segunda-feira, outubro 15, 2007

O NOBEL AMBIENTAL


A questão aqui abordada ontem , a abertura de um canal de navegação entre o gelo do Ártico provocado pelo aumento da temperatura naquele local - é de propósito que não menciono o termo "aquecimento global" - parece ser um tema pacífico e uma consequência positiva, excepto para os ursos - mas vemos que no imediato surgiram reacções politicas e territoriais de certa forma exacerbadas , mesmo entre nações ditas "civilizadas".

Imagine-se agora que consequências politicas poderiam resultar de alterações climáticas locais ou regionais - continua a ser de propósito que não menciono "aquecimento global" - não no Ártico desabitado, mas em zonas densamente povoadas , ou que , pontuais ou generalizadas no espaço e/ou no tempo, ocorressem fenómenos climáticos , mas de dimensão maior que aquilo que estamos preparados, mesmo em nações ditas civilizadas (p.e. New Orleans e furacão Katrina)...

Suponha-se também que um cenário climático extremo, mais abrangente e global ocorre e que as consequências de alterações geográfico/meteorológicas obrigam movimentações de massas humanas não só dentro de um país pode envolver outras fronteiras e territórios...no minimo surgirá, concordarão, a figura do Refugiado Ambiental...isso provocará fricções várias ao nível da paz e dos geo-equilibrios globais .

Haverá posteriormente a normal tentativa de equilibrio de encontro a uma nova ordem mundial, que será tudo menos pacífico, que será provávelmente, pela natureza humana, conseguida, não sem que aconteçam guerras, não sem que a paz e a perda directa ou indirecta de vidas humanas possa m ser postas em causa.

Por tudo isto, e não só pelos seus alertas sobre as consequências globais do aquecimento do planeta já amplamente aqui analisados, considero de toda a justeza e regozijo-me enquanto cidadão, pelo reconhecimento feito pela Academia sueca ao trabalho de divulgação de Al Gore e ao estudo científico desenvolvido pelos cientistas do "Painel para as Alterações Climáticas das Nações Unidas".

Haverá quem tenha ficado "perplexo" com a atribuição do prémio (certamente alguém m
ais avisado que o Comité Nobel ou que os cientistas que trabalharam para as Nações Unidas...só falo nestes porque se citasse Al Gore dir-me-iam que «um juiz de um tribunal estrangeiro tinha encontrado "declarações alarmistas" ou infundadas»...UM JUIZ - note-se - utilizando para o efeito da sua argumentação linguagem e fundamentos juridicos... não científicos portanto !!!).

Al Gore teve o indiscutivel e reconhecido mérito de trabalhar este tema há várias décadas, aproveitou a sua notoriedade pública para passar uma mensagem de prevenção para a insustentabilidade de certas opções de "desenvolvimento" da nossa civilização , não recuando perante tentativas constantes de de descredibilização dos lobbyes mais poderosos do mundo.



A sociedade civil tem-se rendido aos seus argumentos sustentados cientificamente por alguns dos cientistas que com ele partilham este prémio, tem o apoio do Secretário Geral das Nações Unidas e de muitos Governos , teve agora o reconhecimento do Comité Nobel, tal como do ponto de vista documental teve o reconhecimento da Academia de Hollywood.

Al Gore é um homem do seu tempo , aos homens do seu tempo o presente por vezes atribuí o epíteto de charlatães , já Gallileu sofreu um tal descrédito numa época em que não podia provar que era a terra que girava à volta do Sol não o Inverso...

Al Gore, não pode provar aos seus contemporâneos que todos os seus alertas se vão realizar, como Darwin não conseguiu provar a sua teoria da evolução , nem Einstein a sua Teoria da Relatividade ... espero até que o homem esteja errado em toda a linha, mas o facto de ter posto a Humanidade a duvidar de si própria, dos seus métodos e do seu desenvolvimento, fazendo-a humildemente repensar o seu caminho, merece pelo seu principio da precaução , mais que este Nobel , o empenho do Mundo.


9 comentários:

A Comunidade disse...

Este princípio da precaução, se efectivamente quisermos fazer alguma coisa que, num futuro mais ou menos a prazo (digamos 100 anos) consiga PELO MENOS estabilizar o CO2 atmosférico sai MUITO CARA hoje...

Movimentações gerais de milhões de pessoas, só num previsível futuro de uns 150 anos (vamos assumir que as previsões de aumento de tª e eventos extremos se concretizam). Se até lá não conseguirmos reduzir a população duns 7 biliões para uns 2 ou 3 já devemos estar completamente envenenados e com recursos esgotados.

Será que países com temperaturas médias de 0ºC não terão algum interesse em que esta passe a uns confortáveis 3 ou 4 ºC?
Será que se a China, ou os EUA ou, porque não Portugal, recusar gastar mais por energias renováveis (ao preço actual) ou não aumentar os impostos nos combustíveis/energia para tentar limitar o seu uso(com reflexos óbvios em custos de produção e vantagens competitivas face aos restantes "tansos" que tentam minorar as suas pegadas carbónicas) vai ser invadido militarmente?

Solidariedade global com triliões em jogo? Impossível.
Ou melhor, os riscos, as fricções e os geo-equilíbrios, se alguma vez esta política for para a frente aumentarão exponencialmente.

Qual guerra do petróleo ou guerra da água. O problema é mesmo a guerra económica.

Anónimo disse...

Os líbies americnos influenciaram na descridibilização de Gore ao ponto da imprensa americana não ter dado quase nenhum destaque ao prémio Nobel da Paz.

