sexta-feira, junho 24, 2005

CÉU SEM ESTRELAS - QUATRO ANOS DEPOIS


Na imagem - Amora (In the last four years Portugal have loose an oportunity to improove the environment and the wellfare of the people, but no politics in that direction have been applied, we are now worst then 4 years ago, an example, a text writed 4 years ago by an important journalist and environmentalist)

Recuperamos aqui um editorial de Viriato Soromenho Marques publicado no jornal SEMMAIS nas vésperas das ultimas eleições autárquicas. Quatro anos depois continua tristemente actual:

"Céu sem estrelas : Num artigo recente publicado no Expresso, a socióloga e jornalista Luísa Shmitt chamava a atenção, baseando-se numa investigação aturada, para o facto de os concelhos da Margem Sul estarem a ser vítimas de uma vaga avassaladora e descontrolada de construção civil, que coloca em causa o interesse publico e o património natural comum.

Na verdade , a democracia não foi capaz de produzir qualquer visão estratégica para odesenvolvimento sustentável desta vasta região.Os concelhos funcionam como pequenos átomos desconexos e sem visão do todo.As administrações municipais são frágeis, burocráticas e sem qualquer transparência.Os interesses de meia dúzia de especuladores e promotores imobiliários pesa muito mais do que o direito de dezenas de milhar de munícipes a habitarem em lugares providos de equilibrio ambiental e um minimo sentido de beleza.

'...Tudo à volta é tão feio, só me apetece fugir' estes versos de Rui Veloso retirados do seu conhecido tema 'Não há estrelas no Céu' acorre à mente de qualquer pessoa que percorra muitas das zonas do distrito de Setúbal. As construções nascem como cogumelos nos sítios errados, em cima de leitos de cheia, em cima de terrenos de aptidão agrícola, sobre reserva ecológica. Derrubam-se matas de sobreiros para fazer loteamentos, ultrapassando disposições de planeamento ou de simples bom senso. E tudo isto é feito na maior das obscuridades, utilizando a ausência de transparência da nossa administração, que é ainda maior quanto mais se desce no aparelho do Estado.

Em trinta e cinco anos (construção da ponte sobre o Tejo) , a face do distrito, uma das mais belas do país, tornou-se feia, suja e desordenada. A população aumentou, arrastada pelas promessas de emprego e pelas formas de planeamento passivo representadas pela construção de vias de comunicação, desenquadradas de qualquer instrumento de planificação e ordenamento do território.Isso aconteceu em 1966. A lição não foi aprendida. Voltou a repetir-se com a ponte vasco da Gama que aí está, com o seu cortejo de imparável desordenamento.

Com o flagelo da desordem urbanistica rompem, em enxame, os outros 'cavaleiros do apocalipse' : a excusão social, a criminalidade, o desenraizamento, a ausência de identificação com o espaço e os valores da comunidade. A própria ausência do sentido de comunidade, que conduz à mais vegetativa apatia civica.

Num ano em que vamos ser chamadoa às urnas para eleger novas direcções autárquicas é necessário, por um lado que o país repense o seu sistema eleitoral, e , por outro lado, que o distrito e a região repensem o seu futuro

Precisamos de um modelo de desenvolvimento sustentável para o distrito de Setúbal.Para isso a transparência política é uma prioridade do interesse público, assumem-se como valores reitores fundamentais.
Perante os desmandos e a fealdade de tanto desordenamento, é tempo de dizermos, como José Régio, '...sei que não vou por aí'. "

O texto de Viriato Soromenho Marques é de tal forma actual e de tal qualidade e conteúdo que não resistimos em transcrevê-lo na integra, o que significa que nada se fez no bom sentido nos ultimos quatro anos, antes regredimos face à Europa muitos mais. O que nos deixa apreensivos face ao futuro das proximas gerações, uma vez que a convergência ambiental, de planeamento e ordenamento face à Europa está cada vez mais longe de se concretizar , e cada vez estamos mais próximos do Terceiro Mundo nos mais variados indicadores de civilização e bem estar. Posted by Hello

5 comentários:

Anónimo disse...

Há quem use a expressão "para quem é, merda basta" e às vezes acho que isso se aplica bem aos residentes desta zona de Almada, Seixal, Barreiro.
Eu costumo dizer que aqui ninguém quer saber de nada, só é importante que se reunam 3 condições: ter saldo no telemóvel, ter um lugar para parar o carro - de preferência bem junto à porta da casa - e que o hipermercado esteja aberto para passear e fazer compras ao som da música, mais ou menos acelarada, conforme o interesse do lojista.

