quarta-feira, julho 20, 2005

TERRORISMO AMBIENTAL - DIA DE LUTO PELAS FLORESTAS


A Arrabida arde mais uma vez. (Arrabida National Park on flames)

Hoje foi mais um dia de luto nacional pelas nossas florestas, ou seja para todos nós como povo, como território. È uma riqueza que se esfuma perante os nossos olhos , espectadores passivos deste espéctáculo dantesco que se repete ano após ano. Mas urge pôr um ponto final nisto!

Era sabido que a seca seria a desculpa para mais um ano catastrófico, nada mais falacioso, é que por ser ano de seca o unico senão é não ter àgua para combater os fogos, tudo o resto encontra este ano até em certos casos condições menos favoráveis para um fogo se declarar e atingir as proporções que têm atingido, é que a seca se não fomenta as culturas humanas , também não fomenta o crescimento de matos , ervas e arbustos como teriamos num ano de pluviosidade normal , o que facilitaria a limpeza e manutenção da floresta se ela se tivesse feito atempadamente!

E o ano nem vai mais quente que os anteriores...as plantas e àrvores podem estar mais secas, mas não entram, em combustão espontânea!

As razões são outras... se no interior podemos encontrar explicações que se prendem com a desertificação humana e consequente abandono de terras e não limpeza das matas. Em locais como os que têm ardido na Margem Sul encontraremos outro tipo de razões... vejamos, a Flor da Mata (Seixal), a Apostiça (Sesimbra), a Verdizela (Almada), agora o Parque Natural da Arrábida (Setubal), são todos eles locais onde não inocentemente se faz sentir a pressão imobiliária, em alguns casos patrocinada mesmo pelas proprias autarquias, enredadas num ciclo tão demoniaco para o património natural como os incêndios...o Betão!

Está visto que este ciclo do betão está esgotado! É um ciclo da nossa vida como povo caracterizado por uma expansão urbana desmesurada e desregrada, um ciclo que não acrescentou riqueza estrutural, um ciclo delapidador da natureza e do ambiente, demolidor para a vida das nossas cidades que se alargaram para as periferias e que desertificaram os centros históricos criando verdadeiras cidades fantasmas. Um ciclo que corrompeu os pilares da sociedade, da credibilidade nos politicos e deu dos autarcas a pior das imagens. Um ciclo que foi e continua a ser causa de muitos dos incêndios a que temos assistido!

Enquanto não for quebrado este ciclo, a nossa floresta continuará a arder, onde se obriga a reflorestar , não o será ! Se as leis existentes não forem aplicadas e verificada a sua aplicação. Casos há em que as leis são claras (PDM, Legislação de protecção...) mas um povo alheado e oportunamente mantido ignorante como no tempo da Ditadura ... até " nem sabe" (caso da Flor da Mata - Seixal) , a ditadura Fascista foi substituida ,mesmo nos concelhos ditos mais progressistas pela ditadura do cimento-armado.

Nos concelhos da Margem Sul , gostava de saber quantos sobreiros, azinheiras, pinheiros mansos, castanheiros... foram plantados nos ultimos anos para compensar os que arderam ? Quantos habitats foram repostos ?

Não estarei longe de verdade se afirmar que em breve , no sitio das florestas ardidas na Margem Esquerda do estuário do Tejo nascerão outras florestas, de uma espécie mais exótica , daninhas e de rápido crescimento que as acácias... as florestas... de Betão!


Aguardemos !
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5 comentários:

Anónimo disse...

nesse mesmo dia existiram 3 focos de incendio na apostiça pouco tempo deopis de começarem os 2 focos de incendio na arrabida que amis tarde se juntaram em uma so frente........... palavras para que

Anónimo disse...

Perante tantos incêndios, certamente muitos deles criminosos, há uma questão que se me coloca.

Haverá alguma lei neste país, que impossibilite a construção ou urbanização de áreas florestais (reservas ou não) durante 10 ou 15 anos, após um incêncdio.

Se houvesse e fosse cumprida, creio que boa parte destes fogos nem existiam, sobravam apenas os descuidos e as loucuras de miúdos e graúdos.

É uma pena isto acontecer todos os anos, mas é quase inevitável, com o pouco cuidado das pessoas que usam a floresta e dos proprietários, que não tem capacidade económica para as manter limpas.

Anónimo disse...

Ha uma lei de proteccao ao montado que impede de construir por 25 anos, essa lei cumpre-se? Ou tem que se fazer queixa a Bruxelas?

João Soares disse...

A Arrabida, como muitas areas "protegidas" constituem sempre um dossier pesado porque o PIB e os orçamentos para o Ministerio do Ambiente são muuiiittooo parcos....
Não chega a imaginação e a criatividade sem recursos fiscais e materiais para uma efectiva gestão integrada.
Entretanto o crime impera...
http://bioterra.blogspot.com

ManuelaDLRamos disse...

Este ano a PJ já deteve pelo menos 60 pessoas por suspeitas de fogo posto.