Uma entrevista do Arquitecto Gonçalo Ribeiro Telles é sempre um acontecimento.
Uma entrevista do Arquitecto Gonçalo Ribeiro Telles a Pedro Almeida Vieira como a publicada no passado sábado no rescaldo das últimas cheias, é um somatório de alertas e referências a serem levados em consideração por todos nós, pelos nossos autarcas e pelo Ministério do Ambiente.
A entrevista pode ser aqui(clique) lida na íntegra.Sobre ela gostaria ainda de referir o seguinte:
Portugal não pode continuar a ignorar o trabalho, as palavras e os alertas das suas mentes mais brilhantes e a meter na gaveta as conclusões dos seus estudos cientifícos.
Portugal não pode continuar simultâneamente , a ser gerido por vereadores do urbanismo que são serralheiros de formação , em parceria (eles gostam desta palavra) com construtores civís com a 4ª classe, quando o seu único objectivo conjunto, está longe de ser o bem comum e a sustentabilidade do ambiente e do território. Este estado de coisas tem custado vidas humanas , reflete-se no dia a dia de todos nós e custa milhões de euros em recursos.
Gonçalo Ribeiro Telles deixou como alerta a necessidade das autarquias aplicarem Planos Verdes revelando que "autarquias como Loures , Sintra ou Seixal têm esses Planos Verdes feitos mas continuam na gaveta"
Como é isto possível?
Desafio desde já a Câmara do Seixal a disponibilizar a partir de amanhã esse Plano Verde, e torná-lo fácilmente acessível na sua pagina da Internet, a publicá-lo no próximo Boletim Municipal e sobretudo, pô-lo na base de toda a sua politica de ordenamento e de planificação do território.
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Para que saibam do que falo, aí vão duas referências:
- Plano Verde do Concelho do Seixal, no âmbito do Protocolo celebrado entre o ISA e a CM do Seixal (1994/97). Coordenação – Prof. Gonçalo Ribeiro Telles. Direcção de Projecto – Arqt. Pais. Manuela Raposo Magalhães e M. Teresa Alfaiate.
- Estudos e Publicações próprias envolvendo percursos pedonais e cicláveis:
1996: Telles, Gonçalo & Magalhães, Maria Manuela (Junho de 1996); “Plano Verde do Concelho do Seixal – 2ª Fase. Área Nascente”. Secção Autónoma de Arquitectura Paisagista / Instituto Superior de Agronomia.
9 comentários:
As declarações do arquitecto Ribeiro Teles são hoje , actuais como nunca. O desrespeito pela natureza, a construção descontrolada em linhas de água, a crescente impermeabilização dos solos asfixiam as tradicionais linhas de água e quando chove mais do que o normal costumam acontecer tragédias. O arquitecto paisagista tem repetido os avisos, mas os responsáveis políticos quase nunca lhe deram ouvidos. E quando deram, fingiram para captar votos
Os estudos para um plano verde no Seixal foram feitos há mais de dez anos mas postos na gaveta? Porquê?
Primeiramente, há que dizê-lo, G.R.T. será decerto, um dos poucos homens públicos acima de qualquer suspeita, daí o espesso véu de silêncio que sempre o acompanhou ao longo de toda a sua vida política. Telles não interessou a qualquer uma das Situações que viveu. O seu inegável patriotismo e moderníssima visão do porvir a conquistar, tornaram-no incómodo aos Donos do país. Não pactuou jamais com interesses mesquinhos. Denunciou cumplicidades e malfeitorias várias. Não cedeu à simples ambição, desejo de notoriedade e prebendismo fácil que caracteriza a generalidade de quem nos comanda. É um teimoso nas suas certezas e isto é raro, numa época de constante cedência ao interesse do momento. Decerto poderia ter obtido uma audiência muito vasta, mas carregou sempre uma colossal pedra de Sísifo: é monárquico e disso está tão seguro e certo, como da inevitabilidade do reconhecimento da sua posição de salvaguarda do nosso ambiente e património monumental. E nunca cedeu, crime tremendo em Portugal. Nunca cedeu, nem cederá
Num país onde o betonismo se tornou quase em ideologia oficial do regime, a oposição dos autarcas, sempre dependentes das suas clientelas e dos interesses mais escusos das grandes construtoras e empresas afins, levou-o ao longo dos anos, à denúncia de uma situação espúria e que pode ser considerada de crime contra o interesse geral. A construção de muralhas de betão à volta dos antigos centros urbanos, descaracterizou a paisagem, liquidou qualquer resquício de qualidade de vida e ameaçou irremediavelmente a sobrevivência de Portugal, como entidade com características próprias e sui generis. Desta forma, os chamados "interesses inconfessáveis" que tentacularmente tomaram posse de quase todos os organismos vivos do Estado, erigiram G.R.T. como um inimigo a abater.
