sexta-feira, julho 15, 2005

CIDADANIA - INTERIORIZAR O AMBIENTE




É curioso observar a abordagem e a postura que os varios niveis de poder têm do ambiente.

Por parte do cidadão há a tendência a considerar que este, como outros temas o ultrapassa, tendência essa reforçada pelos poderes imediatos e pelos governos, apesar de não haver tema que tomando as acções nos seus vários niveis, local, regional, nacional e global estabeleça tão bem a ponte entre o individuo e a globalização. Vista erradamente como um fenómeno puramente económico. Em Portugal há porém a ideia de que pode dormir descansado se passar esta preocupação para o nivel seguinte, a autarquia.

Quanto às autarquias há a postura, por vezes feudal face à sua àrea geográfica, de não darem explicações a ninguem, põem ainda a pose de que , tendo sido eleitos, tudo lhes é permitido, e caso extravasem a sua autoridade, a transgressão é-lhes branqueada por meio de nova eleição. Quanto ao ambiente propriamente dito, ele é mais um tema "fashion" que uma preocupa ção pela protecção ambiental real, conservação da natureza , ou desenvolvimento sustentado. Autarquias há que contrariando a legislação bloqueiam ao cidadão informação fundamental, praaticando a politica do facto consumado face a um cidadão a quem não se dá cavaco e face a um Estado que assina de cruz.

Quanto ao Estado, paixões houve que recairam sobre a educação, sobre a saúde, mas ainda nunca sobre o ambiente. Este só se torna interessante se alguém despuduradamente o quiser violar ou se mais alguém lhe despertar o interesse (uma associação ambientalista, uma ONG-A, um grupo de cidadãos, de preferência em protesto ou mesmo um simples cidadão , queixoso ou prevericador...).O ambiente tem meios reduzidos, meios de fiscalização no terreno diminutos, e considera as autarquias pessoas de bem, despachando a seu favor alterações de uso do solo, planos de pormenor e outras decisões sem averiguar no terreno a legitimidade dessas decisões, o seu suporte técnico e os seus impactos para o futuro.

Com esta visão redutora e grosseira da sociologia ambiental se descreve o caldo das ultimas décadas do Ambiente em Portugal. Daí que face à fragilidade (e exigência) ecológica de cada um destes actores sociais, o país se tenha tornado naquilo que é hoje, um país onde cada vez dá menos gosto viver, mas onde a maioria é incapaz de fazer o diagnóstico desse mau estar, por incapacidade de uma visão pluridisciplinar, por limitação partidária e democrática, por ignorância dos mecanismos legais e ainda porque o cidadão continua também ele a tomar a posição face às autarquias que o estado toma, a de tomar as autarquias como capazes de gerir o património ambiental de forma isenta , capaz, e pensando sómente no bem publico, de facto nem todas assim o fazem.

Junto das autarquias Portugal é hoje, um país manietado por construtores civis, empreendedores mas sem outro fito senão o lucro, cada vez mais os partidos politicos e as autarquias enquanto entidades endividadas dependem de expedientes geradores de mais valias para sua sobrevivência, expedientes esses que não têm em consideração o ambiente como património a conservar nem o bem comum como referência e isenção. Por outro lado, somos cada vez menos (apesar de haver mais gente formada) um país de arquitectos, de paisagistas, de urbanistas, de biologos, de sociólogos, de antropólogos, de ambientalistas, de tecnicos com formação autarquica... estes são na realidade , directa ou indirectamente assalariados ou dependentes dos empregadores.

Depois , há os esquemas de financiamento , que misturam no seu enredo autarquias e clubes de futebol (estes também proprietários da cidade, com centros de estágio ou estádios...) detentores de ferramentas financeiras e outras que permitem criar circuitos paralelos de tráfico de influências, de lavagem de dinheiro e claro, financiamento das estruturas partidárias com origem ou fim na própria orgânica das Câmaras...

Chegamos depois aos ciclos eleitorais, ao servir de interesses, aos Planos Directores Municipais , as alterações de uso do solo, tudo máquinas paralelas de fazer papel moeda a partir de um bem social comum que é o ambiente ... são decisões que o influenciam e nem sempre para o salvaguardar....aliás quase nunca para o salvaguardar...

