terça-feira, agosto 26, 2008

HABITAÇÃO SOCIAL - DEMÉTRIAS E OLIMPICAS DESCULPAS (2)


Ontem falei aqui dos argumentos de um autarca CDU , quando confrontado, face aos incidentes da Quinta da Fonte, com uma observação do actual presidente de Câmara de Loures, de que Demétrio Alves (D.A.) foi presidente.

O que tanto agastou o senhor ex-presidente parece tersido o facto de o actual ter dito que a habitação social promovida pela autarquia de Loures ao tempo da presidência de D.A. foi feita de decisões
"tomadas à pressa" e que se optou por um "modelo errado" inferindo daí para os problemas conhecidos em Loures.

Não se percebe, para além do facto de D.A. ter acesso a um jornal electrónico ou que esteja (legitimamente) a preparar a rentrée , que tenha sobre isso construído um longo artigo cheio de desculpabilização e idêntica dose de contradição, pois de facto, a maioria dos projectos e dos processos de Habitação Social, nomeadamente os projectos oriundos do malfadado processo PER , foram , independentemente da autarquia e da força politica que os levou a cabo, processos resultantes de "decisões tomadas à pressa" em que se optou por "um modelo errado" , aliás como o próprio D.A. em vários passos posteriores reconhece, por exemplo quando afirma:

"Nunca tive certezas, muito menos absolutas, acerca dos problemas relacionados com a designada “habitação social” e, muito particularmente, naquilo que está relacionado com as operações de realojamentos" e quando reconhece que não são processos isentos de riscos ou criticas "Pessoalmente, nunca tive a ilusão de que fosse obra que motivasse grandes agradecimentos, e, muito menos, votos." Por esse motivo não se compreende que se no imediato reconhece que estes não são processos isentos de criticas, porque razão, tendo-se à posteriori revelado os alertas , que agora D.A. venha agora com este discurso vitimizador, até porque revela também conhecer (falamos de um investigador) como aqui citámos ontem , que :

"Os grandes bairros de “habitação social” constituídos por dezenas de edifícios de sete e oito andares (ou mais), concentrados num local, normalmente nas periferias das cidades situadas nos antípodas das “zonas boas”, e, geralmente, com uma fraca qualidade construtiva e com espaços envolventes desqualificados, conduziram a graves situações urbanas e sociais em vários países, como se sabe pelo que aconteceu nos EUA, em Inglaterra (Southampton), e em França (periferias de Paris). Por isso houve lugar a diversas demolições e novos realojamentos maciços nessas cidades" .

Depois dá com um exemplo mal conseguido em que mescla num mesmo pacote populações do Leste (que não são clientes deste bem social) ou do Brasil , comunidades que optaram pelo aluguer e compra de habitação e só em casos pontuais (rarissimos) recorreram à habitação social.


O Engenheiro D.A. ex PCM como gosta de se intitular arranjou pois um exemplo enganoso e que pode ser etendido como xenófobo quando refere "Muito antes de terem surgido as vagas de imigração provenientes de diversos países africanos, e, mais tarde, do leste europeu e da América do sul, que engrossaram sobremaneira o problema da indigência habitacional em redor das duas grandes cidades..."

Depois, consegue criticar quem avalia de outra forma esta matéria "É frequente ver e ouvir alguns “iluminados”, como sejam os políticos que “nunca erram” ou os académicos “sobredotados”, virem dizer, em situações semelhantes, que tudo foi mal feito, e que eram previsíveis os maus resultados " ao mesmo tempo que reconhece que foram postos em prática para além da habitação em massa (aquela que ouvimos agora falar pelos piores motivo) :

"Chegámos, em largas dezenas de casos, a promover o realojamento de agregados familiares de uma forma dispersa, através da aquisição de fracções autónomas em edifícios de habitação “normal”. Fizemos, também, realojamentos em moradias unifamiliares construídas em bandas de baixa densidade. Experimentámos de tudo um pouco, e posso, com inteiro conhecimento, garantir que não registei nenhuma solução perfeita e, muito menos, sem problemas" , ou seja, apesar de o estudioso e prático nesta matéria (Portanto o único a poder dar opinião ? ) demostra-nos que apesar de "todos os realojamentos darem problemas", estas últimas formas que diz ter experimentado, não em densidade, não em marginalização, afinal se calhar até dão muito menos "problemas" do que as outras que andam diáriamente nas páginas dos jornais...(pergunto...)

Bom , não vou dissecar mais a respeitosa prosa de Demétrio Alves, Engenheiro "ex PCM " , da CDU o artigo está ainda aqui (clique) na íntegra , e merece ser lido porque há neste momento bairros de realojamento a serem projectados/construídos por autarcas CDU , gostaria de fazer só mais uma citação , já sabemos pelo artigo que considero pela liberdade que reina em Portugal, intelectualmente pouco honesto , que " em países cuja superstrutura é dirigida por ideários antagónicos do capitalismo" também há problemas , mas são outros... mas ter o topete de afirmar que :

"O problema de fundo parece estar no facto do “problema da habitação” ser indissociável das sociedades dominadas pelo tipo de produção capitalista, principalmente nos países mais atrasados, pelo simples facto de a habitação se fundamentar em larga medida num tipo de negócio especulativo, e, ainda, porque os rendimentos das camadas assalariadas não permitirem, geralmente, soluções socialmente justas" ...

Gostaria de lhe perguntar então em que se distinguém autarquias gerida por "Comunistas" , por exemplo na Margem Sul de todas as outras forças politicas Capitalistas, ou se porventura se converteram também elas ao "negócio especulativo" ...

É de esperar dos autarcas CDU , no futuro , desculpas ou interpertações como as que o senhor agora nos brinda ?

4 comentários:

Anónimo disse...

Há pessoas que lidam mal com a crítica, os politicos têm que ter estrutura para gerir e aprender com as criticas ou então dediquem-se à pesca

Anónimo disse...

Sobre esta questão da politica de habitação social trazida pelo Sr.Engº, vejam o que esse senhor deixou como comentário no blogue Tomar Partido :

« (...) Virem, dez anos depois,tentarem responsabilizar os realojamentos feitos, conotando-os erradamente com a Expo 98, prova a qualidade dos políticos activos que neste momento estão à frente da Câmara de Loures. Nestas alturas é costume aparecerem dois tipos de comentários: os provenientes dos "iluminados", ex-políticos e académicos, que tudo sabem e raramente falham, e, por outro lado, também é normal que quem está a falhar na gestão municipal venha tentar desculpar-se com o passado. Tratam-se de desculpas de maus pagadores.
É de perguntar apenas quatro coisas: 1ª - Que acompanhamento social está a ser feito para que a CMLoures tenha sido "surpreendida" com os acontecimentos? 2ª - Porque não se fizeram mais realojamentos, mantendo-se as várias "Nódoas" sociais e urbanísticas visíveis, por exemplo, no Prior Velho e na Portela? 3ª Será que estes grandes "especialistas de ocasião" também defendem que haja bairos para negros, bairros para brancos, bairros para ciganos, etc., ? 4ª - Será que estas explosões sociais não têm nada que ver com as políticas liberais que vêm sendo praticadas nos últimos anos, ou sera que também sou eu (ou o meu pai) o responsável por elas?

Demétrio Alves, investigador e-GEO,UNL »

hkt disse...

Sobre esta matéria permito-me relembrar isto:

http://hekate-hkt.blogspot.com/2008/08/bairros-sociais-ciclos-de-pobreza-e.html

Anónimo disse...

Boa noite. em primeiro lugar quero dar os parabens pela deturpação de texto que conseguem fazer, fabuloso!
antónio