Transcrevemos de http://inflorescencias.blogspot.com/ o post de 12 Novembro de 2008, "Carta aberta aos Almadenses", enviada pela autora e moradora local, a um jornal que se publica diariamente.
Carta aberta aos Almadenses
Carta aberta aos Almadenses
Avenida Bento Gonçalves, outrora principal avenida da cidade e entrada da mesma
Caros concidadãos,
Não querendo ficar por aí, todos sabemos como a edilidade pilhou os estacionamentos da cidade em nome duma outra ideia de progresso, a mobilidade.
E afirmo pilhou porque todos nós pagámos esses estacionamentos aquando da compra da casa pois, para quem não o saiba, as envolventes das edificações são pagas pelos construtores das mesmas que, por sua vez, vertem esse custo no preço final dos imóveis.
Hoje, esses estacionamentos pagos não são mais do que empedrados grotescos e ondeantes com pseudo definição de arte portuguesa, sem qualquer outra serventia senão a de esperar que alguém se passeie sobre eles, quiçá em busca da cidade perdida, e com outra virtude escondida, a de amplificar os sons da cidade.
Ainda antes, essa mesma edilidade instituiu uma espécie de polícia camarária cujo objectivo, leia-se multas, é conseguido por meio de emboscadas e autênticas esperas ao “infractor”. Se tudo isto não é uma forma de pilhagem, perdoem-me mas o meu dicionário não lhe atribui outro vocábulo, provavelmente por notória falha minha de português.
Mas não expiram aqui os erros no que toca às pretensas Requalificação e Mobilidade sem falar de outro atentado às mesmas feito no famigerado triângulo da Ramalha.
Depois de muito acesos fóruns de eventual opinião pública, depois de debatidas, estudadas, escolhidas e autorizadas opções mais viáveis, eis que sujeitam as ruas Lopes de Mendonça e José Justino Lopes à mais completa devassa dos direitos de qualquer cidadão deste país.
Para além da perda dos estacionamentos para cerca de uma centena de automóveis, o designado canal do metro imiscui-se entre os prédios roçando portas principais e entradas para garagens, transformando o que antes era uma zona aprazível, até chamada nobre, numa salganhada de linhas, postes, semáforos, sinais de trânsito – quais palitos espetados num pedaço de queijo – e dificultando uma simples descarga de compras ou tornando o arrumar do carro na garagem numa missão quase impossível.
E aqui subjaz a segunda questão: com que argumentos se convenceu, ou se deixou convencer, o Estado, dono da obra, a optar por uma solução mais cara e muito mais fracturante na qualidade de vida dos munícipes, se já havia autorizado a proposta dos mesmos?
Ora, se com as denominadas “Requalificação e Mobilidade” estamos como aqui se descreve - recorrendo a novo ditado, é caso para dizer que foi pior a emenda do que o soneto – passemos à terceira e última questão, mais do que pertinente; desconhece o executivo camarário o ruído ensurdecedor do guinchar metálico e perfurante das rodas nos carris do transporte apresentado como silencioso?
Não, não desconhece porque muitos de nós já fizeram chegar o seu desconforto, para dizer o mínimo, ao dito cujo executivo.
Mas como em tudo o mais que se refira a interpelações dos munícipes, a noção de democracia da edilidade não lhe permite sequer acusar a recepção do correio electrónico, quanto mais responder-lhe.
E quisera eu falar apenas na estridência de ferro contra ferro, agora já se lhe juntou uma espécie de martelar profundo, como se as rodas das composições fossem quadradas. Não tem sido possível dormir, ou simplesmente intentar fazê-lo, com semelhante vizinhança, ainda em testes, e eis que estamos no século XXI, num Estado de direito no qual os cidadãos são tidos em conta tão-somente a cada final de mandato.
Tenho votado neste executivo, confesso antes que me atribuam intenções escusas, pelo que assumo a minha quota-parte de culpa neste desastre e não, não estou contra o Metro, estou contra o que dele fizeram. Mas nunca é tarde para mudar e recuperar a dignidade. Mataram Almada, que não matem a nossa voz!
Posted by GMaciel
Caros concidadãos,
Fazendo eco do mote vindo do outro lado do Atlântico, sim, nós podemos! Podemos, sim, podemos e devemos questionar aqueles que, alegadamente, nos representam e a quem entregamos os nossos impostos, suor e lágrimas na presunção de serem usados no bem comum, sobre o que de facto deles fazem.