Como se não bastasse vêm depois as manobras de diversão como a aqui descrita no post de ontem , fazem parte do bem parecer, e pretendem encobrir o não fazer , são manobras perigosas e nesse sentido a denunciámos dessa forma porque "não vindo mal ao mundo" servem para nos tornar mais ignorantes como sociedade, mais inoperantes como cidadãos, menos intervenientes como individuos, porque nos pretendem adormecer tentar fazer crer que tudo está previsto, e bem entregue, que , temos quem por nós zele do património, e quem nos eduque. Quando nada disso é verdade. O ouro como atrás se viu está em muitos casos entregue ao bandido, com a agravante do ouro neste caso ser o nosso futuro e espaço comuns.

As imagens acima são de Amsterdão e Copenhaga, mais uma vez. Tentam mostrar outra forma de abordar a sociedade muito diferente da análise que acima se faz de Portugal, por povos que há muito interiorizaram o seu papel na sociedade, as suas obrigações para com o Estado, os seus deveres e direitos enquanto cidadãos , a sua interrelação com os outros cidadãos, há também muito tempo que o civismo ambiental centenário evoluiu para uma cultura ambiental que se aprende como acto social, civilizacional, mas também nas escolas, mas em concordância com o dia a dia. De nada serve fazer a apologia dos espaços verdes e ver que se despeja impunemente entulhos nas florestas, de nada serve educar para o ambiente quando as autarquias fomentam a expansão urbana sem sustentabilidade social ou de mercado, é um desperdicio darem-se aulas sobre energias alternativas e qualidade do ar e nas ruas só haver espaço para o automóvel...

Naquelas sociedades também não há a noção de deitar o papel para o chão, a garrafa ou a fralda descartável do automóvel em andamento, pela simples acepção de que não há naquela estratificação social a ideia de que há alguém abaixo para o fazer... que não é civilizado fazê-lo, porque de berço se interiorizou que tal não se deve fazer, e melhor, não se viu os outros fazê-lo!

Isto é a base, tudo o resto ? Folclore!

8 comentários:

Anónimo disse...

Os que no post anterior antecipavam o fim deste blog , não têm capacidade para destas palavras destrinçarem as ideias deste e "meterem a viola no saco" ou melhor, as orelhas de burro. JJ

Anónimo disse...

O texto do autor deste blog é muito à frente para a Camara do Seixal.... para já é este o tipo de cidadania que corre na CMS (ou pelo menos a que foi condenada)......

http://www.correiodamanha.pt/noticia.asp?id=166591&idselect=10&idCanal=10&p=94


Um breve resumo do topo da notícia:

O Tribunal do Seixal condenou ontem a câmara local a pagar 250 mil euros de indemnização aos pais do Rogério Filipe, o menino de quatro anos que morreu em resultado da queda numa caixa de esgoto, na freguesia da Arrentela, na noite de 22 de Março de 1999.

Anónimo disse...

Já vi aqui criticas a três câmaras PS, Montijo, Alcochete e Grândola, o que parece ser uma prova de que para além de artigos bem fundamentedos, denuncias acompanhadas da respectiva imagem para que haja um juizo isento, há uma preocupação neste blogue em ser isento e objectivo. Como há ainda quem reaja de forma tão irracional no Seixal?

Anónimo disse...

O Flamingo não sejas "Totó" as criticas às Câmaras PS aparecem de forma encapotada e esporádica, são apenas para compor o ramalhete! Pois a única coisa que move o autor deste blog é o seu anticomunismo primário...

Anónimo disse...

Seixal “desenvolve” turismo industrial e ecológico


O Seixal apresentou, esta manhã, um Plano Estratégico de Desenvolvimento do Turismo que passa pela criação de duas rotas turísticas ligadas à indústria, à ecologia e à faina. A responsável pela equipa de pesquisa, Paula Magalhães, adianta que a fundação de um centro de interpretação para contactar com a história do concelho é uma das propostas do plano, bem como “a vinda de vários projectos hoteleiros como um hotel de quatro estrelas na área dos negócios”. O plano perspectiva a criação de um Seixal turístico “voltado para pequenas estadias”. “São propostas que passarão, brevemente, à fase seguinte de priorizar investimentos e obter financiamentos”.




