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domingo, dezembro 24, 2006
SERÁ O MAR DA PALHA, UM MAR ASSIM...SALGADO?
No final de um ano em que as classes socio-profissionais eleitas para levarem na cabeça - qual bode expiatório - foram os professores e os funcionários públicos e em que outros se continuaram a pavonear impunes à fuga de impostos, ao tráfico de influências, à lavagem de capitais, à promoção de projectos imobiliários em zonas sensíves, agora denominados por vezes de PIN (Projectos de Interesse Nacional), surgiu neste final de ano a figura mais incontornável de todas, Carolina de seu nome, Salgado seu apelido!!!
A publicação do seu livro foi uma pedrada no charco do marasmo do pântano social lusitano, ontem sobre o tema publicava no Publico, São José Almeida, uma excelente prosa de opinião da qual passo a citar alguns pontos: "(...) o livro de Carolina Salgado representa o rebentar da panela de pressão da crise profunda que grassa nas elites portuguesas e que mina e corrói o sistema democrático português.Para além dos indícios de crime que denuncia, faz um retrato ímpar da forma de funcionar do sistema (...)
(...) Carolina Salgado assume os seus direitos de cidadã e expõe um importante sintoma da crise de valores. É precisamente o seu estatuto de outsider que lhe permite romper o pacto de silêncio e a teia de conivências em que a corrupção grassa em Portugal.
É exactamente por não ter nada a perder, por saber que é alvo de análises baseadas no chavão "Má sorte ter sido puta", que Carolina Salgado não exita em abrir a boca.
Sejamos claros, as elites portuguesas cobrem-se, protegem-se. Mesmo quando se criticam, fazem-no à boca pequena, sem dar a cara e assumir o nome. Tudo funciona na lógica de que uma mão lava a outra (...)
(...) O texto "Eu Carolina" é o romper, finalmente de um silêncio que fere e fede. Um silêncio que provoca um cheiro nauseabundo, que atinge e afecta a credibilidade do sistema e a credibilidade das elites perante os cidadãos. Um cheiro a podre , que é sintoma do relativismo ético que domina os poderes em Portugal, que deixa campear a impunidade.
É claro que a podridão do sistema e a corrupção generalizada não existem por causa do futebol. Mas não é possível negar que há realmente um triângulo perigoso - para o qual Maria José Morgado, não se tem cansado de alertar - que põe em causa a transparência e a legitimidade democrática e que salta aos olhos de todos os cidadãos - o triângulo formado pelas relações perigosas entre os partidos/autarquias , a construção civil e os clubes de futebol (clique). Uma corrupção e uma promiscuidade que são suscitadas pela sede do lucro e pela ânsia do dinheiro fácil e que são sintomas de como as elites portuguesas deixam cair a ética e o bem social a troco do lucro pelo lucro, seja ele lícito ou ilícito.
Ninguém pode negar que este triângulo perigoso seja representativo de corrupção menor, de negócios reles e muitas vezes envolvendo verbas ridículas .
Ninguém pode negar que há uma corrupção muito mais elaborada, sofisticada e até intrínseca ao sistema capitalista, como ele se configura hoje. Uma corrupção que é potenciada pela forma como se fazem grandes negócios de Estado.
Há um sistema de concursos, licitações e adjudicações que é altamente duvidoso, na forma como é permeável à corrupção e à cedência do interesse parcelar e privado e ao lucro indevido, em prejuízo do interesse público e do papel social do Estado.
Mas isto não significa que não se tenha de combater a corrupção reles, de vão de escada e do golpe chico-esperto, à volta das relações do poder local com o futebol e a construção civil. (clique) (...)
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2 comentários:
Agradeço e retribuo votos de Bom Natal. Abraço, com votos de muita saúde e genica para continua o excelente trabalho que este blogue tem feito denunciando o que anda mal na região. Octávio Lima (ondas3.blogs.sapo.pt)
A permiscuidade entre esférico e tacho autárquico sempre foi uma coisa normal no pós 25A. No Seixal aliás o desporto sempre foi o veiculo propagandistico ideal para os comunistas no poder. Assim as colectividades ( primeiro as desportivas... e depois as outras...) estão, estiveram ou irão estar coniventes com a posição.
O caso Carolina, além da má literatura é o sinal que confirma tudo o que se sente no dia-à-dia. Não fiquemos muito preocupados só com as elites, pois eles são apenas a ponta do iceberg.
Pensem Globalmente... a corrupção, essa é localizada em todo o lado.
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