quinta-feira, novembro 17, 2005

PROMISCUIDADE NO SEIXAL - MAIS 200 HECTARES DE BETÃO















Fomos há alguns meses os primeiros a aqui denunciar a promiscuidade institucional que a utilização desta imagem acima representava. Esta semana um excelente artigo no Expresso da autoria de Graça Rosendo volta a pegar no tema acrescentando-lhe escandalosos e novos desenvolvimentos.

Quando há dias escreviamos hororrizados que a Margem Sul estava literalmente À VENDA , não imaginávamos que na ida à FIL IMOBILIÁRIA nos escapou uma visita ao stand da Urbindustria - tão chocados estávamos com os projectos para junto do Centro de Estágios do Benfica e para cima da Baía - em que se promovia afinal, mais um escândalo em qualquer país civilizado, modelo que ao que parece nos afastamos cada vez mais como referência.

Voltando um pouco atrás e à história da imagem, ela foi reproduzida com fins eleitoralistas antes das ultimas eleições autarquicas na propaganda da CDU, num folheto patrocinado pela Urbindustria e Grupo A.Silva & Silva e distribuido como encarte no Expresso, num folheto distribuido na Festa do Avante e agora recuperada para o Stand da Urbindustria da FIL, segundo o artigo do Expresso. Pelo que a promiscuidade denunciada pela oposição é o mínimo que se poderá chamar a tudo isto.

E continua o artigo referindo que desde Agosto de 2003, se passou de CINCO hectares destinados a habitação, para quase DUZENTOS, citando o site do Seixal Business Park : " As restantes áreas livres terão como finalidade o desenvolvimento de projectos urbanisticos orientados para habitação, comércio e sereviços.Além de alguns empreendimentos menores, merece especial atenção o grande projecto, predominantemente habitacional, a desenvolver na zona norte dos terrenos, o qual cobrirá uma àrea de 117 hectares, dotada de uma vasta estensão ribeirinha" . Uma "reviravolta" como lhe chama a articulista.

Relembro que há "quarenta e tal" anos aqueles terrenos eram constituidos por várias quintas, das quais a mais representativa era a Quinta da Palmeira da familia Almeida Lima, dos quais guarda Paio Pires gratas recordações , familia que foi expoliada pelo Estado , das suas propriedades agricolas , para conceder ao Sr.Champallimaud o privilégio de construir uma industria siderurgica, como se vê abandonada poucas décadas depois para conceder agora como privilégio a promotores imobiliàrios àvidos de lucro.

Pergunto a mim próprio o que sentirão:

- A Familia Almeida Lima que segundo as informações disponiveis , habita ainda no Seixal?
- As gentes de Paio Pires , tão sofridas pelo encerramento da siderurgia?
- Os Seixalenses? Com mais 200 hectares de Construção?
- E o que pensa o país de ver um conluio tão "promiscuo" entre autarquia e Urbindustria?

3 comentários:

Anónimo disse...

Só tenho pena, Ponto Verde, que neste caso tenhas demorado tanto tempo a abrir os olhos mas enfim, não podes saber tudo e não és policia :)
De qualquer modo, já por diversas vezes aqui denunciei esta situação, nomeadamente a reconversão de terrenos industriais em terrenos urbanos, construindo uma mega urbanização de 5.000 fogos nos terrenos norte da Siderurgia (estamos a falar só! de uma estimativa de 15.000 habitantes! só!).
Isto coloca-nos várias questões que era interessante ver respondidas por quem de responsabilidade:
1) Qual o interesse em reconverter aquela zona para habitação? há falta de habitação no concelho? as perspectivas de aumento populacional justificam esta reconversão?
2) O facto de se encostar uma urbanização a fábricas que já lá existem, terá implicações a que nível? as fábricas vão embora? vão ser insonorizadas para não incomodar os habitantes? vamos deixar fechar aquelas fábricas e promover a instalação de industrias menos poluentes? que planos existem?
3) Durante 30 anos, funcionou ali uma siderurgia, com toda a poluição que isso acarretou, nomeadamente pela contaminação dos solos por poeiras de minério e outros. Essa situação está acautelada? quem vai pagar a limpeza dos terrenos? são os promotores imobiliários? é a Urbindustria, ou seja o Estado? é a CMS? ou não se vai limpar nada e é só construir?
4)Irá a CMS daqui a uns tempos liderar a revolta dos trabalhadores por, em virtude do nascimento desta urbanização junto das fábricas estas, naturalmente, decidirem-se pela deslocalização das mesmas? estamos a falar de empresas de capitais estrangeiros que só estão em Portugal enquanto lhes convier? não acredito que alguém no seu perfeito juízo, queira ter uma fábrica de industria pesada junto à janela de casa mas enfim?
5) O PDM vai ser alterado por forma a que aquela zona industrial passe a ser zona de habitação? quando e de que forma?
Estas são apenas algumas das muitas questões que espero sejam respondidas e que aguardo que a CMS dê cabal conhecimento das mesmas em sede própria, ou seja, numa reunião da Assembleia Municipal. Infelizmente, parece-me que à semelhança do que acontece em muitos outros casos, quando explicarem é porque já foi feito.

De qualquer modo deixo ainda aqui uma outra informação adicional ao texto do Expresso que poderá ajudar a compreender muita coisa. O actual presidente da Urbindustria é alguém que vem da industria da construção e do imobiliário. Parece-me portanto mais que natural este interesse!
Só é pena que estas coisas venham "cá para fora" porque algumas comadres se zangaram.

Anónimo disse...

O Estado é cumplice ou promotor com a CMS? Não se acredita!

Mário da Silva disse...

Se somarmos ao que se pretende construir na Moita que são só 50000 novos habitantes devemos estar a parir ferozmente e nem nos apercebemos ou então vamos abrir -- escancarar -- as portas à imigração, venha lá de onde vier, que é para vêr se enchemos tanta casa.

Claro que depois... esquadras, escolas, centros de saúde, espaços culturais e hospitais será o malandro do Governo Central a pagar... ou talvez não.

Talvez não, qeu o hábito é ficarmos todos a tinir sem nada de nada.

Isto para já nem falar que eu não consigo vêr as empresas e os empregos a florescerem... devo ser eu que sou ceguinho.

Ai. Quando é que os espanhois nos invadem ou a EU toma conta disto e põe um fim nessa cambada de chulos, pulhas e vigaristas que tomaram conta deste país.

Nem há futebol que nos safe!