quarta-feira, janeiro 18, 2006

OS NÚMEROS DO MILAGRE A SUL DO TEJO














Sem alterar a estrutura económica, a teia de interesses e a economia paralela não contabilizada no OGE ou no PIB não saímos desta triste sina, e hoje vêm notícias estatisticas que nos põem atrás da Republica Checa, o segundo dos ultimos países a aderir à UE a passar-nos à frente.

Vêm por aí é certo projectos salvadores como a fábrica da IKEA... nós aqui pelo Sul o que parece é que continuamos a dar de barato aquilo que temos de único e de valor (ambiente e paisagem) não a projectos sustentáveis, mas ao insustentável xicoespertismo... é que pode até nem ser, mas na Dysney da Moita e nos projectos para a Costa Alentejana... pode ser que sim...mas...

Os numeros que nos atiram para cima são os seguintes, serão mais uns para esquecer? Mas quem sou eu para duvidar:

Projectos Para a Costa Alentejana

Herdade do Pinheirinho - Dois Hotéis, três aparthoteis, três aldeamentos de apartamentos turisticos, 204 moradias, campo de golfe de 27 buracos, investimento 167 Milhões Euro, empregos directos 450, indirectos 1350

Herdade Costa Terra - Três Hotéis, cinco aparthotéis, quatro aldeamentos, 204 moradias, um campo de golfe, um centro equestre, dois clubes de ténis e ginásios, um fórum comercial, Investimento 510 Milhões Euro , empregos directos 1260, Indirectos 3000

E para a Moita

Parque da Portugalidade 75 Milhões de Euros, àrea a edificar 37 mil m2 , empregos directos 1200 pessoas.

Gostava só de lembrar outros milagres económicos a Sul do Tejo : O Projecto do Alqueva...O Porto de Sines...A Torralta... Thierry Roussel e o projecto das estufas a Sul de Milfontes... e mais antigos,o milagre urbanizador de António Xavier de Lima,a indústria do tomate no Vale do Sado, A Indústria da Cortiça abandonada, num campo onde somos os maiores produtores mundiais!!! a Siderurgia Nacional, a Industria automóvel de Setubal antes da Autoeuropa (e é bom não esquecer o que se está a passar com a Autoeuropa!!!) ... é por isso que a malta desconfia!!! Óooo se desconfia!!!

14 comentários:

rui disse...

Os indicadores económicos apontam como uma das razões para o "milagre económico" que está a tornar a Europa Central num novo polo de desenvolvimento que embora mais discreto está ao nível dos tão celebrados saltos em frente de chineses e indianos, o investimento externo.
Desde que hajam formas de controle público (o estado, a sociedade civil e as organizações de cidadãos incluindo as ONG) sobre todos estes investimentos, se se assegurar que a sua "sustentabilidade" envolve não só sustentabilidade económica e criação de emprego directo mas também formação, novos padrões de qualidade e outras contrapartidas, qual é o problema?
Claro que o pessoal pode sempre desconfiar. Só que um gajo desconfiado está a modos como assim dizer parado a ver passar os carros eléctricos.
Quanto a mim estes projectos têem de ser avaliados e analisados um a um e são precipitados juizos de valor "ready made" para todos os casos.As áreas de intervenção são limitadas? turismo, alguma agricultura, sectores especificos da industria... muito bem, então quem é que tem o papel e está disposto a investir noutras áreas?

rui disse...

um pequeno detalhe... apesar de ser referido abaixo "Grândola terra do betão armado", pelo menos um dos projectos previstos apresenta como meta a utilização intensiva da taipa. se resultar será uma lança em áfrica na recuperação desse método construtivo que está lentamente um pouco por todo o alentejo em recuperação depois de ter virtualmente desaparecido há cerca de vinte anos. Era fixe não?

Anónimo disse...

Factos sobre o Litoral ALentejano:

1. Area de Rede Natura 2000 em Grandola: 65.000 ha

Area de ocupação todos os projectos (Sonae, Comporta, Costa Terra Pinheirinho): 1.200 ha

2 % de intervenção

2. 28.000 camas turisticas previstas no PROTALI (Plano Regional do Lit Alentejano)

180.000 Camas turisticas no Algarve

15% da ocupação turistica do algarve

3. afectação de 0%(!!!) dos Habitats prioritários da RN2000

4. Reconversão de áreas de eucaliptal em áreas de pinheiro manso (Plano de Gestão Ambiental dos projectos aprovado pelo Instituto da Conservação da Natureza)

5. Fundo de Conservação para perservar e requalificar os habitats prioritarios com o da Armeria Royana da qual a quercus fala

6. A entrega por parte dos promotores de terreno para criar mais zonas de habitats prioritarios (tb aprovado pelo ICN)

Ponto Verde, fale do que sabe e deixe-se de acusar todos a torto e a direito sem fundamentação

Anónimo disse...

