A blogoesfera em particular e a Internet em geral potenciaram que a informação circule de uma forma como nunca antes tinha circulado, mas mais que isso, que a voz dos que não eram ouvidos ficasse (descontroladamente) em "par de igualdade" com os donos dos media , os construtores (da agenda mediática), e sobretudo, os controladores das notícias .
Sei, num tempo embrionário da Internet, e ainda agora, da dificuldade que certas Notícias, apesar de serem Notícia , têm em germinar e a serem divulgadas.
Sei das agências de comunicação às quais se paga para ter a noticia certa no local ideal,naquele timing exacto.
Sei, sobretudo de noticias que acontecendo a nível local teriam em condições de verdadeira liberdade de imprensa , destaque a nível nacional , mas que morreram antes de ver a luz do Sol-
Depois entendi o porquê , quando me fui confrontando , para além da imprensa local , com os donos da imprensa local , e na Margem Sul (e não só) , para além dos construtores civis proprietários de meios de comunicação, com a subsidiocracia ou a publicidade municipal, cuja receita, fundamental , condiciona as notícias e a agenda mediática ausente de contraditório e que assim não tem possibilidade sequer de existir.
Entendi o porquê da linha que não permitia que excelentes jornalistas a trabalhar nesta banda não fossem muito longe nas matérias, entendi porque alguns excelentes profissionais abandonaram a profissão!
Compreendi porque razão não tomavam (e não tomam ainda) dimensão casos relacionados com a corrupção autárquica, o tráfico de influências, casos relacionados com especulação imobiliária, alterações de uso do solo , permutas...habitação dita social e outros casos...
Tudo se mediatizou , tudo funciona em função das noticias e do seu controle e gestão, pelo que as noticias incontroláveis que aqui se vão publicando se arrisquem a não agradar a "ninguém", apesar do numero crescente de leitores, de participações , de páginas consultadas, claro que "ninguém" sao aqueles... que ou não gostam do tom, da forma, do timing...ou dos temas...
Finalmente já desistiram de chamar mentira ou desacreditar o que aqui é escrito.
Também, conhecedores deste fenómeno , os autarcas adaptaram-se ao efeito mediático e os que melhor cingraram foram os que sabiam usar os media a seu favor,pela fotogenia, pelo tom de voz, mesmo mentindo vergonhosamente em directo como ontem fazia Alfredo Monteiro na Antena 1 .
Vem isto a propósito, não da divulgação feita por Pedro Rolo Duarte de um texto do A-Sul, mas do que nas entrelinhas ele contém e sobretudo o que PRD publicou no mesmo dia no seu blogue pessoal, deixo aqui parte do texto , brilhante e feito a partir de outro de autor anónimo quanto o meu, o que incomoda tantos mas que torna fascinante não quem emite as ideias, não o seu protagonismo, mas as ideias elas mesmas e as fundamentadas denúncias ... que na maioria das vezes por razões que outras razões conhecerão, nunca chegarão a ser Notícia...fica o texto sem mais comentários:
"Talvez seja infeliz da minha parte ter a coragem de escrever o que penso.
Faço-o porque me confronto, como qualquer cidadão, todos os dias, com a ineficácia, o deixa andar, o abuso de poder, a incompetência, a negligência, a prepotência.
Acima de tudo, confronto-me com a inimputabilidade de uma máquina que come o dinheiro que lhe dou e dá nada em troca.
E não me conformo com a injustiça que representa uma classe pública inimputável (de que faz parte a classe politica, não o esqueçamos), à solta, negligente e irresponsável (porque irresponsabilizável, claro...) – enquanto do outro lado me sinto emparedado entre quem nunca se esquece de cobrar a responsabilidade e quem faz questão de me fazer pagar cada migalha que me esmifro para ganhar.
Na verdade, infelizes são as vítimas de um país que não funciona e faz tudo para que não se note. Ou seja: muda muito, para ter a certeza de que tudo fica na mesma. (Pedro Rolo Duarte) "
7 comentários:
Saldanha Saches
"Nas autarquias da província há casos frequentíssimos da captura do Ministério Público (MP) pela estrutura autárquica. Há ali uma relação de amizade e de cumplicidade, no aspecto bom e mau do termo, que põe em causa a independência do poder judicial".
António Marinho Pinto
"Existe em Portugal uma criminalidade muito importante, do mais nocivo para o Estado e para a sociedade, e que andam por aí impunemente alguns a exibir os benefícios e os lucros dessa criminalidade e não há mecanismos de lhes tocar. Alguns até ostensivamente ocupam cargos relevantes no Estado Português".
Cumprimentos. Bom trabalho.
Concordo inteiramente consigo.
A blogosfera veio criar um problema para os poderes instituídos. E isto é particularmente "notável" nos locais onde a comunicação era filtrada, caso do Seixal. O facto, de os cidadãos (independentes ou ligados a partidos) terem acesso à comunicação veio introduzir uma variável preocupante para o poder instituído. Antes, donos e senhores da comunicação (palavra, imagem) veêm-se agora no desespero de responder a posts ... com outdoors.
"Os processos à volta da questão do diploma do Primeiro-ministro vão acabando de forma salomónica, estendendo-se pela praia da nossa indiferença cívica. Não há culpados, nem ofendidos, nem caluniadores, nem verdades, nem falsidades, só inocência distribuída pelos arquivamentos sucessivos. Há quem esfregue as mãos e diga que tudo isto só prova que "não havia nada". Faço parte de uma pequena minoria que entende que "havia", havia o suficiente para a questão vir a público, - só estranhei o atraso com que veio -, incluia dúvidas e perplexidades que continuam por esclarecer,- eu nunca vi um documento como aquele da Assembleia da República e duvido que haja outro igual -, e o modo como surgiu, como se desenvolveu, como tudo foi "morto", lança uma luz muito sinistra sobre o poder e as suas relações com a comunicação social e com a sociedade. O silêncio sobre o que se passou aumenta, e falar sobre isso parece logo um excesso, uma teimosia, um empenho. E no entanto..."
"in Abrupto"
O ex-deputado socialista Paulo Pedroso e o seu irmão e advogado, João Pedroso, foram condenados pelo Tribunal Cível de Lisboa ao pagamento de 2500 euros de indemnização a António Balbino Caldeira, autor do blogue Do Portugal Profundo.
O Ministério Público mandou arquivar a queixa-crime por difamação apresentada, em Junho do ano passado, por José Sócrates contra o "blogger" António Balbino Caldeira, devido a um conjunto de textos que escreveu sobre a licenciatura do primeiro-ministro em Engenharia Civil na Universidade Independente (UNI).
Recorde-se que o professor do Instituto Politécnico de Santarém, autor do blogue "Do Portugal Profundo", foi o primeiro a levantar o véu sobre o caso do diploma do primeiro-ministro, que encheu de polémica a Primavera do ano passado.
Caro Ponto Verde e demais utilizadores deste blogue,
A qualidade deste post, os assuntos tratados no blogue, os seus utilizadores e comentadores, como são os casos dos que aqui vieram comentar, fazem já deste blogue um dos melhores nacionais.
Parabéns a todos, sobretudo ao seu autor.
O primeirom anónimo, deixou aqui frases reais e contundentes de quem, tendo responsabilidaes na nossa sociedade não temeu dize-las. fizeram-nos certamente em plena consciência e, das duas uma: ou provam o que disseram (o que eu acredito que consigam) e vêm aí tempos difíceis para muitos poderes instalados, sobretudo autarquicos, ou não provam e describilizam-se.
Cumprimentos,
descredibilizam-se. Desculpem.
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