quinta-feira, setembro 22, 2005

DIA SEM CARROS- DA PROPAGANDA LOCAL AO EXEMPLO EUROPEU




O uso da bicicleta está a ter uma verdadeira explosão em toda a Europa, de tal forma que autarquias há a criar frotas para uso, pago ou gratuito, pelos seus cidadãos sem que estes necessitem de adquirir o veículo, um sistema inovador acabou de ser posto em prática em Lyon.
Uma revolução séria na mobilidade, e não uma acção de propagan
da- na imagem Barcelona

Publicado esta semana no l'Express um artigo sobre mobilidade e sobre o verdadeiro "boom" que o uso da bicicleta está a ter em França, o artigo está assinado por Julien Bordies e Sebastien Castelli, desse artigo destaco os seguintes passos em tradução livre.

"Os ciclistas tomam conta do alcatrão e as autarquias abrem-lhes corredores. Em Lyon foi lançado o projecto Velo "V" , 2000 bicicletas postas à disposição dos cidadãos em 175 locais da cidade, Marseilha e Paris (onde já há um sistema municipal de aluguer) irão em breve aderir em massa a um dispositivo de bicicletas de livre serviço.




Paris , grupo de turistas em bicicletas de aluguer da Câmara Municipal

Em França estima-se que 2 milhões de cidadãos usam a bicicleta como meio de transporte, para ir trabalhar , estudar ou ir às compras. Em Paris o numero de ciclistas aumentou 40% desde 2001 e um francês em cada
2 considera que a bicicleta é o meio de transporte, que, em cidade mais vai crescer no futuro.

O projecto Velo V de Lyon trata-se de um serviço de pré-aluguer que conta já com 10000 aderentes (este serviço foi lançado na Primavera!) , este seviço não tem custos para a autarquia, é gerido, financiado pelo concessionário de mobiliàrio urbano (também presente em Portugal, JCDecaux). Com um simples cartão de crédito ou o vulgar passe dos transportes publicos , pode-se levantar a bicicleta de um terminal e deposita-la noutro mais tarde noutro ponto da cidade, facilidade de utilização acima de tudo, e , a primeira meia hora é gratuita (em média um ciclista percorre percursos de cerca de 2,8 Km usando a bicicleta cerca de 20 minutos).

A bicicleta não está mais conotada com os pobres ou os sem automóvel. A bicicleta é hoje uma escolha. Para os pequenos trajectos a bicicleta é um meio de ganhar tempo. Segundo o sociologo Bruno Marzloff a bicicleta tem hoje um lugar próprio na mobilidade urbana, não se trata da bicicleta contra o automóvel, mas de uma noca cadeia de mobilidade (transporte individual e publico). Pedalar é bom para a saúde, para a "carteira" e para o ambiente, meia hora de bicicleta por dia faz cair para metade o risco de doenças cardio vasculares . segundo a OMS, um ciclista tem entre 30 e 50% mais de hipoteses de escapar à diabetes, à obesidade e à hipertensão que uma pessoa sem qualquer actividade fisica.

Na Holanda e na Dinamarca a percentagem de pessoas que usam a bicicleta para se deslocar é de 30%, uma escolha que tem aumentado desde 1970 , altura em que começaram a ser implementadas medidas de protecção ambiental . Na Itália do Norte em Ferrara (140.000 hab), uma cidade organizada de forma a poder ter uma utilização por peões e ciclistas , 30% das deslocações são feitas utilizando a bicicleta. Em Estrasburgo 10% é a percentagem do uso da bicicleta nas deslocações urbanas.

O sistema francês Velo V, que é uma adaptação do sistema americano Clear Channel, recebeu já a visita de autarcas de Barcelona, Amsterdão, Genéve e Rennes e o sistema Americano já vendeu o seu projecto para Singapura e Oslo.

Os comboios alemães- DB- têm outro sistema em prática em Munique, Berlim, Colónia e Frankfurt , este sistema denominado call-a-bike baseia-se no seguinte, quando encontrar uma bicicleta deste sistema , estacionada e bloqueada com um cadeado com um numero e um código, só tem que ligar para o
numero de telefone assinalado a fim de obter o codigo de desbloqueio do cadeado...e é tudo."



