quarta-feira, abril 09, 2008

A UTOPIA NA MIRAGEM DO "DESERTO" (2)







Com a decisão da construção de uma nova ponte no corredor Chelas-Barreiro , uma decisão de 1700 milhões de euros (para já) , uma obra de elevado impacto visual e ambiental, mas decidida recorrendo únicamente a critérios ditos técnicos e politicos !

Continuo a achar que a melhor solução , no interesse nacional seria a opção Túnel ... Ferroviário ! Que defendo , mesmo antes dos alertas do Prof.Carvalho Rodrigues .

Sobre dúvidas nesta matéria do assoreamento, relembro que Portugal dispõe de um excelente Instituto dedicado a estas matérias. Chama-se Instituto Hidrográfico.


É óbvio que os senhores presidentes de Câmara estão para lá destes pormenores, veja-se a forma calorosa com que o Presidente da Câmara do Barreiro se insurge contra uma projecção independente divulgada tendo como base dados do projecto (do "Poder Central") ... o homem que diz que na Terra dele "não se vendem é as casas " saberá porventura realmente porquê?

Aliás o mesmo discurso do investimento, do motor de economia, na "requalificação da Lisnave, da Siderurgia e da Quimiparque" traz água no bico quando sistemáticamente e de forma vergonhosa, omitem a valência habitacional em que se estão a transformar antigas áreas produtivas.

Neste pensamento de "crescimento da Margem Sul" , leia-se crescimento habitacional e humano , leia-se crescimento de riqueza para as autarquias via "habitação" , leia-se também aumento do poder via do numero de votos , leia-se também , aumento da esperança de vida da CDU que tanto depende deste eixo "arco ribeirinho" - Setúbal - Sines !!!


Face a este estado de coisas, no meio do excelente debate de segunda-feira , só um reparo para o sonoro silêncio para as questões ambientais (decorrentes da própria obra) , mas também das questões de contenção urbana (tão falada aquando da construção da Ponte Vasco da Gama e até, no início, acautelada) ?

Hoje é à descarada que os senhores Presidentes de Câmara da CDU esfregam as mão de regozijo em plena unanimidade pela nova obra , que não é nem a primeira, nem a segunda, é a terceira travessia ! E quem ganhou com as outras ? E quem sempre perdeu em termos de ambiente e qualidade de vida ? Compreende-se assim tanto unanimismo ?

Uma nova travessia ? Pois bem , mas tem mesmo que ser uma Ponte ?
E não há que salvaguardar mais nada?

Em Portugal é assim garantido ser banqueiro , construtor civil ou ex-politico, os primeiros , nesta óptica têm a vida facilitada pelos sucessivos governos e pelas sucessivas obras que nos convencem que precisamos, ser ex-politico, para poder transitar entre bancos e entre empresas de construção e beneficiar das decisões tomadas enquanto no desempenho dos cargos de "serviço público" !

Mas o País evoluirá assim ?

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Nota 1 - Ambos os Presidentes de Câmara falam num desenvolvimento errado, num martírio em termos de transportes... como se fossem uns inimputáveis e cá tivessem aterrado agora de páraquedas (Seixal aumentou em trinta anos, de 30 000 para 170 000 habitantes - assim não há pontes que cheguem !!!) .

Nota 2 - Os senhores Presidentes de Câmara falam da saída de empresas , mas a saída dessas empresas não terá também que ver com as condições criadas nos últimos anos, por uma urbanização selvagem e por um desordenamento caótico em que o
território da Margem Sul se tornou?

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Post Scriptum - Construímos dez Estádios de futebol novos para o Euro 2004, o Vitória de Setúbal prepara-se para construír mais um...mas metade dos clubes da Primeira Liga ... tem salários em atraso !!!


7 comentários:

EMALMADA disse...

Vivemos num país que em 34 anos foi colocado de pernas para o ar pelos políticos e muitos autarcas que o têm gerido (muito mal).

Ponto Verde disse...

Comentário deixado no blogue revoltadaslaranjas a propósito do comentário deixado no ultimo post por Paulo Edson Cunha:

"Não pretendo de todo monopolizar este espaço, mas tão só retríbuir a atenção sempre posta na leitura do a-sul.

Gostaria de referir a propósito da unanimidade incondicional encontrada na construção da nova ponte, o que gostaria de pôr em causa é :

O custo é para já de 1700 M€.

