segunda-feira, agosto 20, 2007

PINHAL DOS FRADES VOLTA A ARDER



A Margem Sul continua a ser pasto das chamas, curiosa é a apetência para os fins-de-semana, na passada semana o fogo tinha sido o Pinhal do Castanho na Moita , e este domingo lá se voltou a Pinhal dos Frades no Seixal, durante a semana foi o concelho do Barreiro o mais atingido.

O caso do Pinhal dos Frades é recorrente e está ao nível do que de mais básico se aplica na cartilha de destruição do território e consequente substituição por betão.

Tempos houve em que Pinhal dos Frades era uma zona aprazivel, de baixa densidade e constituído por moradias unifamiliares conservando alguma zona arborizada em volta, ou ajardinada (há nesta fase construções feitas dentro da legalidade e controlo oficial e outras construídas com a cumplicidade das autoridades fiscalizadoras ou completamente fora dela).


No entanto, o curioso é que mesmo considerando as condenáveis e eufemisticamente agora chamadas construções de "génese clandestina" (tal como Fernão Ferro, Quinta das Laranjeiras, Pinhal do General...) , O Pinhal dos Frades tinha uma qualidade espacial e paisagistica que contrasta com a degradação que avança hoje,mais ou menos legal, rápida, sobre todos os quadrantes daquele território.

O que assistimos agora é , não a pausada ocupação humana (familiar, quase rural) tipica dos anos oitenta, mas a uma ocupação em densidade, desde que conquistada pelos tubarões locais do imobiliário que agora passaram das habitações unifamiliares de baixa ocupação e densidade, para prédios construídos com o unico fito da especulação imobiliária.


Destruíu-se floresta e paisagem em troca de edifícios que continuam por ocupar . Apesar disso, a pressão imobiliária cega tipica do crédito "fácilitista" (mas já não fácil) continua a fomentar a troca da floresta que dá o nome ao lugar por betão, com a cumplicidade da autarquia que em alguns locais tem autoridade legal para mandar repor a legalidade, reflorestando ou mandando reflorestar...porque é que isto nunca aconteceu?

O que sucedeu foi que em cerca de 20 anos se passou de uma ocupação motivada pela necessidade de habitação, mas que se construía á medida que se conseguia , utilitária e não especulativa (às quais as autarquias fecharam os olhos aquelas ditas "clandestinas" - "à multa") para uma fase em que se instalou o chico espertismo (o Chico esperto com boas ligações na Câmara construía duas moradias, vendia uma - gerando mais valias - e ficava com a outra) para os tubarões de agora que não consideram rentável aquele modelo e que passaram à ocupação do pinhal, por edifícios multifamiliares, muitos deles com cérceas que violam o PDM e outros instrumentos de gestão do território entretanto surgidos.

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Não é um dia de muito calor, mas de algum vento e dois incêndios estão nesta altura activos nos concelhos de Palmela e Setúbal e estão a consumir essencialmente áreas de mato.

Durante a tarde, as chamas consumiram ainda quatro hectares de mato e depósitos de lixo no entroncamento de Coina, concelho do Seixal. 60 bombeiros e 20 viaturas estiveram no local no combate às chamas.

1 comentário:

Anónimo disse...

Na minha rua de Pinhal dos Frades há onze apartamentos à venda, isto numa duzia de prédios, esta situação é normal em Pinhal dos FRades e no resto do concelho do Seixal, mas continuam a destruír arvoredo e campo para construír o que não se vende, ou seja , o que não é preciso.