sábado, março 04, 2006

A CO-INCINERAÇÃO NA ARRÁBIDA , MAIS UMA VEZ












Baseado no documento demominado por Relatório da Comissão Científica Independente o Governo pretende avançar com a queima de resíduos Industriais perigosos em Souselas e Outão/Arrábida, nas respectivas cimenteiras.

Os resíduos industriais perigosos são um problema que se arrasta de há décadas sem que uma decisão tenha entretanto sido tomada, mas sim protelada ao longo de décadas. Ao longo dessas décadas esses resíduos foram-se acumulando, exportando ou depositando "por aí" sem controlo nem supervisão.

Na Margem Sul os maiores problemas encontram-se no concelho do Seixal com a laboração da Siderurgia e na àrea gigantesca dos areeiros abandonados a Oeste da A2, mas também temos exemplos por razões óbvias no concelho do Barreiro, isto para apenas mencionar os casos mais clássicos.

Durante os ultimos anos a situação não tem melhorado , mas sim agravado pelo crescimento descontrolado de supostos Parques Industriais , ou de pavilhões onde se instalam "indústrias" sem supervisionamento nem controle e mais grave sem centrais de tratamento de esgotos ou sistemas de recolha de resíduos.

O problema existe, sem que muitos dos que se lhe opõem em associação com os industriais tenham criado alternativas nos anos em que esta decisão esteve adormecida.

Estando de novo na ordem do dia, o que transparece é de novo a demagogia e o agit-prop tipico de quem não pretende uma solução seja ela qual fôr .
Por parte do Governo diga-se, a solução não tem sido demonstrada de forma pouco melhor que se um elefante entrasse por uma loja de porcelanas ou então entrando pelo caminho da demagogia do dourar a pílula.

Gostei de ver ontem o responsável pela "pastinha do ambiente" na Câmara de Setubal marcar a sua posição contra a co-incineração na Cimenteira da Arrábida, não posso estar mais de acordo, apesar de as Câmaras CDU utilizarem a mesma tática , pôr projectos polémicos em zonas pouco habitadas, logo esperando pouco ou nenhum protesto seja de quem fôr... é bom que a autarquia proteste, não contra a co-incineração, mas contra a co-incineração num Parque Natural e sobretudo contra as autarquias do seu distrito (todas) que não aplicam uma real politica de desenvolvimento sustentado e de ambiente.

Mas Caros responsáveis autárquicos, têm é que ter coerência, é o minimo, para serem levados a sério ( e se calhar é por essa falta de coerência que a SECIL-OUTÃO foi escolhida) , é que não há nem no Distrito, nem no concelho de Setúbal, nem no Parque Natural o comportamento exemplar que se pretende exigir agora a propósito da co-incineração... exemplos no Parque Natural :

- As pedreiras na mesma Serra, sobre elas não dizem nada?

- O Betão que alastra no Parque Natural sobre ele nada dizem?

- A oposição que têm feito sobre o plano de Ordenamento da Arrábida, então em que ficamos?

Exemplos no Distrito:

- A Instalação de parques Industriais e de pavilhões, inclusivamente em àrea habitacional (com pavilhões para aluguer, sem fim previsto nem destino objectivo, só pela especulação) .

- O crescimento desmesurado da construção cívil, com milhares de prédios sem comprador, com mega projectos imobiliàrios que mais que beliscam àreas de Reserva Agricola e Ecológica como no Centro de Estáguios do _______ (ainda está por definir a empresa que lhe vai dar nome) no Seixal, ou a construção de urbanizações na falésia protegida da Costa da Caparica (Capuchos) ou a destruição do Pinhal do Inglês, a suburbanização da ultima reserva agricola da AM de Lisboa - Alcochete, Moita , Montijo- imitando com a Ponte Vasco da Gama o descalabro da Ponte 25 de Abril .

- Concelhos gigantescos mas sem tratamento de esgotos para a maioria da população como o Seixal, ou deficiente (Quinta da Bomba) como em Almada.