Parece que o senhor vcm sabe do que fala... Porventura conhecerá em pormenor os contornos das intervenções previstas e respectivas contrapartidas. Já da mesma sorte não gozará o comum dos mortais.

Mário da Silva disse...

Está já aqui o protocolozinho das Portugalidades: http://www.savefile.com/files/1842457

Assim se vê, até com uma leitura descuidada, a negociata que ai vem.

Ponto Verde disse...

Bem, parece que continuamos a incomodar... intimam-nos a falar do que sabemos, mas sobre os números apresentados nem um que digam que é mentira!!! Pois é senhor vcm, no relativisar é que está o ganho e "acusar a torto e a direito sem fundam,entação" o que quer dizer com isso? É que se é acusar tanto as autarquias PS (Grândola) como as CDU (Margem Sul ...)... é isto que quer dizer? Ah pois, não vamos de modos, é que vai mesmo a "torto e a direito"!!! Não é para defender interesses instalados que por aqui andamos e já agora, acabou por não contestare a noticia e os números...

Caro Rui, tem toda a razão, há que apanhar o combóio, mas não tem que ser o forçosamente o TGV, há outros meios mais lentos, mas porventura mais céleres de nos levarem a atingir os nossos objectivos, e hoje saúdo dois projectos apresentados espante-se, pelo mesmo governo que ontem aqui foi criticado

Anónimo disse...

Caro "Ponto Verde", o último dos milagres económicos a Sul do Tejo a que se refere (Indústria automóvel de Setúbal antes da Auto...),revela que na realidade desconhece os princípios básicos que norteiam as decisões das multinacionais.
Recordo-lhe que ao mesmo tempo que essa indústria (marca)desinvestia em Setúbal, estava a investir no Brasil, inaugurando a primeira fábrica em 1998 no Complexo Ayrton Senna, em São José dos Pinhais na região metropolitana de Curitiba, seguindo-se uma segunda unidade industrial (Fábrica de Motores), e como não há duas sem três, concluiu no final de 2001 a Fábrica de Utilitários.
Caro "Ponto Verde", se quiser aprender alguma coisa sobre como uma economia necessita de investimentos neste sector, terá que subir um pouco mais no mapa relativamente a-sul do Tejo, e ver como fizeram os nuestros hermanos, e acredite que a ver também se aprende (Cluster de empresas de automocion de Galicia).
Cumprimentos

Ponto Verde disse...

Meu caro "ponto milagroso", não sei do que escrevi que possa estar em contradição com o que acaba de comentar???Pelos vistos também considera que este modelo baseado em mão de obra barata e pouco qualificada, ou em turismo de massas (como no Algarve) não tem saída... e que aquele parque da Moita é um grande disparate!!!??? Ou acha que não???

Anónimo disse...

Conheco bem os projectos pois trabalhei neles.

Desafio o sr. ponto verde, que nao tem coragem para dizer o seu nome a por em causa as qualidades ambientais, economicas e sociais dos projectos costa terra e do pinheirinho

Vitor Castro

rui disse...

