segunda-feira, maio 29, 2006

ÁREA CONSTRUÍDA AUMENTA 42% NOS ULTIMOS 15 ANOS











A Margem Sul é um dos pontos negros, uma das zonas que mais se artificializou nos ultimos quinze anos.

Excertos de um preocupante artigo da autoria de Rita Carvalho publicado no DN de hoje.

"Em 15 anos, a área construída no território nacional cresceu 42%. Algarve, Porto e Lisboa foram as regiões que mais contribuíram para este aumento. Um acréscimo que se fez à custa do desaparecimento da vegetação natural e das zonas agrícolas situadas em redor das grandes cidades. As conclusões são de um estudo intitulado Corine Land Cover 2000 - o único retrato actual da ocupação do solo português -, que analisou as transformações entre 1985 e 2000. Uma tendência que se terá mantido nos últimos cinco anos porque, acreditam os ambientalistas, não houve políticas para contrariar esta expansão desenfreada, nomeadamente nas zonas naturais.

Um exemplo avançado é a aprovação de empreendimentos turísticos de grande envergadura no litoral alentejano.
"Este trabalho dá-nos uma fotografia do País", explica ao DN Marco Painho, director do Instituto Superior de Estatística e Gestão de Informação (ISEGI) e um dos coordenadores do projecto.

O Corine faz um retrato das utilizações do solo em Portugal, através do levantamento de 44 categorias, como tipos de floresta, culturas, zonas ardidas, urbanizadas, costeiras, vegetais, entre muitas outras.

O resultado é um mapa (com uma escala de 1/100 mil) onde se vêem as alterações que o solo foi sofrendo ao longo de 15 anos e a sua ocupação no ano de 2000. Neste período, Portugal recebeu os fundos comunitários que potenciaram a "era do betão".

O Corine Land Cover 2000 é exigido pela Agência Europeia do Ambiente e liderado pelo Instituto do Ambiente. Os resultados estão disponíveis numa aplicação na Internet que pode ser consultada por qualquer pessoa. Será feita uma actualização até 2006.

A expansão da construção (mais 42%) é a grande conclusão desta análise. Realidade que não surpreende, mas que surge agora confirmada e cartografada. Ao longo das décadas de 70, 80 e 90, milhares de pessoas saíram das zonas rurais e vieram para as cidades, levando as áreas metropolitanas de Lisboa e Porto a crescerem de forma acelerada e desordenada. Na primeira o aumento foi de 37%, mas na zona Norte chegou aos 48%(...).


"Esta ocupação deve-se a uma industrialização tardia do País que se verifica na faixa litoral entre Setúbal e Viana do Castelo", considera Carlos Costa, do Grupo de Estudos de Ordenamento do Território e Ambiente (GEOTA).

Para o ambientalista, a
"desorganização política que se viveu depois do 25 de Abril também explica este desenvolvimento anárquico das malhas urbanas" (...) "Esta urbanização galopante, muitas vezes sem ser nos melhores lugares e à custa das zonas de interesse patrimonial deve levar-nos a tirar ilações", alerta Marco Painho.

No Algarve, o crescimento dos territórios artificiais chegou aos 55%, o índice de construção mais elevado do País. Mas o grave é que, devido à pressão turística, o aparecimento de inúmeros empreendimentos turísticos se deu à custa da delapidação do património natural. Os números mostram que nesta região desapareceu 20% da vegetação natural. "

1 comentário:

cidadao disse...

Vê-se no que foi transformada a Peninsula de Setubal.Este caso da Flor da Mata - Pinhal dos Frades é um exemplo concreto que podem ver aqui em www.pinhalfrades.blogspot.com