MORTE DE ALVARO CUNHAL É PRETEXTO DE PROPAGANDA ELEITORAL NO SEIXAL

Torre da Marinha Seixal, um exemplo da harmonia urbanistica elogiada por Ana Sá Lopes no Publico de hoje 14 de Junho de 2005 - Bad urban politics and heavy economical pressions put environment and good urban politics in secoun plan at the south side of the River in Lisbon area-

Esqueçam os leitores e todos os que aqui têm dado o seu contributo mostrando tudo o que aqui foi escrito, o que está mal no Seixal e na Margem-Sull, mostrando como poderia ser melhor, mostrando o déficite democrático à "Ferreira Torres" que temos denunciado. Afinal no Seixal, descobre-se hoje que se vive no paraíso quer politicamente quer ambientalmente. Fiquemo-nos pois pela versão oficial dada por uma jornalista do PUBLICO num vergonhoso aproveitamento eleitoralista da morte de Alvaro Cunhal.

Antes porém, e sobre a morte de Alvaro Cunhal o a-sul subscreve o editorial do Diário de Noticias de hoje assinado por Miguel Coutinho que escrevia " O respeito pelas personagens e pela coerência dos seus percursos não deve, porém, afastar-nos do essencial :Vasco Gonçalves e Álvaro Cunhal sonharam um país esculpido na cartilha marxista-leninista sem espaço para o pluralismo de ideias nem para a economia de mercado. (...) Podemos não partilhar da visão do mundo de Cunhal e discordar dele. Àlvaro Cunhal não ganhou nem impôs felizmente, a sua unanimidade.Mas merece o nosso respeito."

Subscrevemos também o Editorial do Correio da Manhã considerado um dos "menos sérios ou mais tablóides" dos jornais diários , mas que foi dos três jornais aqui referidos , o que menos "pornográficamente" se aproveitou da morte de Àlvaro Cunhal para encher (e vender) papel, escrevia Alberto Gonçalves sobre as mortes de Vasco Gonçalves e Àlvaro Cunhal (...) "Os falecidos deixam-nos sempre legados assim fascinantes.E, dada a solenidade da hora convém respeitá-los.(...) Ainda assim, e se não me engano , um e outro contribuiram com inegável empenho para que isto se transformasse numa Cuba, ou numa Albânia (...) Se alguma coisa lhes devemos, é o fracasso dos seus intentos (...) Mas do mero respeito à homenagem vai um passo enorme, a enormidade que é ver uma democracia homenagear os seus principais inimigos".

E do Público, destacamos do Editorial de José Manuel Fernandes : "(...) E a utopia comunista era gloriosa se não se tivesse revelado a mais trágica e sangrenta ilusão do século XX. (...)
Àlvaro Cunhal nunca poderia deixar de ser Àlvaro Cunhal e , felizmente em 1975 , foi o "Kerensky" português, Mario Soares, que levou a melhor sobre a nossa incarnação de Lenine. Porque se tivesse sido ao contrário, a fidelidade ao marxismo-leninismo teria sido prosseguida da mesma forma implacável que sempre foram regra de vida de Cunhal.O que teria significado uma ditadura, até em nome da coerência (...)"

No meio de análises tão sérias fica-se estupefacto com o artigo (estória ou conto seria melhor definição ) também no Publico, sobre as repercurssões da morte de Àlvaro Cunhal no Seixal, escreve assim Ana Sá Lopes "No Seixal, a sede do PCP está instalada (uma das conquistas de Abril) junto ao rio, no antigo clube naval, um esplêndido edificio restaurado.

Fica no centro da cidade, junto ao jardim. A beira-Tejo e a harmonia do conjunto urbanistico desmentem as generalizações habituais dos lisboetas sobre as desgraças da Margem Sul" Depois num verdadeiro delirio criativio a articulista fala de memórias que militantes comunistas locais têm de Cunhal, misturadas com são convivio na respectiva sede do PCP onde confraternizam "António Mateus bebe uma imperial também ao balcão.É militante do Bloco de Esquerda, foi da UDP. Nunca foi militante do Partido Comunista, mas chegou a distribuir comunicados na Faculdade de Direito antes do 25 de Abril. 'Tinha divergências com Àlvaro Cunhal, mas é um homem que admiro muito'. Está acompanhado de um amigo que se identifica como 'extrema-direita' mas não quer dar o nome. Para este, Álvaro Cunhal é uma ' segunda edição de Salazar' e 'um Salazar com foice e martelo' e ao 25 de Abril chama '25 barra 4' (...)

Que faz um anti-comunista numa sede do PCP? 'Eu conheço bem isto, era o Clube Naval, cheguei a ter aqui o meu barco'.António Mateus, o amigo com quem o anti-comunista bebe uma imperial, acha que, apesar das 'muitas divergências ideológicas' que teve com Àlvaro Cunhal, é de tipos como ele que se faz um país, que quase se faz a humanidade'.

Apesar de ser do Bloco de Esquerda, vota CDU para a Câmara, porque 'é espectacular a trabalhar. O Seixal tem a melhor câmara do país' : 'Há malta do CDS que vem aqui almoçar e votam neste presidente da Câmara."

Isto publicado a propósito da morte de Àlvaro Cunhal no Boletim Municipal ou no Avante já seria um aproveitamento politico vergonhoso com fins eleitorais desse triste acontecimento, vindo escrito no Público é simplesmente obsceno, irreal, mentiroso. A coexistência democrática de antagonistas democráticos do PCP no Seixal é do puro dominio da ficção, tal como a "harmonia urbanistica" do concelho do Seixal.

Ver um militante do BE em amena Cavaqueira com um amigo da "extrema-direita" na sede do Partido Comunista no Seixal, no dia da morte do lider comunista , é de uma imaginação delirante (o individuo de extrema direita diz mesmo mal de Cunhal ...e emborcam todos, camaradas incluidos, pacificamente, mais uma "bejeca") ou aqui no Seixal e sobretudo no a-sul estamos todos doidos , ou "Seixal tem a melhor câmara do país" ou a jornalista enganou-se no autocarro e desembarcou em Marco de Canavezes, outro paraíso autarquico, sem ter lido o trabalho publicado na ultima revista "Publica" no jornal onde assina o seu nome.

Deixo ao vosso critério!