Pago por quem ? Por todos os portugueses, destas e das gerações futuras.

Quando digo TODOS, digo também por aqueles que nunca a vão atravessar , ou andar de TÊGÊVÊ , isso inclui
muitos cidadãos deste país que não têm estradas para os filhos irem à escola,que viram se calhar até a escola dos filhos ser fechada , a maternidade mais próxima fechada...tudo isto por razões de contenção da despesa!!!

Mas agora explicam que isto, estes 1700 M€ não são despesa, são investimento, se calhar para que se crie riqueza para reabrirem as escolas no interior, para que a água canalizada chegue onde ainda não chegou, ou a luz , ou os transportes públicos...Até quero acreditar que assim seja.

Só que a nós que vamos beneficiar directamente com essa obra , não é moralmente aceitável que os impostos desses nossos concidadãos sirva para alimentar (mais uma vez) a chico-espertice de especuladores, de construtores , de autarcas e suas vaidades.

Cabe-nos , a nós , beneficiários directos dessa obra, garantir que outros valores patrimoniais dos quais somos garante perante os cidadãos de todo o país, que são salvaguardados, o ambiente, o património construído ... é por isso que construír uma nova ponte não é só para o Sr.Pres da CM do Barreiro vender as casas que não consegue... mas é para obrigar o Sr.Pres da CM do Barreiro requalificar o seu território para que todos possam dele desfrutar.

Não é só receber, temos de dar também algo em troca, o unanimismo pode iludir essa obrigação e isso é muito perigoso."

Ponto Verde

Bluegrowth disse...

Caro Ponto Verde,
O verdadeiro problema não está no aumento da população, até é saudável e proficuo que aumente, veja-se a situação das escolas que começam a ficar desertas. O problema está na ausência de modelos de desenvolvimento e de ordenamento de território com os olhos postos no futuro e na qualidade de vida de quem chega.

Os trinta anos passados, dizem-nos que os politicos que temos tido nas autarquias foram incapazes de solucionar esta equação.

Estamos atafulhados em betão sem a menor preocupação estética, condenados ao trânsito estrangulado por décadas de asneiras urbanisticas, não temos empregos mas temos os resíduos dos anos da industrialização, contaminando as nossas águas, solos e vidas. Imagine-se aquilo que foi ingerido pelas infiltrações e contaminação das águas da rede pública em Corroios. Veja-se o custo devolver a vida à Baía e Rio Coina.

A realidade é clara e inequivoca, são 3 décadas de politica de "pão e circo" sustentada pela venda da alma da terra ao diabo do betão.

Ponto Verde disse...

Caro Hugo, acho que há um limite para o número de habitantes que uma área pode suportar em equilibrio, ou , como até os nossos autarcas dizem, em sustentabilidade.

Quanto ás escolas desertas elas estão-no nas zonas mais antigas, o casco histórico ou de primeira vaga de urbanização, as periferias em tudo mais novas, construção e população , estão superlotadas e com problemas graves.

Em tudo o resto não poderia estar mais de acordo. Agradeço a colaboração de hoje e sempre.

Ponto Verde disse...

Caro Hugo, acho que há um limite para o número de habitantes que uma área pode suportar em equilibrio, ou , como até os nossos autarcas dizem, em sustentabilidade.

Quanto ás escolas desertas elas estão-no nas zonas mais antigas, o casco histórico ou de primeira vaga de urbanização, as periferias em tudo mais novas, construção e população , estão superlotadas e com problemas graves.

Em tudo o resto não poderia estar mais de acordo. Agradeço a colaboração de hoje e sempre.

Bluegrowth disse...

Caro Ponto Verde,
Não sendo a minha área de especialidade mas, ainda assim, em virtude de conhecer algumas cidades com bastante densidade (em particular as canadianas e australianas), permite-me a experiência, olhar para este nosso cantinho à beira rio e identificar zonas onde poderia ser exercida alguma pressão demográfica. Contudo, estamos com 5 décadas de atraso e 3 de asneiras que nos limitam o potencial de crescimento.

Fomos estrangulados pelo próprio crescimento por ausência de planeamento e crescimento sustentável.

Recomendo-lhe uma vista de olhos neste website canadiano: http://sustainablecommunities.fcm.ca/GMF/

Anónimo disse...

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