Num país governado, no que a impostos respeita, a garrote e canga, onde o ditado se subverte enquanto damos a uva para no-la restituírem em parras, é urgente inquirir sobre decisões comprovadamente erradas.
E hoje tenho, tal como muitos de vós, imensas questões a levantar sobre o designado Metro ligeiro na cidade de Almada.
Num país governado, no que a impostos respeita, a garrote e canga, onde o ditado se subverte enquanto damos a uva para no-la restituírem em parras, é urgente inquirir sobre decisões comprovadamente erradas.
E hoje tenho, tal como muitos de vós, imensas questões a levantar sobre o designado Metro ligeiro na cidade de Almada.
A primeira e que nos perpassa pela mente sem que tenhamos de ser engenheiros, bastando-nos o bom senso, é; como foi pensado o traçado escolhido? Ou melhor, foi o traçado deveras “pensado”?
A minha dúvida reside no facto de terem transformado a entrada principal da cidade, por isso mesmo a mais movimentada, numa via secundária de uma única faixa para cada lado, com escolhos sinuosos travestidos de paragens, atravessada por duas linhas do “moderno eléctrico” – que poderiam ter sido soterradas - e cujos semáforos em hora de ponta se limitam a alguns segundos de intermitência, com os engarrafamentos que isso acarreta.
Como se não bastasse, ainda transfiguraram pequenas ruelas interiores em ruas principais, sem espaço ou sentido, muitas delas obrigando a volteios intermináveis por dentro da velha cidade sem destino plausível, apenas isso mesmo, volteios sem chegar a lado algum.
Ruelas outrora pacatas, marcadamente vivenciadas pela população mais idosa da cidade, e que se vêem, em nome duma suposta requalificação, lotadas de carros, alguns perdidos no labiríntico devaneio de quem o idealizou, e as expectáveis buzinadelas de gente já à beira de uma crise de nervos.
Se isto se passa com o cidadão que se desloca para e do trabalho, imagine, quem ainda não testemunhou, o problema das viaturas de emergência; trancadas entre veículos que não têm para onde se esgueirar a fim de dar passagem àqueles sobre quem pesa a necessidade premente da urgência. Lastimável? Não, vergonhoso!
Como se não bastasse, ainda transfiguraram pequenas ruelas interiores em ruas principais, sem espaço ou sentido, muitas delas obrigando a volteios intermináveis por dentro da velha cidade sem destino plausível, apenas isso mesmo, volteios sem chegar a lado algum.
Ruelas outrora pacatas, marcadamente vivenciadas pela população mais idosa da cidade, e que se vêem, em nome duma suposta requalificação, lotadas de carros, alguns perdidos no labiríntico devaneio de quem o idealizou, e as expectáveis buzinadelas de gente já à beira de uma crise de nervos.
Se isto se passa com o cidadão que se desloca para e do trabalho, imagine, quem ainda não testemunhou, o problema das viaturas de emergência; trancadas entre veículos que não têm para onde se esgueirar a fim de dar passagem àqueles sobre quem pesa a necessidade premente da urgência. Lastimável? Não, vergonhoso!
Não querendo ficar por aí, todos sabemos como a edilidade pilhou os estacionamentos da cidade em nome duma outra ideia de progresso, a mobilidade.
E afirmo pilhou porque todos nós pagámos esses estacionamentos aquando da compra da casa pois, para quem não o saiba, as envolventes das edificações são pagas pelos construtores das mesmas que, por sua vez, vertem esse custo no preço final dos imóveis.
Hoje, esses estacionamentos pagos não são mais do que empedrados grotescos e ondeantes com pseudo definição de arte portuguesa, sem qualquer outra serventia senão a de esperar que alguém se passeie sobre eles, quiçá em busca da cidade perdida, e com outra virtude escondida, a de amplificar os sons da cidade.
Ainda antes, essa mesma edilidade instituiu uma espécie de polícia camarária cujo objectivo, leia-se multas, é conseguido por meio de emboscadas e autênticas esperas ao “infractor”. Se tudo isto não é uma forma de pilhagem, perdoem-me mas o meu dicionário não lhe atribui outro vocábulo, provavelmente por notória falha minha de português.
Mas não expiram aqui os erros no que toca às pretensas Requalificação e Mobilidade sem falar de outro atentado às mesmas feito no famigerado triângulo da Ramalha.