Acho que é possivel discutirmos estas coisas sem antagonismos pessoais e processos de intenções, embora manifestando opiniões contrárias e valorizando aspectos ou dados diferentes de um dado problema.
Voltando ao assunto, repare-se num detalhe: o ponto verde considera positivos os projectos que refere no post acima, e ilustra com uma imagem que considera positiva ( e eu também...): uma série de aerogeradores de grande dimensão instalados no mar.
Pois para muita gente, ver aquelas estruturas que têem um impacto visual forte no mar da palha, seria um crime, quer visual quer pela catástrofe que naturalmente produziria no ciclo reprodutivo do treco lareco com asas, uma das muitas milhões de espécies que existem só e apenas no mar da palha desde tempos imemoriais. quero com isto dizer que tudo isto, para além de certas considerações de fundo, é também um pouco relativo e subjectivo.
Para alguns é razoável que alguns treco larecos sem asas sejam incomodados pelos aerogeradores, desde que isso nos permita dar passos num caminho em direcção a uma redução drástica da nossa dependência de combustíveis fósseis. Para outros porém, que um só treco larecos fique com uma zoada na cabeça pelo barulho dos aerogeradores é uma dor física e existencial intolerável que apenas pode acalmar com a rejeição liminar de qualquer factor que a provoque, incluindo os tais (odiados) aerogeradores.
Quanto aos projectos de grandola, o Ponto verde refere os números do investimento e lista os empreendimentos previstos realçando a sua dimensão num meio relativamente isolado; o vcm mostra que apesar de serem naturalmente valores localmente significativos, o tão propagandeado "impacto" na rede natura é ínfimo ou nulo, a área de construção e o indice habitacional são irrisórios, sobretudo se comparados com o algarve, para já não falarmos da grande lisboa.
estes projectos, com certeza que se destinam a gerar lucros, não é a Santa Casa da Misericórdia que pretende avançar com eles, mas comparar isto com "turismo de massas" ou "antónios xavieres de brito" ou "jotas pimentas" é, para quem quiser reflectir um pouco sobre estas questões, absurdo.
De resto, e para esclarecer um ponto aflorado por um anonymous no post "Grândola vila do betão", a Câmara de Grândola, à época de gestão CDU, impediu no princípio dos anos 90 um loteamento clandestino de grandes dimensões naquela zona. Ao que parece um processo clássico à época ( e se calhar ainda vigente noutras regiões do país) que incluia uma visita do potencial comprador ( e muitos foram os que foram aldrabados desta forma) à câmara de Grãndola onde um determindao e solicito funcionário garantia que "estava tudo legal".
Foi a tempo, a câmara, era um crime se tivesse avançado uma coisa do tipo entre a quinta do conde e a fonte da telha. Aí sim, tudo teria ficado escavacado, e sem sequer "turismo de massas" nem muito betão, sem hoteis ou equipamentos, seriam ( tal como na fonte da telha e na quinta do conde) "apenas" lotezinhos com "vivendas" "no meio dos pinheiros" numa enorme extensão.
Ora esse loteamento não tinha nada a ver com os projectos agora aprovados que estão confinados a áreas definidas pelo protali como áreas de desenvolvimento turístico nos idos de 1993, há 13 anos, e confinados precisamente para procurar o dois em um. Tentar arranjar um motor para promover a alteração do tecido económico deprimido de Grândola, e impedir a explosão de cogumelos por todo o lado como no Algarve. Ora isto contradiz completamente toda a argumentação do geota e da quercus sobre não terem sido estudadas localizações alternativas, e da não avaliação dos impactos acumulados.
Mas se as pessoas querem continuar a bater em teclas gastas...
Até já li algures ( acho que no Estrago da Nação - que é também um bom blog ambientalista que gosto de ler) que o "fundo florestal para a preservação de espécies autóctones" é uma esmola... sê-lo-à visto de uma certa perspectiva, mas é uma "esmola" que colocará nas mãos do ICN verbas que lhe permitem actuar pelo menos naquela zona para proteger activamente habitats que de outra forma se encontram ao abandono. É assim como dizer que o Bill Gates dá umas esmolas aos empregados... ele tem em casa, ou empresta para tournées, o codice da vinci, os empregados limitam-se a ter dois carros, casa de campo e cidade, filhos nas universidades privadas etc... As pessoas não vêem isto? Parece que Não. Porquê? Porque estão à espera que deixando aquela ( e possivelmente outras) zonas abandonadas, venha o dinheiro do céu para tratar principescamente os tais "habitats"...o que é preciso é que não haja nenhum sacana a fazer dinheiro.
Pelas intenções declaradas dos promotores, os projectos pretendem ser de turismo sustentável, o que implica entre outras coisas uma forte componente de energias alternativas, e neste aspecto, não vejo qualquer contradição, antes pelo contrário vejo uma hipótese de complementaridade, empreendimentos deste género que apostarão muito dinheiro em tecnologias de vanguarda nalguns casos sem qualquer espécie de hipótese de retorno nem que seja a longo prazo, predispôem-se a fazer massa crítica na utilização de tecnologias de vanguarda ainda em aperfeiçoamento, quase que por razões "ideológicas" e de "militância ambiental", ainda por cima financiados inteiramente por privados, sem um tuste ao que se saiba de dinheiros públicos, são quase uma coisa nunca vista.
Claro que para isto tudo suceda, as pessoas, as câmaras, os governos devem estar atentos e exigirem que as promessas sejam cumpridas. Sabemos que de boas intenções está o inferno cheio mas por muitas criticas que se façam agora aos estudos de impacte ambiental, por serem contratados pelos promotores, as pessoas esquecem que eles são sempre ANALISADOS e APROVADOS pelas entidades públicas. Ora neste caso concreto a aprovação do estudo de impacte ambiental foi condicionada ao cumprimento de mais de uma centena de condicionantes cujo cumprimento será monitorizado pelas entidades públicas incluindo o ICN. Não me parece que isto seja uma balda como alguns continuam a teimar não ver, possivelmente por deficiência de informação.
Quando se cometem diariamente de norte a sul do país, crimes atrozes contra um urbanismo humano e decente e contra o ambiente de que são exemplo alguns casos aqui tão detalhadamente apresentados neste blog, a fixação contra projectos que seguiram processos de aprovação transparentes e apresentam aspectos tão positivos, parece-me uma perda tempo e um desgaste inutil de energias.
Peço desculpa pela extensão do comentário.

