quinta-feira, junho 21, 2007

O GRANDE PLANO DA TORRE DA MARINHA

O press-released apresentado há exactamente um ano descrevia o seguinte em relação ao PP da Torre da Marinha - Seixal:

"
Um primeiro plano já tinha sido aprovado, mas a autarquia acabou por abandoná-lo a favor deste, por abranger uma área mais vasta.

A proposta de execução do plano de pormenor para as zonas da Torre da Marinha, Fogueteiro e Seixal, foi aprovado pela Câmara Municipal do Seixal.

Incidindo numa área de 50 hectares, que incluí as ruínas da antiga fábrica de lanifícios da Arrentela, a proposta prevê a construção de habitação e de um parque com hortas pedagógicas.

Segundo o documento da proposta, o futuro plano de pormenor (agora apresentado 20/6/07) , que deverá estar concluído até ao início do próximo ano (já vamos em Junho) , deverá apontar soluções para o melhoramento da circulação rodoviária, bem como delimitar uma área para o museu e oficina do escultor Manuel Cargaleiro, projectado por Siza Vieira e cuja construção se encontra adiada até à data."

E ainda:

O estudo urbanístico irá determinar ainda, para a zona habitacional, o número de fogos a construir, que poderão ultrapassar "pontualmente" a volumetria e os índices médios de construção estipulados no Plano Director Municipal.

O arquitecto Manuel Salgado, que projectou os espaços públicos da Expo 98, em Lisboa, esteve envolvido na elaboração de um estudo urbanístico para a frente ribeirinha do Seixal que previa a construção de espaços culturais, de recreio e lazer.

Contudo, a apresentação do documento tem sido sucessivamente protelada pela Câmara.

(Agência LUSA - Junho 2006)


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Ou seja, temos mais um exercício de propaganda onde estão prometidos, ( não garantidos) "espaços para..." (espaços !!!) a construção de equipamentos sociais e culturais (Museu Cargaleiro) , garantido sim está a construção de habitação em "volumetria e indíces superior aos índices médios de construção estipulados pelo PDM".

Outra manobra de pura propaganda é afirmar-se que "vão ser criadas hortas..." ora , essas hortas já existem e o que não deviam era ser destruídas as existentes, pela sua importância não só em termos ecológicos mas também sociais .

Depois , não nos esqueçamos que a autarquia abandonou as instalações das oficinas , cuja área faz agora parte deste plano de pormenor para ocupar instalações criadas para o efeito mas que são propriedade do maior grupo de Construção de Região, o Grupo A.Silva & Silva, com interesses directos na zona ribeirinha do Seixal ...


Pergunta-se se face à posição de subalternidade da Câmara face a esse Grupo Económico (é o senhorio das oficinas e vai construir e alugar os novos Paços do Concelho) se são suficientemente transparentes as relações entre a autarquia e este grupo face aos projectos em curso e interesses, sabendo-se que um dos principais factores de descrédito na classe politica e nos autarcas são precisamente as relações entre autarcas e promotores?

Pergunta-se também, qual o interesse para o Seixal e dos Seixalenses e Torreenses em acabar com mais uma zona verde, ainda para mais com caracteristicas húmidas (atravessada pelo Rio Judeu) e é leito de cheia!!! e anteriormente prometida como "corredor verde" que ligaria o Tejo ao Mar (através desta zona, dos pinhais de Frades e das Freiras (Rede Natura) à Apostiça/ Lagoa de Albufeira para entregar mais 50 hectare à especulação imobiliária , no concelho que é de toda a Península de Setubal, o que mais fogos tem em comercialização?

Pergunta-se também, uma vez que não foi salvaguardado nem na urbanização da Quinta da Trindade (ex Euroárea Vale e Azevedo e agora NOZAR) , nem na Quinta do Outeiro (A.Silva & Silva) qualquer fogo com fins sociais, quantos fogos vão agora ter essa finalidade nestes 50 hectares da Torre da Marinha?

O porquê de tantas perguntas, bom relembre-se um excerto do texto publicado no orgão oficial do PCP :

"Atira-se para o abandono mais de um terço do espaço agro-florestal, continua-se a autorizar o aumento do terreno urbanizável, empreendimentos turísticos em zonas protegidas, etc.

É a especulação desenfreada do território, um bem limitado e frágil, com cobertura legal o que não deixa de ser imoral e, em muitos casos, ter um fortíssimo travo de corrupção,
de favorecimento ilegítimo quando, por alteração de valor de uso ou de índices de ocupação o mesmo terreno passa, do dia para a noite, a valer 5 000, 10 000, 20 000 vezes mais. Negócios da china? Não, negócios da nossa terra."


5 comentários:

Luis Eme disse...

Questões tão pertinentes, que provavelmente, não irão obter qualquer resposta...

Monte Cristo disse...

Dizes coisas acertadas,
mas aquilo que te dói
é que depois de contadas
não chegam para seres «boy».

Zeca da Borga

Anónimo disse...

não chegam para seres «boy»
mesmo depois de contadas
pois aquilo que te dói
é ouvir dizer coisas acertadas

Anónimo disse...

Fuça o porco no chiqueiro,
chiam as ratas nos esgotos.
Mas antes disso, e primeiro,
Ponto Verde dá arrotos.

Salivando, salivando,
a verde saliva escorre.
Por isso, vai-se babando
sempre que de raiva morre.

E quando quer versejar,
de tão débil, o coitado,
mais não faz do que rimar
em versos de pé quebrado.

E como é nisso, é em tudo.
Uma triste frustração.
Vê as coisas p'lo canudo
da sua imaginação.

Mas não te rales, pontinho.
Dos jeito que as coisas estão,
quanto mais s'é lerdozinho
mais se cavalga a nação.

Por isso, não me espantava
se mais dia, menos dia,
o teu nome inda constava
do reino da bufaria.

E então, muito emproado,
e disfarçado de gente,
mostras o certificado
made in Independente.

Anónimo disse...

Estes pobres de espírito tentam deste modo incentivar os cidadãos a assumir práticas anti-comunistas na vã esperança de que, assim, lhes seja dado um prextexto para justificarem a sua existência.
Dizem-se anti-fascistas até instalarem o seu próprio totalitarismo. Na margem esquerda do Tejo ainda se vive em ditadura, esse é um facto tristemente indesmentível.