Copenhaga,uma moeda de 20 coroas 2€) utiliza-se como os carrinhos de supermercado

Em Copenhaga o sistema é do género dos carrinhos dos supermercados tal como o actualmente em prática em Barcelona. Em Portugal temos o sistema em prática em Aveiro (BUGAS) e as (BICAS) em Cascais, 25o bicicletas disponiveis nos quiosques de apoio à ciclovia na Estrada do Guincho, um verdadeiro sucesso nas palavras de António Capucho.

Ou seja, como já deu para perceber, o uso da bicicleta em espaço urbano é um assunto a levar a sério. Brincadeiras propagandisticas como as de Almada, na "Semana da Mobilidade" ou as que o Seixal hoje leva a cabo, inaugurando em vésperas de eleições um troço, isolado , de umas centenas de metros de passeio junto ao rio, um passeio cheio de armadilhas e cantarias, para ser considerado como ciclovia, completamente desgarrado de tudo, sem continuidade em ciclável em segurança, seja para onde for, é um disparate e um gasto desnecessário de dinheiros publicos, veja (em baixo) como se fazem ciclovias na Europa considerada Rica e como se desperdiça dinheiro na Europa da crise (ultima imagem), crise essa...mas só para os trabalhadores, para os autarcas, continuam a contraír os empréstimos que as próximas gerações pagarão e a esbanjar em propaganda eleitoral.

Quem nos lê o que preferia?

a) Ter 300 quilómetros de autoestrada a servir todo o seu pequeno e pobre país ou, b) Dez quilómetros da mais luxuosa autoestrada até então vista, alcatifada, com piso aquecido e um sofá a meio para disfrutar do melhor troço de paisagem desse pequeno e pobre país, o restante território, ficaria servido ( porque já não havia dinheiro para mais) pelos mais tipicos caminhos "de cabras" , sua restante rede viària. a) ou b) ? Racionalidade e utilidade ou desperdicio e vaidade?





Barcelona Quilómetros de ciclovia cobrem toda a cidade, inclusivament
e as vias mais movimentadas como mostra a imagem ao lado , há bicicletas de aluguer.





Paris - Quilómetros de ciclovia permitem disfrutar da cidade, a cidade dispõe de um sistema municipal de aluguer de bicicletas.





Bruxelas - quilómetros de ciclovia em ruas reordenadas e cobrindo toda a cidade.




Copenhaga - uma rede de ciclovias liga toda a cidade e há um sistema
de aluguer de cicicletas tipo carrinhos de supermercado.



Amsterdão e Holanda - 30% das deslocações são feitas de bicicleta, há ciclovias por todo o
lado...






...No Seixal - (ontem 16h) ultimavam-se os preparativos para concluiur 300 metros de luxuosa ciclovia que não vem de nenhum lado nem vai para sitio nenhum, mas fica bem para comemorar o "dia sem carros"...e é mais uma
"obra que se vê..." e é bonito de ver, mão de obra barata e intensiva ao serviço da propaganda...

17 comentários:

Anónimo disse...

o ponto verde isso da semana sem carros não será uma obseçao tua!

é pá introduz outros temas .

por exemplo : o controlo social do PCP aqui com o aparelho a dominar as instituições .

ou entao vira-te aí um bocado para a cultura .

eu peossalmente acho que esses simbolismos de dia sem carros e isso só serve para encher o ego de uns convencidos que vivem na base do simbolico. mas tudo bem . olha mete aí outros temas para o pessoal se divertir

Anónimo disse...

Uma ciclovia que começa em nenhum lado e termina num lado nenhum, não será uma situação problemática para os utilizadores, em termos de acidentes?

Reparem os nossos filhos a utilizar 300m de ciclovia que começa e vai desembocar na estrada... :-(

Ai, ai, quem nos acode?

Mas será que nesta santa terra adoptada, não há um projecto com cabeça? que comece, tenha um meio e um fim feliz?

Anónimo disse...

Ola

Gostaria muito de contar com as suas ideias sobre AMBIENTE URBANO no blog que foi lançado para esta discussão.

Os vossos comentários podem ser colocados no Endereço, http://blog.lisboaparatodos.net/ e as vossas ideias para publicação, "Post", para o e mail ambiente.urbano@lisboaparatodos.net .



Com um abraço

Carlos (Brocas) disse...

Segundo a Guia turistica que me acompanhou nos 4 dias que lá estive, pode-se percorrer toda a Holanda em Ciclovia

Anónimo disse...

