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sábado, janeiro 21, 2006
REFLEXÃO
Nem mais! Um dia para reflectir, meditar e amanhã decidir entre o tudo na mesma ou numa mudança, mudança na alternância instituída entre representantes de partidos , ou ruptura cívica com esse velho hábito que nos fez chegar ao já caracterizado como PÂNTANO pelo Engenheiro Guterres.
A Obra que recomendo neste dia de reflexão é o livro de Maria José Morgado e José Vegar "Fraude e Corrupção em Portugal" Edições D. Quixote.
Para aguçar a curiosidade aí vão alguns excertos sublinhados meses atrás aquando da leitura do livro, pelo que qualquer extrapolação para o presente é exclusiva decisão de quem hoje nos lê, e passo a citar:
(...) "O cenário instalado em Portugal não podia ser mais preocupante.Tendo à sua disposição muitos dos meios para se reproduzir tranquilamente, a criminalidade económico-financeira penetra em sectores vitais do Estado, essenciais para qualquer cidadão.
Ao promover fenómenos de cacíquismo e compadrio na Administração Pública, impede o principio da igualdade. Ao actuar no mercado com métodos ilegais e ocultos, alimenta a concorrência desleal. Ao apresentar ao fisco rendimentos ficticios, ou subtraindo-os à partida, impede qualquer esforço de justiça fiscal, e a justa repartição de riqueza.
Os efeitos em cadeia são imediatos e prolongados, sendo um dos mais graves, porventura, a redução de receitas para o Estado que, assim, investe muito menos em sectores fundamentais para todos, como a saúde, a educação, e a assistência social.
Ou a criação de uma economia paralela, a desregulação e perturbação do mercado, através do branqueamento dos lucros ilícitos e do financiamento oculto de instituições, partidos politicos ou empresas. No fundo, origina um Estado e uma economia influenciados, e até dominados, por grupos subterrâneos."(...)
(...) O Poder financeiro e a fachada empresarial provocam, assiduamente, um entrelaçamento entre os dirigentes destas redes e elementos da esfera política e partidária, muito especialmente ao nivel do financiamento dos partidos e respectivas campanhas eleitorais, que, cada vez mais, precisam de largas quantidades de dinheiro para as gigantescas campanhas de propaganda e marketing essenciais à sua sobrevivência. A criação de um sistema de tráfico de influências é a consequência imediata (...).
A Obra de Maria José Morgado e José Vegar faz também a sua incurssão na realidade local:
(...) " Nos ultimos anos a prática corrupta mais grave acaba por emergir das práticas de violação dos planos urbanisticos, como os planos de desenvolvimento municipal (PDM) e de pormenor, já que são estes que envolvem os recursos financeiros mais elevados.
A troco de benefícios pessoais, especialmente dinheiro, ou complementado por acções úteis do ponto de vista político, como a construção de bairros sociais, o autarca concede a uma construtora licença para construir imóveis, industriais ou para habitação, e urbanizações que não estavam de modo algum, previstos nos referidos planos urbanisticos.
Os PDM's , que são a forma encontrada pelo Estado para um ordenamento controlado do território, transformam-se numa presa fácil de determinados interesses, pela possibilidade de negociação que permitem (...)."
Este livro contém também excertos escritos de forma ficcional, mas que resultam de montagens de condutas de individuos e associações criminosas actuantes em Portugal e que constam na realidade de investigações levadas a cabo pela policia. Um exemplo:
(...) -O Albatroz pensa mais em cobrar do que em contratar favores.Acha que é tempo de o autarca lhe dar «umas indicações» sobre a melhor maneira de conseguir adjudicar o terreno para a construção de um centro comercial, em disputa, num concurso que a edilidade abrirá brevemente.
Tem uma relação «cinco estrelas» como gosta de dizer com o autarca de alguns anos (...) Entre dois goles, o autarca falou-lhe do «enorme problema» que era «arranjar dinheiro para a politica». O Albatroz percebeu logo e não deixou de dizer que gostaria de ajudar.
Dias depois o autarca falou-lhe de uns terrenos de Reserva Ecológica com uma excelente localização para um condomínio de luxo. O Albatroz lanço um isco, perguntou-lhe o que era preciso para ser ele a ganhar a empreitada. Passados uns tempos, o autarca apareceu com um colega seu de outro partido, O Albatroz pagou a «contrapartida», uns milhares de contos, e recebeu a autorização para construir (...).
A história continua, bem como os exemplos pelo que aconselho a leitura na integra daquela obra que se lê de um fôlego... e faça uma excelente reflecção!!!
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1 comentário:
Ponto Verde
Fico contente com a coincidência, falei no mesmo livro no
http://barreirovelho.blogspot.com
saudações blogueiras
vtm
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