Como disse Gonçalo Ribeiro Teles, «a culpa é toda da acção humana,Intempéries sempre houve ». ora, as questões que se põem são: quem deixou e/ou mandou construir determinados prédios, obras de vulto ou fachada? quem mandou construir a rede de esgotos e de águas pluviais? quando foram construídas tiveram em atenção a densidade populacional do século passado ou a actual? quem define e altera o planeamento urbano? aqui, a resposta é fácil...os politicos que agora fogem da responsabilidade como quem foge do fogo, podem-se queimar e perder o "tacho".até quando?
Limpar as matas no Inverno e desentupir as sarjetas no Verão - eis o que nos pouparia a algumas desgraças...
Gonçalo Ribeiro-Telles avisou pela enésima para não encanarem ribeiras e não impermeabilizarem solos, riem-se dele. Depois torcem a orelha. Mas é bom para os construtores civis e as negociatas, reparar os estragos. Deve ter sido por isso que Santana Lopes, o "seriozinho", afastou Ribeiro-Telles da C.M.L.
Será possível, para que fique a constar em acta, que os senhores Vereador Samuel Cruz e Dr.Edson da Cunha , numa das próximas reuniões de Câmara ou de Assembleia Municipal, questionem os autarcas eleitos sobre a "gaveta" onde se encontra o Plano Verde do Seixal, ou o que a autarquia pretende fazer desse plano.
Sabem o que foi decidido para lisboa ? Foi o seguinte:
Plano Verde, de Ribeiro Teles, aprovado por unanimidade
A Assembleia Municipal de Lisboa (AML) aprovou por unanimidade a actualização do Plano Verde da cidade, concebido pelo arquitecto Gonçalo Ribeiro Telles, e a inclusão no projecto de medidas preventivas que impeçam a construção.
A proposta do Bloco de Esquerda prevê que a Estrutura Ecológica Municipal «seja apresentada para aprovação pela Assembleia Municipal na forma de medidas provisórias durante o processo de revisão do Plano Director Municipal».
Primeiro, os serviços municipais, nomeadamente o de Planeamento e Ambiente e Espaços Verdes, vão fazer a avaliação do Plano Verde e emitir pareceres «numa perspectiva actualista, num prazo máximo de dois meses».
Os deputados municipais aprovaram hoje igualmente que o plano seja sujeito a um processo de discussão pública na Assembleia Municipal, igualmente durante durante dois meses.
O Plano Verde deve, depois, ser «incorporado no actual processo de revisão PDM, nos termos da lei».
O vereador com o pelouro dos Espaços Verdes na autarquia, José Sá Fernandes, congratulou-se com a aprovação do projecto, sublinhando que «finalmente há uma deliberação a recomendar que haja uma estrutura ecológica de plano verde».
O corredor de Monsanto, «uma determinada zona do Parque Periférico», em Carnide, a zona do Parque Oriental, que inclui o Vale de Chelas são algumas das áreas que poderão ficar sujeitas a «medidas provisórias», de forma a impedir construção, adiantou Sá Fernandes.
«Têm de ser vistos os compromissos que há na Câmara», salvaguardou, contudo, o autarca.
Para Sá Fernandes, «deve-se marcar terreno, fazer pequenas intervenções nestes locais e ano a ano vai-se concretizando o plano».
A aprovação, por unanimidade, do plano verde na AML é para o autarca «a prova de que é indiscutível aquilo que o arquitecto Gonçalo Ribeiro Telles anda a dizer há anos»
Cara Ana Lima,
A primeira reunião de Câmara depois da publicação deste seu comentário realiza-se hoje e lá levarei esta sua (nossa) preocupação.
Atentamente,
Mais do mesmo,ele é monarquia ele é bloco de esquerda o que é preciso é estar na crista da onda, tem graça que so falam dos planos que sao do próprio,grande ordenamento este.
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