Pois é Brocas, outras políticas, outras mentalidades. Infelizmente vivemos num país em que tivemos PREC, com poderes autárquicos de 30 anos, em que vira o disco e toca o betão.

Aqui no Seixal, nem de bicicleta podemos sair à rua. Era uma estatistica interessante saber quantos acidentes (incluindo mortes) já ocorreram, neste concelho, com bicicletas.

Anónimo disse...

A verdade www.vivernoseixal.blogspot.com

Anónimo disse...

Atenção !! Última hora!! Para os mais desatentos.... não há ciclovia nenhuma!!! Não vai ser inaugurada nenhuma ciclovia. Apenas passeio!! Ok??? Não há ciclovia apenas passeio!! E no passeiop em principio não devem circular bicicletas!!!

Anónimo disse...

Já lá estive e não há ciclovia nenhuma, pelo menos não tem indicação de tal uso, quem anda de bicicleta anda na estrada que hoje está fechada ao trânsito.

Anónimo disse...

e ainda por cima a estrada fica mais estreita.

mas também nao entendo: se andamos de bicicleta somops como os chineses ; se não andamos somos atrasados .

façam como o presidente da camara que vai de bicicleta para os paços do concelho.

Anónimo disse...

DE bicicleta todos os dias?????

Anónimo disse...

nao sei francamente qual a importancia da discussão de uma ciclovia , ou nao ao pé do rio.

isso será só para lazer o que é importante mas nao fomenta a mobilidade . o que é importante saber é qual o plano rodoviario municipal em vigor; o novo PDM anunciado em articulaçao com a mobilidade. porque é que a bichas de transito presistem no concelho; o fernao ferro se nao será uma boa alternativa para a execução de vias boas que escoassem o transito norte sul; o alargamento da EN 10; a IC 32 ; o estacionamento ; a iluminaçao das ruas vias e estradas , as passadeiras bem assinaladas , a parte do rio na amora com aquela rua estreita e agora sem estacionamento com uma grande superficie e o seu acesso e por diante ....

Anónimo disse...

O que penso interessa desta discussão é vermos se o dinheiro é bem gasto ou não, e os exemplos dados parecem-me não só uteis, mas também a considerar, ou vamos como tudo em relação à Europa, com 40 anos de atrazo? Este era uma boa alternativa para andar a passo com a Europa e resolvermos parte dos nossos problemas .

A grande questão aqui é mais vias, logo, mais betão, logo mais gente, logo, necessidade de mais vias, que vão resultar em mais betão...mais gente... (É preciso quebrar este ciclo absurdo)

Anónimo disse...

ainda nao foi inventada outra via que nao a estrada para circular os carros. a ciclovia é uma parte da soluçao mas deve ser enquadrada por todo o território senao nao temos uma ciclovia temos um biblõ que depois exibimos numa visao parcial da realidade .

Anónimo disse...

the day after: um filme interessante , amanha é um novo dia e ....cheio de carros por todos os lados.

Anónimo disse...

Eu utilizo a bicicleta como meio de transporte em Coimbra. Esta cidade que geralmente se diz ser má para "biciclar" está a ver crescer o número de pessoas que utilizam regularmente a bicicleta no dia-a-dia. Cá não há condições nenhumas, nuns troços vai-se pela estrada com o coração nas mãos, noutros pelo passeio com muito cuidado para não matar ninguém. Mas a coisa tem de começar por nós. Só assim podemos convencer autarcas e cidadãos que vale a pena roubar uma fatia de estrada aos carros em prol do ambiente, saúde e economia.
Estive em Bilbao em Agosto e fiquei surpreendido com a quantidade de gente que anda de bicicleta. Temos de reduzir a dependência dos combustíveis fósseis e agir, mudar de estilo de vida com confiança e sem reaccionarismos que tentam reduzir tudo a um insignificante acto simbólico de fachada. Não tenho medo de convergir com os chineses, porque nesta matéria eles têm razão (embora estejam a consumir mais petróleo - um efeito preverso da "ocidentalização")

Anónimo disse...

Bom artigo. Bem fundamentado!
Parabéns! ;-)

Anónimo disse...

É assim mesmo. Não hesite em denunciar aquilo que está mal, mesmo que alguns escribas façam fretes em jornais ditos de qualidade. Não páre, porque água mole em pedra dura...
Abraço. Octávio Lima (ondas2.blogs.sapo.pt)