Paula Magalhães explica que o plano assenta na criação de duas rotas turística. Uma denominada “Arqueologia Industrial” voltada para as “pérolas do concelho”, o moinho de maré de Corroios, a antiga Siderurgia Nacional, a olaria da Quinta do Rouxinol ou a seca do bacalhau. No caso da Siderurgia Nacional, “já existe um pedido de musealização do “Alto Forno” que foi remetido para o Instituto Português do Património Arquitectónico” (IPPAR). A rota seria criada através do vasto património industrial que existe no concelho e que “rivaliza com zonas do País Basco, do reino Unido e da Alemanha”.





Para ajudar a compreender a história industrial, o plano propõe a construção de um Centro de Interpretação que funcionará como o arranque da rota. A primeira alternativa para a localização do equipamento é o “Alto Forno”, o mais emblemático na área do património. Caso esta opção se torne inviável, avança a antiga fábrica de cortiça Mundet. A segunda rota turística terá o nome de “Rota da Ecologia e da faina do rio Tejo”. Esta rota deverá “sensibilizar os visitantes para a natureza, mas também poderá mostrar a pesca e as antigas actividades da zona ribeirinha”, nomeadamente da Baía do seixal.





O plano perspectiva também o tipo de hotelaria de que o Seixal precisa. Paula Magalhães destaca que, neste momento, “deram entrada na câmara os projectos de duas unidades hoteleiras” precisamente na zona da Baía do Seixal. Contudo, o plano acrescenta mais possibilidades a desenvolver, como a construção de um hotel de quatro estrelas na área dos negócios, na zona do seixal e da Arrentela. O plano incentiva a criação de uma pousada da juventude e de um parque de campismo, bem como a recuperação de antigas quintas do concelho para turismo de habitação.





Paula Magalhães identifica um terceiro eixo para desenvolver o concelho, o “Seixal Cultural”. Como o concelho possui um conjunto muito vasto de eventos e iniciativas de “primeira linha” dentro da Área Metropolitana de Lisboa, o plano propõe que se ponha esse trabalho “em evidência”.





Foi através de um protocolo celebrado com a Universidade de Aveiro, em Abril de 2003, que se elaborou o documento. Um trabalho de dois anos que articulou uma equipa da autarquia e outra representada pelo departamento de Economia, Gestão e Engenharia daquela universidade. O grupo ficou completo com a Região de Turismo de Setúbal-Costa Azul.

Anónimo disse...

Turismo no Seixal após trinta anos de terrorismo ambiental instituciomnal Eh! EhEh! Eh Eh Eh Eh Eh Eh! Gandas Malucos!!!

Anónimo disse...

Áreas Verdes

Hoje apresentamos uma listagem dos parques e jardins do concelho disponíveis para uma visita. Para que lhe possamos dar ainda mais informações estamos a preparar uma ficha de cada espaço verde para que descubra todas as suas potencialidades.

Parques e Jardins
Designação Localidade
Frente Ribeirinha da Amora Amora
Frente Ribeirinha da Arrentela Seixal
Frente Ribeirinha do Seixal Seixal
Jardim 1º de Maio Aldeia de Paio Pires
Jardim 25 de Abril Fernão Ferro
Jardim D. Paio Peres Correia Aldeia de Paio Pires
Jardim da Arrentela Seixal
Jardim da Juventude Casal do Marco
Jardim da Quinta da Fidalga Seixal
Jardim da Quinta do Mirante Aldeia de Paio Pires
Jardim de Corroios Corroios
Jardim do Seixal Seixal
Parque Desportivo Municipal da Verdizela
Parque José Afonso Miratejo
Parque Urbano das Paivas Paivas
Parque da Quinta dos Franceses Seixal
Parque das Galeguinhas Cruz de Pau

Anónimo disse...

Frente Ribeirinha da Arrentela Seixal


Só se for os 200m de verdura que estão entre a ponte da Fraternidade e a entrada da nossa terra... de resto não vejo nada.

Mas também, para a autarquia qualquer canteiro é logo um jardim e um espaço verde.