Somos residentes pouco críticos, pouco participativos e que nos contentamos com muito pouca qualidade de vida, alimentando-nos com engodos diversos, sendo os meus engodos favoritos as promessas de políticos camarários e das fracas oposições locais, bem como as manchetes do Boletim Municipal em ano de eleições.
A minha manchete favorita deste ano foi a que anunciou na capa uma ponte que liga o Seixal ao Barreiro, quando na prática o artigo fala de um estudo que, depois de produzido, pode dar sentido a que esse desiderato aconteça.

A ponte é importante que seja feita, para reduzir distâncias, a publicidade enganosa é que é pena e dispensável.

Anónimo disse...

Uma ponte entre o Seixal e o Barreiro? Encurtaria de tal forma a distância que os dois hospitais do Barreiro ficariam tão perto quanto o que queriam construir no Seixal, o que se pouparia em tempo e dinheiro, a ponte é uma boa ideia!!!

Anónimo disse...

O primeiro comentário tem algum fundamento, mas o seu redactor esqueceu-se de que ele tb tem culpa no facto das populações referidas serem assim algo afastadas da participação na cidadania e construção do poder autarquico. A resposta a esse problema começa em cada um de nós e esse problema responsabiliza-nos a todos. Eu sou militante de um partido da oposição de um destes concelhos, e respondendo à critica lançada, de termos oposições frágeis, só pode ter sido feita por quem nunca se assumiu publicamente por oposição e nunca sentiu na pele o facto de nestes concelhos pertencer a uma força politica diferente daquela que se encontra no poder há mais de trinta anos. Fomos prejudicados, pressionados, injuriados, ameaçados e até agredidos. Vimos as nossas vidas pessoais serem devassadas. Sentiamo-nos como se fossemos estrangeiros no nosso próprio país, no nosso concelho. Qualquer coisa que fosse necessária das autarquias era dificultada ao máximo. Como tal nunca se refira às oposições concelhias destes três concelhos como fracas, mas sim como pequenas mas corajosas. Venha junte-se a nós!!

Anónimo disse...

Gostei mt do teu blog, o meu trata-se do mesmo.........visita-o.

Anónimo disse...

Por coincidência, a foto da cidade de Amora foi tirada ao pé de minha casa. O prédio à esquerda, do qual se vê só um bocado branco, pertence a uma fileira de quatro, que acompanham a rua que sobe. Moro num deles e garanto q, não sendo estupenda, a vista traseira (da foto) é melhor do q a dianteira.
Há tempos enviei um email para a Junta de Freguesia de Amora - JFA. Não obtive qualquer resposta. Entretanto, enviei 2º email, em sequência de novo acontecimento. Passado outro tempo, recebi uma curta e seca resposta, de quem das três uma:
- ou me quer destituir da causa ;
- ou não é perspicaz o suficiente para descobrir o local "do crime", apesar das muitas pistas que dei;
- ou há outros tantos sítios da zona q encaixam no perfil.

Nenhum vento de mudança parece soprar. Vive-se no comodismo das 3 condicionantes q refere NP. Ou na rebeldia do jogo da bola, cervejola e caracolada... nada parece resultar melhor do q o golinho ou o petisquinho com um copinho para q haja alegria nesta terra. Porque há q esquecer a tristeza; porque a indiferença não resolve mas ajuda.
É triste q a nossa alegria não possa vir do trabalho q temos, da casa q temos, do sítio onde moramos, do civismo e harmonia q reinam nas ruas... É triste ver q esta Câmara PCP deixa afinal o seu povo ao semi-abandono. É triste ver a Câmara do Seixal a aparecer no Correio da Manhã porque ficou a dever qualquer coisa como 1000 euros (já não me recordo exactamente) a uma pequena empresa local, por falta de verba, contraindo assim a dívida por umas t-shirts comemorativas de uma pomposa iniciativa. Este facto da dívida surgiu em paralelo com as contas de telemóvel (não do telefone à disposição nos muitos gabinetes e escritórios) q os senhores dos diferentes partidos nesta autarquia se dão ao luxo de mês a mês acumular. Qualquer um deles gastava de 500 a 1000 euros por mês. Mas para as t-shirts encomendadas, fabricadas e usadas, não havia verba. É assim q até neste concelho vermelho se explora o povo habitante e os negócios q a custo se tenta manter. Mas quem sabe se blogs como este não poderão criar um ponto de união para quem vive e sofre as consequências de sucesivas governações hipócritas...
Peço desculpa por ocupar tanto espaço neste blog, mas a deníuncia nem sempre é breve. Espero poder contribuir de alguma forma. De seguida, transcrevo os emails. Ainda não respondi ao seco e despropositado pedido de morada, mas não tardará. E quem sabe se uma visitinha à Junta também não está para breve?