Anónimo disse...

VCM
Não vale a pena...eles gostam é de dizer as coisas e depois assobiarem para o ar, como se não fosse nada com eles.
O ponto verde desiludiu-me muito.
Apesar de partilharam a(esmagadora) maioria das opiniões que aqui tem sido escritas, não concordo com a aversão à crítica que o ponto verde tem. Quando estamos a favor somos os bons, quando estamos contra já somos os maus. Isto de extremos nunca foi o caminho mais correcto.
Fiz um convite ao ponto verde para uma visita a um determinado sítio para in loco rebater as suas palavras e até agora nada...Não convém não é?
É muito melhor estar sentadinho numa cadeira frente ao computador...
É pena...
Nuno Ribeiro

Ponto Verde disse...

O senhor VCM terá os seus interesses nos projectos "trabalhei neles não é"? Pois eu não vou ganhar um cêntimo com eles, eu e mais dez milhões pde Portugueses...que nada vão ganhar como nada ganham com o Algarve do Betão sobre as falésias ou o turismo pé descalço que chega em "Charters" e "Low costs" com tudo incluido e pago na origem aos Tour Operators...

Caro VCM, não tenho emprego nesses projectos (como o senhor terá e legitimamente defende) e também não tenho cartão de partido algum. Sou cidadão Português que paga os seus impostos!!! Não lhe chega??

Pois continue a defender o emprego!Só lhe fica bem, agora transformar o interesse pessoal em designio Nacional, já me parece excessivo.

rui disse...

acho que podemos tentar manter a cabeça fria.
a informação do vítor parece-me honesta. Não é por se ter trabalhado num projecto que uma pessoa perde os seus direitos de cuidadania e de dar a sua opinião.
Se ele os criticasse por razões que resultassem da sua experiência directa nos mesmos, aposto que ninguém lhe levaria a mal.
Por outro lado, nenhum de nós ganha um chavo com o turismo no algarve, mas também não ganhamos nada da autoeuropa, nem com as industrias do vale do ave quando nos queixamos que elas se deslocalizam e vão para outros sítios do mundo, nem com a instalação da microsoft ou do MIT em Portugal e por aí fora.
Nessa óptica nenhum de nós ganha nada, quando muito umas migalhas dos lucros dos nossos empregadores.
Não ganhamos nada directamente, mas ganhamos todos indirectamente com investimento, sobretudo investimento de qualidade.
Se assim não fosse não valia a pena debater estas questões.
Como quase que aposto que não existem "magnates" na "família" que frequenta este blog, cada um poderia apenas falar da sua vida, o que é um pouco limitado como expressão de cidadania.
Continuo a pensar que apesar das diferenças de opinião não valem a pena contenciosos inúteis.
Parece-me que o Vitor foi injusto na ultima frase do seu primeiro comentário, e que não vale a pena o ponto verde dar demasiada importância a esse lado acessório da discussão.
Um abraço a todos e calma.

Ponto Verde disse...

Caro Rui, tem toda arazão, agora , quando o tema não interessa, mesmo que só se relate os FACTOS e os NUMEROS sem qualquer emissão de opinião, vá de reclamar a pele do mensageiro que tráz a noticia e pôr em causa a sua seriedade e honestidade...

O handicap do anonimato, sou o primeiro a lamenter, mas tal , todos sabemos as razões e as cautelas... e por outro lado é a prova de que se não buscam aqui protagonismos ou ambições pessoais.

Convites para me conhecer têm sido muitos, a todos tenho declinado, embora tenha sempre ido aos sitios e às situações para que somos alertados, só falta o Barreiro em que estamos em falta!!!

Todos são livres de defender os interesses ou contrapor ideias, é desde o inicio a nossa intenção, mas à custa de ideias e factos, não à custa da seriedade com que temos abordado os temas nem o rigor com que os temos denunciado.

Um Abraço. Pelo exercicio da CIDADANIA!