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sexta-feira, agosto 05, 2005
INCÊNDIOS - UM PAIS CADA DIA MAIS POBRE
imagens : zona protegida no PDM do Seixal ,da Flor da Mata - Pinhal dos Frades (uma das zonas do país ciclicamente afectada por incêndios de causas não naturais, relacionados com a pressão urbana).
Dia 1 de Agosto falou-se aqui da perda de biodiversidade (vertente fauna) que determinadas decisões têm, para zonas que hoje são equilibrantes, para as zonas urbanas , em termos de conservação da natureza e bem estar das populações.
Apesar das autarquias reconhecerem esta importância em sede de Planos Directores Municipais, elaborados por técnicos, isentos, muitas vezes exteriores à orgânica camarária, assiste-se depois ao longo dos anos a um desvirtuar dessas politicas conservacionistas, aproveitando as medidas de excepção para ceder ao betão em áreas que os PDM determinam non edificandit , o alheamento das populações faz o resto...
A primeira vertente a sofrer com este estado de coisa é a vertente vegetal, nunca a flora foi tão ignorada na sua importância como hoje, mesmo a visão da floresta como sorvedouro de carbono é desvalorizada por muitos. Nas zonas urbanas as cidades portuguesas são das menos arborizadas da Europa, e nas suas periferias são mais olhadas como entrave para a expansão urbana do que um factor cinequanon em termos de desenvolvimento sustentável e factor fundamental da sobrevivência da propria cidade.
Hoje é noticia banal que o "país florestal está a arder" , o fogo entrou na nossa rotina, o que poderá até querer dizer, na nossa indiferença, e atigiu de tal forma uma dimensão macro, que há o perigo de vermos arder a floresta sem ver a árvore que arde, muito menos o arbusto ou a mais pequena planta ou líquene, quando o mais pequeno fungo é de uma importância extrema para a sustentabilidade do ecossistema e logo, para o homem como parte desse ecossistema.
Quando uma floresta arde, o que volta a nascer primeiro e cria a base da renovação da floresta , são as pequenas plantas, só depois os arbustos e as àrvores de maior porte, criando de novo o "suporte básico de vida" de todo o ecossistema por isso a gestão deste coberto base deve ser considerada como prioritária e não desvalorizada como é hoje.
Numa Margem Sul urbana , mas com intimas ligações à natureza, há trinta anos era maioritáriamente uma sociedade de base rural, vemos arder a floresta sem interiorizar sequer a perda que tal representa de recursos num país onde eles escasseiam. Assentámos erradamente, o nosso desenvolvimento no betão e no alcatrão (o que não nos tirou da cauda da Europa) e esquecemos os recursos da terra, a cortiça de que somos primeiro exportador e produtor mundial e todos os outros "pequenos recursos" que permitem o sustentáculo de economias de dimensão humana, assentes na terra e no ciclo da natureza, duma sustentabilidade e qualidade notáveis e exemplares.
Ao olhar hoje para o céu da cidade vemos que o cinzento não veio por acaso e que mesmo longe dos incêndios de ontem vemos que hoje e como sua consequência temos um céu menos azul e um ar menos puro, não nos podemos pois, alhear ou "rotinar" das noticias que se transformaram demasiado frequentes. Quando arde uma floresta, é mais do que o somatório de várias àrvores longe das nossas casas que desaparece, é a nossa riqueza que se esfuma , é a nossa vida que se transforma.
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Não é só o cinzento de um céu carregado de fumo, hoje ultrapassamos em algumas zonas do país os niveis recomendados para o ozono troposférico nomeadamente no Seixal, mais uma razão para nos preocuparmos na conservação das nossas florestas e pôr um travão na betonização das nossas cidades.
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