Em menos de dez anos a pacata e acolhedora Costa de Caparica transfigurou-se , resultado de trinta anos de suburbanização e desinvestimento turistico por parte da Câmara de Almada, e por uma politica errada de imigração e respectiva ausência de controlo por parte do poder central.No meio de tudo isto, um posto de policia que é o mesmo de há vinte anos, sem qualquer capacidade, e que permitiu tornar a Costa no Paraíso das Máfias que hoje nos assusta e intimida.A notícia publicada no Correio da Manhã , a propósito do crime aqui descrito ontem é esclarecedora sobre a realidade escamoteada pelos responsáveis máximos da autarquia. Cito :« Comandam segurança ilegal em bares de alterne da capital e Margem Sul. Deram 3 tiros pelas costas a um rival, procurado pela Interpol por homicídio. Três tiros nas costas e à queima-roupa, em plena rua no centro da Costa de Caparica, são só mais um episódio na guerra pelo domínio do tráfico de droga, roubos, extorsão e imposição, pela força, de segurança ilegal em bares de alterne e outros de Lisboa e Margem Sul do Tejo. A vítima da madrugada de ontem, com mandado de captura da Interpol por roubo e homicídio no seu país, chegara a Portugal há uma semana. Era ex-cúmplice mas saiu da linha – e a máfia brasileira não perdoou. Dois homens atiraram para matar.
A pontaria não foi perfeita e Fábio, cerca de 30 anos, sobreviveu às balas cravadas nos dois braços e nas costas. Esta última de raspão. Está internado no Hospital de Santa Maria sob fortes medidas de segurança policial. Ao que o CM apurou, o brasileiro é testemunha essencial para o desmantelar da rede criminosa que há meses actua impunemente e é gerida por um compatriota seu a partir da Margem Sul.
Há muito que o cabecilha está referenciado pelas polícias – e contam-se mais de 20 elementos entre os operacionais do grupo. Na sua esmagadora maioria são brasileiros. E actuam ao estilo da máfia, impondo os seus serviços de segurança em vários bares e cobrando comissões de milhares de euros em troca da suposta protecção. Quem não alinha sofre as consequências entre a violência e destruição.
O modus operandi é idêntico ao do gang mais conhecido por Máfia da Noite, que foi entretanto desmantelado pela PSP sob comando da Unidade Especial de Combate ao Crime Violento do DIAP de Lisboa. O grupo do ex-polícia Alfredo Morais, a que os brasileiros sucederam no controlo dos negócios da noite da capital, também impunha respeito e obediência pelo terror.
No caso da máfia brasileira, que já se instalou há anos na Margem Sul, entre as zonas da Costa de Caparica e Setúbal, diversificou a actuação para outros crimes: homicídios, tráfico de droga e roubos violentos por encomenda.
CIRCULAM ENTRE OS DOIS PAÍSES COM FACILIDADE
Uma das preocupações das polícias em relação a este grupo é o facto de, enquanto não há provas que permitam avançar para detenções, os seus elementos circularem com grande facilidade entre o nosso país e o Brasil. Há vários casos nos últimos meses, nomeadamente de cadastrados que chegam a Lisboa com um determinado objectivo, relacionado com crimes de roubo, extorsão ou tráfico de droga – e regressam rapidamente às origens. Revelam grande mobilidade e procuram apagar todos os vestígios das actividades em que se envolvem. Entre os crimes mais violentos estão a tentativa de homicídio da madrugada de ontem e pelo menos dois casos de violentas agressões – na sequência de tentativas de extorsão ou na guerra pelo controlo de território – que acabaram por resultar na morte das vítimas.
VÍTIMA RESISTE A TRÊS DISPAROS PELAS COSTAS
Fábio caminhava junto ao Hotel Real, na Costa de Caparica, quando, pelas 03h00 de ontem, foi surpreendido pelos disparos de dois homens que saíram de um carro com uma caçadeira e uma pistola. Levou três tiros de pistola nas costas, tendo os atiradores fugido de imediato. Duas balas atingiram os braços e, a terceira, as costas, sem afectar órgãos vitais. Na Caparica, ninguém admitiu ontem conhecer Fábio. O CM apurou, no entanto, que a vítima do atentado é natural da cidade de Governador Valadares, no estado de Minas Gerais, origem da maior parte da comunidade brasileira da Costa de Caparica.»
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COP 15
« Ricardo Garcia (PUBLICO) , em Copenhaga Há uma “enorme quantidade” de trabalho ainda pela frente para que a conferência de Copenhaga chegue a bom termo, disse hoje o secretário executivo da ONU para as alterações climáticas, Yvo de Boer.
A dois dias da sessão final com mais de uma centena de líderes mundiais, ministros estão ainda a tentar eliminar vários dos pontos de conflito nos textos que deverão compor o esqueleto de um novo tratado climático global.
“Houve progressos significativos, mas ainda insuficientes”, disse Yvo de Boer, numa conferência de imprensa. “Ainda há uma enorme quantidade de trabalho a ser feita”, acrescentou. »