- Concelhos que não resolvem ou resolvem da pior forma os seus resíduos Industriais e não pugnam pela recuperação de paisagens em zonas esventradas pela exploração Industrial ou de inertes, como é o caso dos Areeiros do Seixal, as Pedreiras e areeiros de Sesimbra, a Siderurgia do Seixal ou a Petroquimica do Barreiro .

É óbvio que num distrito onde os seus concelhos não têm um projecto ambiental, não será difícil alocar um projecto como o da co-incineração, dificil seria seria escolher Setúbal , se este fosse um exemplo em termos ambientais, primeiro porque há muito (verdade de La Pallisse) que não existiria a nódoa ambiental de uma cimenteira num Parque Natural , mas não o é , e as contradições tiram toda a moral ao senhor autarca do ambiente de Setúbal ou à Senhora Verde/PCP Helóisa Apolonia que bem se pode esganiçar na televisão ou na Assembleia contra a co-incineração enquanto na Moita se não opõe contra a transformação de um Pinhal protegido, num Luna-Parque.

Por outro lado a demagogia utilizada pelo Professor Nunes Correia de que Berlim ou Viena fazem co-incineração nos seus centros urbanos, não me parece ser a melhor forma de chegar aos cidadãos... é que não conheço nem Viena nem Berlim, mas não estou a ver uma Secil/Outão ou Souselas, no centro de qualquer dessas cidades, e essa foi a imagem que parece querer ver passada, e o povo não é estúpido e reage mal ao querer ser tomado como tal senhor Professor.

Mais seriedade, e menos histeria e demagogia é a forma como se pretende ver este tema tratado... a ele voltaremos certamente.
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Recomendo para a leitura do dossier publicado no PUBLICO de hoje.

6 comentários:

Anónimo disse...

É evidente que os culpados da co-incineração na Arrabida são as autarquias comunistas. Mas há algum problema neste país em que os responsáveis não sejam as autarquias comunistas! É evidente que não!

Anónimo disse...

bem colocada a questao ponto.


vamos todos encontrar a solução para os residuos

Ponto Verde disse...

Sr João Afonso, o 25 de Abril foi há trinta anos, já não há PIDE (tudo isto graças aos MILITARES DE ABRIL) , há democracia desde o 25 de Novembro (também graças aos militares e à sociedade civil, de onde se excluem claro, os comunistas)...e há liberdade de expressão veja lá!

O Muro de Berlim caíu há menos tempo, mas já lá vai, tal como a RDA, a URSS ...entretanto há novos países livres como A Estónia , a Letónia, a Lituânea, a Geórgia, A Republica Sérvia, o Montenegro , a republica Checa, a Eslováquia...

Bem sei que só a Margem Sul continua uma colónia, mas esse complexo de perseguição só lhe passa um atestado que não quererá ter certamente... se quer ser levado a sério , não insista em pôr os temas que aqui trago sempre da mesma forma, ou então começo a considerá-lo da forma como muitos o consideram já...

Era bom que o Camarada João Afonso começasse a ver as coisas de outra maneira, ou é melhor não, talvez seja melhor assim, é que assim não há futuro possivel para si e para os seus camaradas, mesmo na Margem Sul, lembre-se quem ganhou nas ultimas autárquicas no Seixal!!! e a percentagem do Jerónimo, coitado!!!

Anónimo disse...

Isto é tudo uma tristeza, tirem-me deste filme, deste Gulag da margem Sul

Carlos (Brocas) disse...

http://blogdobrocas.blogspot.com/2006/03/1152-laxismo-na-moita.html

Anónimo disse...

Não me lembro de ouvir ninguêm falar nas alarvidades cometidas aquando da aprovação do Parque Marinho da Arrábida. Os ambientalistas ficaram todos felizes e o desenvolvimento sustentável ficou a perder. Sim! porque interditar a presença do homem não é nenhum acto de gestão.