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quinta-feira, março 09, 2006
DE VOLTA AOS GRAFITTI - O QUE DISSERAM OS LEITORES
Durante alguns dias abordámos a temática do grafitti em meio urbano, muitas foram as opiniões e comentários recebidos dando achegas sobre o tema que pela sua qualidade pretendo desta forma dar visibilidade e ao mesmo tempo agradecer a colaboração numa discussão actual sobre um tema altera o espaço urbano e o sentimento de segurança dos cidadãos.
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Tenho seguido com atenção esta série.
A questão do graffiti como arte é totalmente irrelevante, serve para desviar a atenção da questão principal, que já foi muito bem documentada aqui: a vandalização da propriedade pública e privada.
Apenas o conceito de "propriedade" é necessário reter para que 99% dos argumentos a favor dos grafittis caiam por terra.
O 1% que resta, seria para alguém que pintasse a sua própria casa, mas mesmo isso tem ou deve ter regras. Tal como já não é possível colocar azulejos de casa de banho nas paredes exteriores (banidos e muito bem pelo eng. Carlos Pimenta).
De resto, é verdade que têm sido editados livros, realizadas exposições e outras manifestações ditas culturais, que tentam elevar o estatuto do graffiti, muito enraizado na marginalidade. Mas essas editoras e esses museus, nunca permitiriam essa arte não autorizada nas suas próprias paredes. Para essas instituições, o graffiti, é bom é nas paredes dos outros -- de preferência longe.
Há formas de trabalhar a spray, que não agridem ninguém, pelo contrário, como por exemplo Peter Kuper. (Quinta do Sargaçal)
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Só hoje consegui ler com calma os posts sobre grafitti .Parece-me que a dualidade de leituras sobre esta prática se pode resumir a dois pontos essenciais:
- o grafitti é uma prática anárquica, que invade a esfera pública e privada e atinge os valores de propriedade de uma sociedade à margem da qual os taggers e graffiters se colocam
- o graffiti é uma manifestação artística, que promove a ideia de um espaço urbano livre e que, pela acção de artistas como Keith Haring ou Jean Paul Basquiat por exemplo, foi elevada ao estatuto de obra artística.
Parece-me interessante referir neste contexto o caso do Muro de Berlim, cuja intervenção "institucionalizada" no lado ocidental foi amplamente aplaudida e interpretada como um exercício da liberdade "do lado de cá" . Um fragmento do mesmo muro foi levado em finais dos anos 80 para Nova York e exposto em frente ao MOMA.
Tudo isto me leva a concluir que o fenómeno, que recebemos por importação, deve ter a sua interpretação à luz do contexto cultural em que aparece. Valores como a propriedade, o património (no caso dos graffiti em edifícios históricos, por exemplo) ou a segurança (no caso dos tags em sinais de trânsito) são valores universais que, a par da liberdade, a sociedade contemporânea conquistou e quer ver respeitados. Não acaba a minha liberdade onde a do outro começa?
(Susana)
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Obviamente o Grafitti incomoda aqueles que vêem as suas paredes pintadas com assinaturas que ninguém percebe, sem estética ou mesmo com estética.
Óbviamente que o Grafitti é uma invasão do espaço público e privado.
Mas porquê?
Obviamente poderiam ser criadas zonas livres para que se pudesse fazer Grafitti. Quantos e quantos lugares sombrios e cinzentos existem dentro das cidades que poderiam levar alguma cor.
Porque não enfrentar o problema de frente?
Definir zonas livres para Grafitti. Criar concursos públicos a nivel municipal para que os "artistas" de grafitti possam apresentar o seu projecto. O vencedor ou vencedores ganhariam direito a pintar o espaço.
Parece-me que tudo isto tem haver com falta de vontade em atacar as questões de frente.
Também não se pode andar por ai a escalar edificios, no entanto foram criados espaços para o efeito. O Skate também esteve associado ao movimento de rua, no entanto foram criados espaços para a sua práctica.
O futebol foi proibido de jogar nas ruas de Inglaterra, no entanto hoje é o que se vê.
Tudo tem uma solução e certamente que passa por definir espaços e criar espaços próprios para que todos que gostam de fazer Grafittis assim como todos os que apreciam essa "arte" tenham a oportunidade de a fazer legalmente.
Depois de existirem espaços legais para o Grafitti ai sim teremos toda a legitimidade de criticar ou punir aqueles que o façam em espaços públicos ou privados não livres ao grafitti (Solariso)
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O grafitti pode ser arte, dependendo da qualidade do writer, do espaço em que está pintado e da mensagem que pretende transmitir.
Por exemplo, sempre que vou a sair do meu bairro - Bela Vista, em Setúbal - gosto de ver um grafitti que foi pintado na parede da ACM pelo Colman, writer que, regra geral, tem excelentes trabalhos. Quem quiser ver esse grafitti, pode consultar o blog Catedral.
A parede em causa foi pintada com a aprovação da câmara, tal como aconteceu com outras na cidade. Porém, esse carácter "oficial" do grafitti é raro, motivado até pela própria filosofia de quem o faz.
Nos posts anteriores, o ponto verde publicou alguns exemplos de pinturas que não merecem, em meu ver, ser colocadas no mesmo saco que o grafitti feito pelo Colman no meu bairro. Equipará-las é tão válido quanto dizer que os meus rabiscos estão ao nível dos do Salvador Dali.
Quanto aos exemplos colocados neste post, eu colocaria sobretudo o do "bombista-suicida" num meio-termo, pois parece-me artisticamente interessante, tanto pelo desenho como pelas muitas interpretações que dele se podem fazer. (Luis Humberto Teixeira)
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1 comentário:
Excelente e oportuno trabalho,e pela excelente qualidade das colaborações reproduzidas depois como post. Parabéns, um trabalho sério e sem procura de protagonismo dignificado pelo carácter não personalizado do blog.O anonimato neste caso é uma mais-valia fundamental.
Ricardo Manuel
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