Depois de muito acesos fóruns de eventual opinião pública, depois de debatidas, estudadas, escolhidas e autorizadas opções mais viáveis, eis que sujeitam as ruas Lopes de Mendonça e José Justino Lopes à mais completa devassa dos direitos de qualquer cidadão deste país.
Para além da perda dos estacionamentos para cerca de uma centena de automóveis, o designado canal do metro imiscui-se entre os prédios roçando portas principais e entradas para garagens, transformando o que antes era uma zona aprazível, até chamada nobre, numa salganhada de linhas, postes, semáforos, sinais de trânsito – quais palitos espetados num pedaço de queijo – e dificultando uma simples descarga de compras ou tornando o arrumar do carro na garagem numa missão quase impossível.
E aqui subjaz a segunda questão: com que argumentos se convenceu, ou se deixou convencer, o Estado, dono da obra, a optar por uma solução mais cara e muito mais fracturante na qualidade de vida dos munícipes, se já havia autorizado a proposta dos mesmos?
Ora, se com as denominadas “Requalificação e Mobilidade” estamos como aqui se descreve - recorrendo a novo ditado, é caso para dizer que foi pior a emenda do que o soneto – passemos à terceira e última questão, mais do que pertinente; desconhece o executivo camarário o ruído ensurdecedor do guinchar metálico e perfurante das rodas nos carris do transporte apresentado como silencioso?
Não, não desconhece porque muitos de nós já fizeram chegar o seu desconforto, para dizer o mínimo, ao dito cujo executivo.
Mas como em tudo o mais que se refira a interpelações dos munícipes, a noção de democracia da edilidade não lhe permite sequer acusar a recepção do correio electrónico, quanto mais responder-lhe.
E quisera eu falar apenas na estridência de ferro contra ferro, agora já se lhe juntou uma espécie de martelar profundo, como se as rodas das composições fossem quadradas. Não tem sido possível dormir, ou simplesmente intentar fazê-lo, com semelhante vizinhança, ainda em testes, e eis que estamos no século XXI, num Estado de direito no qual os cidadãos são tidos em conta tão-somente a cada final de mandato.
Tenho votado neste executivo, confesso antes que me atribuam intenções escusas, pelo que assumo a minha quota-parte de culpa neste desastre e não, não estou contra o Metro, estou contra o que dele fizeram. Mas nunca é tarde para mudar e recuperar a dignidade. Mataram Almada, que não matem a nossa voz!
Posted by GMaciel
7 comentários:
Que é feito do João Afonso???
Excelente exemplo de cidadania.
Infelizmente a autora da carta está cheia de razão.
Estudei no secundário em Almada, frequentei-a muito, por isso.
No presente praticamente só lá vou por questões profissionais, mas corroboro que passar naquela avenida à hora de ponta, tornou-se um pesadelo, face ao pandemónio.
Pergunto: como foi possível tal falta de planeamento?
Independentemente de partidarizar esta questão, pergunto: quem planeia, alguma vez se imagina a andar de carro nesse local ou simplesmente está a olhar para o projecto?
Temos de dizer a certos senhores que uma coisas são as construções em Lego, onde interessa apenas o planeamento virtual, a imagem final da construção, outra coisa é a realidade, onde diariamente centenas,milhares de pessoas se deslocam casa-emprego, emprego-casa.
Era importante que os responsáveis pensassem nessa franja da população. Que pensasse que naquelas avenidas, a que se está a reduzir uma via em cada sentido vão passar X carros/hora, sobretudo na chamada hora de ponta. Temo que isso não seja projectado dessa forma, ou que seja mal projectado.
A ideia: "usem os transportes públicos", também estou de acordo, mas para isso tem de se criar condições que manifestamente não existem em muitos casos, sobretudo na articulação entre os mesmos, sobretudo ao nível dos horários, preços, trajectos.
Uma nota final: e se houver uma trajégia à hora de ponta? E se tiverem de se deslocar dezenas de ambulâncias e carros dos bombeiros e da polícia em simultaneo para o centro de Almada?
Estará articulado em termos de protecção civil? acho difícil conceber como será possível esses meios de auxilio coexistirem ( em termos de eficiência) com a restante fila interminável de automóveis (relembro que fila única em cada sentido).
Ao Ponto Verde, quero pedir que nos continue a contemplar com o excelente serviço público de denuncia, que tem prestado a toda a população da margem sul.