Anónimo disse...

A opinião de Nuno Cavaco autarca CDU no blogue "banheirense" :

"Não é novo este meu incómodo com a questão do clima. Após várias discussões percebo que o assunto não é muito fácil de entender por quem não tem bases, e entenda-se por bases, conhecimentos de geografia, astronomia e física.

Muitos são aqueles que falam sem pensar, sem recorrer às tais bases, batendo no peito e esgrimindo a palavra ambiente. Mas será que sabem que o que se pensava há 20 anos é diferente do que se pensa agora? Ou, será que sabem que os cientistas estão divididos e a forma mais correcta de clarificar é a investigação?

Só com investigação é que podemos chegar a respostas. Não tenho dúvidas que o homem interfere com sistema climático, só não sei qual a responsabilidade dele nas alterações climáticas, se é que estas realmente estão a acontecer.

Aqui podemos traçar 3 cenários:

1- O do Al Gore que implica começarmos a consumir energia renovável e ponto final, porque ele não ataca os consumos directamente, abrindo caminho para a energia nuclear.
2- Investigar mais e tentarmos produzir energia mais limpa e segura.
3- investigar mais, tentarmos produzir energia mais limpa e segura reduzindo realmente os consumos. Não com a poupança da pinga de água, que também é importante, mas comprando menos bens supérfluos e produzindo de forma mais eficaz e amiga do ambiente.

Os cenários constituem-se como opções que podem ser apresentadas de várias formas:

1- Exagerando, como é o caso do Al Gore que até mente.
2- Informando.
3- Informando e prevenindo.

A minha quezília com o Al Gore, que agora é prémio nobel da paz mas que já esteve envolvido em bombardeamentos e portanto em guerra, tem que ver com o meio escolhido para passar uma ideia que não é má de toda. Mas devemos apresentar a verdade. Fica para a história a mostra da morte de ursos, apontada por Al Gore como uma consequência do aquecimento global mas que afinal foi devida a uma tempestade."

Anónimo disse...

"Al Gore (...) abrindo caminho para a energia nuclear." - Nuno Cavaco

Dizer uma mentira muitas vezes não a torna verdade, "camarada" Nuno.

"Q. Let's turn briefly to some proposed solutions. Nuclear power is making a big resurgence now, rebranded as a solution to climate change. What do you think?

AG. I doubt nuclear power will play a much larger role than it does now.

Q. Won't, or shouldn't?

AG. Won't. There are serious problems that have to be solved, and they are not limited to the long-term waste-storage issue and the vulnerability-to-terrorist-attack issue. Let's assume for the sake of argument that both of those problems can be solved.

We still have other issues. For eight years in the White House, every weapons-proliferation problem we dealt with was connected to a civilian reactor program. And if we ever got to the point where we wanted to use nuclear reactors to back out a lot of coal -- which is the real issue: coal -- then we'd have to put them in so many places we'd run that proliferation risk right off the reasonability scale. And we'd run short of uranium, unless they went to a breeder cycle or something like it, which would increase the risk of weapons-grade material being available.

When energy prices go up, the difficulty of projecting demand also goes up -- uncertainty goes up. So utility executives naturally want to place their bets for future generating capacity on smaller increments that are available more quickly, to give themselves flexibility. Nuclear reactors are the biggest increments, that cost the most money, and take the most time to build.

In any case, if they can design a new generation [of reactors] that's manifestly safer, more flexible, etc., it may play some role, but I don't think it will play a big role."

Sobre o Ethanol de milho e a pretença do dito ao lobby do mesmo. Outra mentira que por muito repetida que seja pega pouco.

"Q. How about the other big, new contender, ethanol?

AG. Cellulosic ethanol. Different from corn-based ethanol. I think it is going to be a huge new source of energy, particularly for the transportation sector. You're going to see it all over the place. You're going to see a lot more flex-fuel vehicles. You're going to see new processes that utilize waste as the source of energy, so there's no petroleum consumed in the process -- that makes the energy balance uniformly positive, so you can regrow it and it does become, in a real sense, renewable. You may also begin to see a new generation of fuel cells that run on cellulosic ethanol, where you can grow your own electricity. I think it's going to play a huge role."

Mais em http://www.grist.org/news/maindish/2006/05/09/roberts/

Anónimo disse...

Os críticos porque sim podem juntar-se nesta linha:

http://gristmill.grist.org/story/2007/10/16/15732/196

Em alguns casos quase que oiço o Nuno Cavaco e "camaradas", mas depois olho e afinal são os tipos da mais direita e extrema direita dos USA que estão a falar.

Não deixa de ser fabuloso.

Anónimo disse...

Onde o Nuno Cavaco devia ir buscar inspiração para o seu Anti-Gorismo primário.

Sempre era bem mais interessante de lêr.

Anónimo disse...

Realmente um homem que fez parte da administração Clinton e concordou bombardear a ex-Jugoslávia merece um Nobel da Paz..
Já agora dêem um Nobel da Paz ao Hitler a título póstumo.

Anónimo disse...

"Anónimo said...
Realmente um homem que fez parte da administração Clinton e concordou bombardear a ex-Jugoslávia merece um Nobel da Paz..
Já agora dêem um Nobel da Paz ao Hitler a título póstumo"

10/18/2007 04:36:00 AM

e é isso que está em causa na escrita, ó estupido?

Anónimo disse...

Talvez seja parvo, Talvez seja estúpido. Mas lá que é tolinho é..