Email enviado à JFA, 30/03/05:

"Venho por este meio tentar perceber de que forma os mais de duzentos euros pagos de contribuição autárquica anual são utilizados por vossas Excelências.
Parece-me que, ao redor de minha casa, não há qualquer factor que indicie uma boa utilização desses dinheiros pagos por todos nós.
Vivo numa praceta que continua toda esburacada, uma pequena praceta.
Em frente, um prédio embargado há cerca de 7 anos, que assim permanece até hoje, a meio do processo de construção, sendo abrigo para toxicodependentes e local de brincadeiras perigosas para os miúdos da escola, uma vez que não está sequer vedado.
A obra ficou a meio, fazendo desta paisagem algo ainda mais feio.
Agora, passados 7 anos, começaram a construir outro prédio ao lado, sem terem ainda resolvido a situação deste. A acompanhar este panorama, barracas brancas e o moderno centro de emprego. É só contrastes... ridículos.
No meio de tanta incompetência e trabalhos por terminar, avista-se uma rotunda, cuja decoração tem sido renovada quase que anualmente.
Não fazem as devidas obras estruturais, mas preocupam-se com as decorações da rotunda. É ainda mais ridículo.
Isto numa terra onde a insegurança é uma constante, dos assaltos às provocações de violência gratuita, passando pelos pit bull que diariamente correm soltos pela avenida, em plena luz do dia.
Não há segurança, não há conforto, mas há o pedido de que esta freguesia passe a concelho, como é expresso por uma fita colocada precisamente no tal prédio embargado, dizendo "Amora a Concelho". Quase que poderia dar vontade de rir.
Pagar os tais mais de duzentos euros para viver aqui é que não dá vontade nenhuma de rir e nem sequer é ridículo, é simplesmente indescritível.
Com os melhores cumprimentos e o desejo de que um olhar mais consciente e atento possa alterar alguma coisa em relação a estas desagradáveis situações."


Email enviado à JFA, 14/05/05:

" Meus Caros Senhores,
Que situação esta, quase um insólito: sábado, 14 de Maio de 2005, antes das 8h da manhã, no espaço das traseiras de minha casa, começa a ser cortada a erva. Erva, porque é um espaço de terra, onde crescem ervas; nem sequer foi arrelvado, ajardinado ou encalcetado. Ficou assim, com ervas a crescerem e um caminho de calçada inacabado.
O espaço em frente à praceta também é terra, um espaço de terra e ervas maior, não com um caminho, mas com um prédio inacabado, cuja obra foi suspensa há muitos anos, e um outro por acabar, cuja obra começou recentemente. Sobre esta situação, já tive oportunidade de vos falar, num outro email enviado no dia 30 de Março deste ano; contudo, continuo sem perceber o que fez aquele prédio parar há 7 anos e assim ficar.
Mas, voltando ao insólito, é-me incompreensível que sejam estes o dia e a hora escolhidos pela Câmara ou pelos seus funcionários para cortar a relva. A máquina utilizada faz barulho. Um barulho que podia ter sido guardado certamente para um momento mais oportuno do que este, pois sábado de manhã muito cedo, quem não tem que trabalhar pode estar a (tentar) dormir, para compensar as desgastantes alvoradas semanais/laborais.
Agrava-se a situação do corte da erva por nem sequer ser este um acto contínuo e rápido; pelo contrário, é um "pica-miolos" que alterna com períodos de silêncio, em que chega a parecer que acabou o desassossêgo. Não sei por quanto tempo mais vai continuar. Os dois funcionários estavam há pouco a dividir tarefas: um cortava a erva e o outro via, depois de ter estado ao telemóvel e a fumar um cigarro. Agora estão os dois mesmo a trabalhar. E é bom que se preparem e nós também, pois o referido espaço das traseiras tem quatro prédios e apenas está cortada a erva do primeiro.
Já lá vai uma hora desde que começou a tarefa. Por isso, por volta da hora de almoço, deve estar tudo pronto, o que significa que quem não consegue dormir agora, vai poder aproveitar a tarde para uma magnífica sesta.
Concluo, como não podia deixar de ser, agradecendo este incómodo que julgo que seria evitável. "


Resposta da JFA, 18/05/05:

"Boas Tardes
Será possível indicar qual é a morada correcta, visto que dos dois mails enviados nunca colocou essa informação.
JS"

Quando li esta resposta, a 1ª coisa que pensei foi: bem, já agora, em vez de "Boas Tardes" podiam pôr só "Boas"...
E depois reparei que o curto texto tinha erro: "dos dois mails" em vez de "nos dois emails" e ponto final em vez de ponto de interrogação para a frase interrogativa "Será que...?". Não faço destes erros preciosismos, mas é mais uma gota de água, neste oceano de incompetência profissional.