sábado, abril 28, 2007

DE ESPANHA... UM BOM ALERTA















Em Portugal, sobretudo nas duas últimas décadas , construíu-se demais, em qualquer sítio , de qualquer maneira e com pouca qualidade na maioria dos casos.

Os Planos Directores Municipais , também eles inflacionados em relação à população (real) existente e expectante nada ordenaram,mais , ainda criaram brechas permitindo a construção em zonas definidas como de não construção (caso aqui visto ontem), resultado: O país desordenado e feio que hoje temos!


Tão grave quanto isso, os Portugueses endividaram-se para lá dos limites (permitindo lucros brutais à Banca) estando muitas familias para lá da banca rota, mas somos dos países da Europa com mais proprietários imobiliários, na maioria dos casos de apartamentos sem qualidade, sem sol, húmidos, quentes no Verão, autênticos frigorificos no Inverno , mas continuou-se a construír e a comprar e vender muitas das vezes sómente com fins especulativos, muitos têm alertado para a irrealidade e gravidade desta situação , há casas a mais para a população e a Margem Sul é um mostruário disso mesmo.

As Câmaras Comunistas, se por um lado contestam os lucros bancários, por outro são subservientes da construção e dos construtores , dando à banca os lucros que depois consideram pornográficos. Hoje o cenário é assustador, para além de um desordenamento brutal, muitos arriscam agora, muito ou tudo perder, veja-se o exemplo que vem de Espanha:

Do Publico de 25 de Abril de 2007:

"Começou a acontecer o que muitos analistas temiam: a aterragem forçada do sector imobiliário ou o rebentamento da bolha especulativa em Espanha. A derrocada começou com a imobiliária Astroc, que anteontem perdeu mais de 37 por cento e ontem mais de 20 por cento.
O efeito de arrastamento foi imediato, contagiando todas as outras empresas imobiliárias, de construção e alguns bancos. A espelhar o ambiente de pânico de muitos investidores, o principal índice da bolsa de Madrid, o IBEX 35, perdeu 2,73 por cento, quebrando a barreira dos 14.700 pontos.

A desvalorização dos últimos dias envolveu de imediato os restantes sectores, incluindo a banca, duplamente exposta à actividade imobiliária, uma vez que muitos empréstimos têm sido garantidos com acções das próprias empresas."


e Do Editorial do PUBLICO (Paulo Ferreira)

(...) A febre do imobiliário fez com que dois em cada três espanhóis sejam, hoje, proprietários de casas , quase o dobro da percentagem média europeia. Apesar disso, muitas casas continuam vazias, porque já não se vendem ou porque muitas compras foram motivadas pela tentativa de fazer dinheiro rápido.

O risco que agora existe, potenciado pela subida das taxas de juro, é o de assistirmos a uma forte queda de preços e de arrefecimento da procura que deixará muitas famílias, empresas e bancos com elevadas perdas reais ou potenciais.

O cenário é sombrio mas real. Como real será a sombra que isso fará à economia portuguesa.

2 comentários:

Anónimo disse...

Colou-se-me um sorriso nos lábios quando li, neste artigo, e passo a citar

"As Câmaras Comunistas, se por um lado contestam os lucros bancários, por outro são subservientes da construção e dos construtores , dando à banca os lubros que depois consideram pornográficos..."

E não será assim com tudo? Criticam-se as decisões governamentais e são os primeiros a aplicar as leis, assim como que se lixem os munícipes, essa classe indigente...

Haja pachorra!

Unknown disse...

Estou em crer que o mesmo fenómeno irá ocorrer, mais tarde ou mais cedo, em Portugal. É uma questão de tempo...
A bolha imobiliária, vai rebentar de forma violenta com uma série de efeitos colaterais, como falências de empresas a montante e a jusante do sector, lançando ainda mais activos para o desemprego...aliás, tal fenómeno já é visível, ainda que de forma relativamente ténue...
A oferta de imobiliário tem sido nos últimos 15 a 20 anos estruturalmente excedentária em relação à procura...algo terá que ocorrer a prazo para reequilibrar o mercado, com preços médios por m2 inferiores aos níveis de preços especulativos praticados actualmente.
O que está a ocorrer em Espanha irá estender-se a Portugal de forma ainda mais grave...
O poder local e a própria branca terão concorrido para este cenário ao proporcionarem crédito hipotecário a torto e a direito - os primeiros - e a permitirem indices de construção com áres e volumetrias desajustadas, fazendo letra morta dos PDMs (meras figuras de estilo)...
Uma crise anunciada a prazo !