ia acabar nisto?
Quer dizer... era previsível, atendendo aos antecendentes e à inépcia e casmurrice dos figurões, incapazes de emendar a mão nas asneiras.
Uma maioria tão grande, que a meio do mandato tem como grande balanço momentos como:

- Um PDM encravado por obra e graça da acção popular. Mesmo se continuam a fazer toda a porcaria que querem, à margem de qualquer PDM, passado, presente ou futuro.
- A conclusão da maravilhosa obra do reperfilamento da marginal moiteira, que custou os olhos da cara e não mudou nada na vida da terreola.
- A Moita no mapa dos escândalos na imprensa nacional (Público, Focus, etc) e mesmo na TV, com brilhantes intervenções do seu grande Presidente.
- A descoberta dos negócios do assessor jurídico do poder moiteiro.
- Os contornos interessantes dos protocolos estabelecidos com os novos donos de certos e determinados terrenos, desde que eles passassem a valer mais com o novo PDM.
- A PJ na CMM.
- O negócio excelente dos híbridos e do Volvo, quando ainda há pouco tempo se faziam empréstimos para pagar a fornecedores e outros credores (Cabovisão, Amarsul).
- O IGAT na CMM.

Quem diria?
Ahhhhhhhhhhhhhhhhh...............
Ia-me esquecendo...

- A construção do Parque Temático, que vai abrir em Abril de 2008, já daqui a menos de seis meses.


no : alhosvedrosaopoder.blogspot.com

Anónimo disse...

O ponto verde é fascista, apaga os comentários do Nuno Cavaco no a-sul.

Anónimo disse...

O ponto verde é porco sim

Anónimo disse...

O ponto verde do a-sul é porco?

Que coisa mais deselegante de dizer.

Respeitem as pessoas.

Anónimo disse...

wjwflnNa margem sul existem de facto guetos. A única diferença é que esses guettos não têm uma identidade e uma organização própria, não têm uma causa comum mas,existe um sentimento de "marginalidade" que pode levar a focos de violência.
No caso português, há que considrer a ausência da componente identitária que é dada pela religião. Mas há também que considerar que o investimento em projectos e equipamentos sociais (creches, escolas, bibliotecas...) é reduzidissímo. As autarquias escudam-se com a falta de investimento do poder central ao quepoder central tem negligenciado alguns concelhos (o Seixal, por exemplo). A criação destes guettos degradados, a criminalidade existente em alguns destes bairros (Quinta da Princesa) e a falta de soluções pode criar a breve prazo uma situação complicada do ponto de vista da segurança.

Ponto Verde disse...

Caro hkt, obrigado pelo comentário e pela opinião nele sublinhada. Não podia estar mais de acordo.