segunda-feira, maio 01, 2006

OS CINCO PECADOS AMBIENTAIS DE PORTUGAL










imagem: Seixal, Quinta da Torre, a construção avança sobre mais um montado de sobro protegido

Quercus aponta cinco pecados ambientais portugueses

Portugal continua a ter um mau desempenho a nível ambiental, insistindo no agravamento de cinco «pecados ambientais», acusou hoje a associação ambientalista Quercus, no âmbito do Dia da Terra.

Em comunicado, a associação ambiental denuncia a manutenção, em Portugal, de elevadas emissões de gases produtores do «efeito de estufa», contribuindo para o aquecimento global e para alterações climáticas, «provavelmente o maior problema do século XXI».

Recordando o Protocolo de Quioto, assinado por países de todos os continentes para tentar limitar as emissões de cada nação, a Quercus lamenta que Portugal seja «dos que apresentam maior distância em relação ao objectivo».

As emissões portuguesas rondam, segundo os cálculos da organização, os 40% acima das de 1990, quando, de acordo com o Protocolo de Quioto, deveriam quedar-se nos 27%, e só nos últimos dois anos subiram 1,5 por cento.

O segundo «pecado» apontado pela Quercus é o da erosão costeira, que nos últimos anos atingiu em alguns locais nove metros por ano, um problema que afecta 28,5% da extensão da costa nacional, principalmente no Norte e Centro.

A associação aproveita o facto de 2006 ser o Ano Internacional dos Desertos e Desertificação para salientar que «numa parte significativa de Portugal continental a erosão, a ocorrência de incêndios florestais e a desertificação humana dão mostras de uma desertificação que avança inexoravelmente».

A Quercus denuncia ainda a perda gradual da biodiversidade, recordando que entre 1985 e 2000 a vegetação natural em Portugal foi reduzida em 101 mil hectares, equivalentes a cerca de nove por cento.

«Sendo esta uma enorme mais-valia de Portugal em termos de conservação da natureza no contexto europeu, este indicador revela uma ameaça que tem sido consumada ou está prevista com a construção de grandes albufeiras, como o caso de Alqueva ou de empreendimentos turísticos em zonas muito sensíveis», refere o comunicado.

O quarto «pecado ambiental» é o do excesso de construção, estimando-se que entre 1991 e 2004 tenha ocorrido «um aumento de várias centenas de milhares de novos edifícios, principalmente na faixa litoral entre Braga e Setúbal, com alguns concelhos a verem crescer o seu parque habitacional em mais de 60 por cento».

«Ao mesmo tempo, os territórios artificializados aumentaram em 41,2% entre 1985 e 2000. Somos assim dos países da Europa onde a área construída por habitante é das mais elevadas, com consequências óbvias para a paisagem e para a impermeabilização dos solos», refere a Quercus.

Por fim, a Associação lamenta o «enorme desperdício de água» que se verifica em Portugal, denunciando que «de toda a água captada para uso urbano apenas 58% é utilizada para os fins a que se destina».

«Cerca de 42% é desperdiçada. Conhecendo-se as dificuldades sentidas por Portugal em termos de disponibilidade hídrica, bem como potenciais efeitos negativos que as alterações climáticas poderão induzir no território português, este pecado representa um dos maiores desafios colocados ao país», refere.

Para ultrapassar esta situação, a Quercus apresenta ao país cinco desafios, o primeiro dos quais passa por uma utilização mais rigorosa da chamada «pegada ecológica», um cálculo da área necessária, em termos de recursos e de absorção de resíduos, para a vida de cada pessoa.

«Em Portugal, a pegada ecológica é de 5,2 hectares por pessoa/ano e tem vindo a aumentar, quando a capacidade global disponível é de apenas 1,8, o que significa que se todos no mundo vivessem como os portugueses precisaríamos de cerca de três planetas para assegurar a procura de recursos naturais», afirma.

Ao nível da emissão de gases de efeito de estufa, a organização defende um objectivo de 7,2 toneladas por habitante/ano, tendo por base o compromisso de Quioto.

A Quercus defende ainda uma redução do consumo de recursos para 13 toneladas por habitante/ano, valor que actualmente deve rondar as 19 toneladas, e uma limitação da produção de resíduos sólidos urbanos para um quilograma por habitante/dia.

Recordando que em 2003 cada português produzia 1,2 quilos, a associação defende que, apesar dos valores serem inferiores à média europeia (1,5 quilos), Portugal deve desde já acompanhar a tendência de descida registada em vários países.

Diário Digital / Lusa

4 comentários:

Archeogamer disse...

Estive a poucos dias no Seixal, fiquei espantado com o desenvolvimento Urbano que surgiu em 5 anos, qualquer dia a margem sul está toda ligada pelo betão.

Anónimo disse...

Não se respeita no Seixal o facto de os sobreiros serem protegidos por lei?

Carlos (Brocas) disse...

Nem no seixal, nem no barreiro nem na moita. Por estes lados só se respeita o Partido, o resto é para abate.

Anónimo disse...

caralho vos foda....

NAO TEM MAIS NADA PARA FAZER DO Q ANDAR AAQI A ESCREVER ESTAS MERDAS?