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quinta-feira, março 06, 2008
MURAR OS HORIZONTES DA NOSSA MEMÓRIA
Assistimos neste momento ao aplicar da terceira investida, em termos urbanísticos, da gestão comunista da Margem Sul , sobre a História, as tradições e a cultura locais.
O que se passa no Seixal e arredores é disso um paradigma.
Como outros já analisaram, numa primeira vaga a estratégia era, em oposição às quintas agricolas (consideradas "feudais") , construír paredes meias urbanizações ditas "sociais", com uma tal carga , desestruturação e abandono que se tornaram rápidamente Bairros Problemáticos.
Com estes guetos , referência como Quinta da Princesa começaram a ter nova conotação ...
A pouco e pouco as estruturas construídas dessas quintas , depois de desvalorizadas... tornaram-se em "conquistas de Abril " e viraram património das autarquias, embora sem grande valia para a população ou para a sua conservação patrimonial.
A segunda vaga veio com o alargamento dos perímetros urbanos para as zonas tradicionalmente e culturalmente rurais , foi e é ainda , a suburbanização pela negativa da memória e do património natural riquíssimos , mas que era necessário submergir para guardar unicamente a memória operária em clara oposição ás raízes camponesas, à floresta ou à tradição maritimo-piscatória . Os caixotes de betão mudaram a paisagem e os signos culturais, dando dinheiro a ganhar a muita gente ... pouco culta ou com poucos escrúpulos...
A terceira vaga teve agora, depois de trinta e tal anos desta visão "colectivista" de reescrever a História, o descaramento para emergir em todos o seu esplendor , e agora vale tudo !
Vale o que se está a fazer na Quinta da Trindade , vale a construção em muralha de prédios sobre a Baía , vale a implantação de Hipermercados sobre instalações produtivas (Leclerc da Amora ), sobre património natural (Carrefour /Continente no montado da Quinta da Princesa) , mas sobretudo está a fazer escola de uma forma preocupante a nova filosofia do camartelo sobre património histórico construído.
Estamos na expectativa do que vai acontecer à Fábrica de Lanifícios da Arrentela, mas veja-se a pressa com que foi demolido o estaleiro de Paulo da Gama , da Quinta da Fidalga , a demolição (anunciada) de património viável e reconvertível dos munícipes, no Fogueteiro , o bloqueio à reconversão das antigas instalações da "Fábrica da Seda" no mesmo local, a degradação a que votaram a Quinta da Trindade (o edifício histórico) , como foram arrazados os seus jardins e a propriedade ou veja-se a degradação a que chegaram os moinhos de maré.
Ou seja, depois do arrazar da memória "feudal" agrícola , da memória piscatória e de construção naval , da memória natural chegou agora a vez, sem qualquer despudor de arrazar o património histórico construído!
Em todas estas "vagas" quem ficou sempre a perder foi a população, quem ficou sempre a ganhar foi a construção civil , a especulação imobiliária e todo o universo que delas se alimentam, inclusivamente o financiamento partidário, não será por acaso que nas últimas autárquicas , segundo trabalhos publicados na imprensa, o PCP gastou mais em propaganda no Seixal do que em Lisboa...
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DESTAQUE
Para o trabalho ultimamente desenvolvido pelo PSD e pelo Dr.Edson Cunha no sentido de levantar estas questões patrimoniais e morais, nas respectivas sedes autárquicas com divulgação desse trabalho na blogoesfera.
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6 comentários:
Em Almada na zona da Ramalha todo o património histórico
- construções antigas das quintas então existentes - foi destruído para dar lugar ao betão gerador de mais valias fáceis para a Câmara...
O terreno junto ao novo Tribunal que era destindo a utilidade pública, foi vendido pela Câmara de Almada por cerca de 7 milhões de euros para dar lugar a mais um complexo/superfície comercial.
Nada é conhecido dos vestígios arqueológicos da Ramalha, tendo sido tudo cilindrado pelas obras para meter à força, na zona, o comboio da presidente.
A Declaração de Impacte Ambiental definia a Ramalha como zona particularmente sensível neste aspecto.
Ao longo de 30 anos o Seixal tem-se "emparedado" no seu próprio crescimento.
Está hoje asfixiado em si próprio, dizendo cada vez menos a alguns e muito pouco a muitos. É apenas um território do "entra e sai", onde apenas mais uma rua, calçada e prédio sobre prédio vão brotando nesta fertil e arável política do betão.
Das sete quintas do rei há hoje o conceito do "Bairro-Problema"; dos moinhos de maré, hoje a ruína; da herança de mar, hoje a destruíção; e até das memórias operárias, hoje o abandono. Temos e mantemos um património eternamente "encerrado para balanço" que, pelo balanço das máquinas vai vindo cada vez mais a baixo, desaparecendo na sua poeira as referências dos nossos filhos.
O poeta disse: Ai Portugal, Portugal (...) tens o pé numa galera e o outro no fundo do mar. Por estas bandas, o nosso grande problema é que temos um pé no betão e o outro preso no lodo.
Cultura são foguetes e musica pimba têm vergonha de ter vindo das berças e das raizes, para eles prógresso é um prédio de sete andares.
Aviso: o idiota do carro do lixo aka papeleira, aka lixeira, aka ponto mentiroso entre muitos mais nomes, anda a dizer uma vez mais que nós do António do Telhado andamos a deixar comentários no seu pasquim online, mas é uma vez mais MENTIRA, ninguém daqui escreveu uma vez que fosse no pasquim online de nome a-sul. Nós temos principios e nunca escreveriamos numa lixeira de mentiras e podridão como o pasquim do ponto lixo. Uma vez mais qualquer coisa aparentemente nossa que surja naquela imundice de nome a-sul, não somos nós, é apenas identidade roubada ou cópias de textos nossos.
Agradeço a quem diariamente trabalha para que este blog traga ao conhecimento da população algumas monstruosidades da gestão desta camara. Para além de informação este blog desperta nas pessoas que o lêem o gosto pelo que é nosso, direi mesmo que cria-nos uma esperança de que vale a pena lutar contra este clima de desrespeito pelos valores da gente desta terra. Cresci a molhar os pés na Baia, ainda hoje recordo o cheiro a mar, vi construir os barcos no estaleiro da fidalga que agora foi demolido. Com a demolição foi um pedaço de nós das nossas memórias.Trabalhador da Mundet durante muitos anos e militante comunista. Hoje lamento o que está a acontecer com a fábrica Mundet que daqui a poucos anos nada mais resta senão ruinas, para além de um ou dois edifícios onde a camara instalou serviços. Não me espanta nada que já haja também algum compromisso para construir prédios na Mundet. Também gostava de saber o que foi feito de tudo o que havia dentro da Mundet quando a camara a comprou. Muitos objectos importantes com valor histórico. Passados que são tantos anos de vida percebo que o PCP em que eu votava só existia na minha imaginação. O PCP real era bem diferente. E hoje envergonho-me do que há neste concelho para deixar aos meus filhos. O que temos hoje é a obra dos mais velhos obra essa de que eu me sinto responsável porque votei em quem aos poucos foi destruindo o que eu fui o que nós fomos. Num dos cantos mais bonitos do país deixo de herança aos meus filhos a destruição de tudo o que foi o meu passado e as suas próprias origens.
Bem haja ao autor deste blog que me deu oportunidade de manifestar a minha opinião. Obrigado.
Decreto-Lei n.º 39/2008, D.R. n.º 48, Série I de 2008-03-07
Ministério da Economia e da Inovação
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