Bom fim-de-semana
"Ao Ponto Verde, quero pedir que nos continue a contemplar com o excelente serviço público de denuncia, que tem prestado a toda a população da margem sul." Paulo Edson Cunha
Ficamos a saber que Paulo Edson da Cunha subscreve e apoia esta forma de fazer política, denegrindo pessoas, mentindo, fazendo acusações que não são provadas.
Paulo Edson da Cunha você não muda nada e nada quer mudar e até sabe que para se manter tudo na mesma é preciso mudar alguma coisa.
Já me enganou, agora não engana mais.
Ao anterior comentador:
O Senhor/a (Afastado) referiu sobre este blogue :
¨Ficamos a saber que Paulo Edson da Cunha subscreve e apoia esta forma de fazer política, denegrindo pessoas, mentindo, fazendo acusações que não são provadas.¨
Onde estão as acusações não provadas, as mentiras e as pessoas denegridas que refere ?
Envie essas prova e publicá-las-ei.
Quando aqui chamo a atenção, como sabe, tenho o cuidado de encontrar links, documentar em imagens e documentos, e ir procurar até o possível contraditório.
Mas todos os que de forma coerente e sustentada fazem crescer de dia para dia o número de comentários, o número de visitas e de páginas lidas , sabem e reconhecem o trabalho de cidadania aqui feito.
Aos outros, que como o senhor cá também vêm diáriamente, também o sabem , embora compreenda que os incomoda.
Compreendo, mas não é por isso que vou deixar de querer o melhor para a minha região , e que está a anos luz do que aqui é feito de há trinta anos a esta parte.
Agradeço também as palavras de Paulo Edson pessoa que não conheço , mas que tem mostrado ser um dos que mais tem demonstrado estar com a vontade de liderar a mudança que tanto necessitamos.
Almadenses
Permitam-me esta sugestão:
ESTA CARTA ABERTA AOS ALMDENSES, é a expressão de um sentir colectivo escrito por uma pessoa que reside em Almada.
Não distorce a realidade na sua certeira avaliação do que é Almada e dos aspectos negativos para Almada do MST, porque a Presidente da Câmara não deu ouvidos aos almadenses, aos moradores, às populações.
Face à relevância deste documento e porque sabemos do controle que existe sobre a comunicação social exercida por quem controla o poder seja governo ou autárquico, com requintes que nem aos de antigamente lembrava, sugiro que quem esteja de acordo com o teor da Carta Aberta, que faça pelo menos dez cópias e as passe a almadenses,amigos, vizinhos, colegas de trabalho, ou conhecidos, pedindo que cada receptor, podendo faça também dez cópias e as repasse, estabelecendo-se assim uma cadeia para fazer passar a mensagem.
ISTO É IMPORTANTE PARA ALMADA, PARA LIBERTAR ALMADA DO AUTISMO QUE A GOVERNA.
Julgo que não é difícil fazê-lo. Hoje queM tem um computador e impressora possivelmente tem também possibilidade de fazer fotocópias e não fica caro.
Eu vou fazer cópias e distribui-las
SÃO SÓ 10 FOTOCÓPIAS por ALMADA!
Agora é assistir na caça à multa dos funcionários da ENCALMA equipados de reboque e trancas viaturas aos MARGINAIS que têm os seus filhos no ensino privado num colégio que existe em Almada há mais de meio século, mas que agora é prciso edudar e pôr na ordem.
Para a Câmara de Almada não dava nada jeito aquele colégio ali.aliás, o modelo de cidade da D.Emilia é aquela das maquetes com uma linha de comboio, mas claro que sem gente. É essa cidade que a CDU decretou para Almada.Parabéns a autora da carta.
Excelente carta, transmite exactamente o que população que mora à beira do MST, (que ficou sem estacionamento, que tem que ouvir o barulho dos carris e do metro a apitar a toda a hora (desde as 7h da manhã..)), sente. Moro na rua dr alberto araujo, para uma rua que possui mais de 300 apartamentos, ficamos com um estacionamento com um máximo de 100 lugares; de manhã não conseguimos sair da rua.. o semaforo está quase sempre vermelho devido ao metro... o barulho nem se fala...
os senhores da ecalma já multaram o meu carro, para este problema estou a pensar em pedir à srª presidente para o natal um "transformer".. é que assim carrego num botão ele transforma-se numa caixa para o poder levar para casa...
Enviar um comentário