Ontem no DN , por Roberto Dores ; " Embebedamo-nos com problemas como o TGV, sem nos apercebermos da gravidade em que caiu o nosso abastecimento" (Gonçalo Ribeiro Telles):
« Criação de cavalos no centro de Lisboa - mesmo que um dos animais fuja, como aconteceu na madrugada da passada terça-feira - ou o rebanho que cruza uma aldeia entre o redil e a pastagem, passando pelo meio dos moradores, têm um significado muito semelhante para o arquitecto paisagista Gonçalo Ribeiro Telles: "São as nossas origens agrícolas, que, infelizmente, estão tão esquecidas. A agricultura urbana deveria ter integração obrigatória no planeamento urbano, e o gado e a pastorícia são peças fundamentais nesse processo", alerta.
Segundo Ribeiro Telles, Portugal regista um "atraso secular" nesta matéria, o que está a provocar, garante, o despovoamento das aldeias e consequente procura dos subúrbios das grandes cidades, com elevadas concentrações humanas. Loures e Estoril, onde ainda resistem alguns pastores, depois de debandada geral das últimas décadas, são exemplos de desertificação apontados pelo arquitecto às portas de Lisboa. "Embebedamo-nos com problemas como o TGV, sem nos apercebermos da gravidade em que caiu o nosso abastecimento", insiste, defendendo que os animais domésticos "têm de ter cabimento nas nossas cidades, vilas e aldeias".
E não interessa se são "cavalos, ovelhas, galinhas ou porcos". Nem tão-pouco se atravessam aldeias, estradas ou cidades. "Os animais dão vida, porque uma terra que tenha animais, tem pastoreio, tem casas habitadas, tem escolas e futuro. Hoje só vemos velhos nas aldeias, escolas fechadas e os caminhos por onde o gado passa totalmente destruídos. Estamos a criar um deserto para viabilizar a monocultura industrial do eucalipto e do pinheiro", lamenta.
Para Ribeiro Telles, não é por acaso que as universidades americanas há muito que debatem o problema da agricultura urbana, que começou a disseminar-se por toda a parte. "É triste, mas nós não conhecemos nada desta realidade. Há quem defenda que a cidade e Lisboa não comporta vegetação e agora até há o perigo de aparecerem as casas ecológicas com telhados cobertos de plantas para haver mais espaço para construção em massa", diz o especialista.
O arquitecto admite que o debate em Portugal sobre a recuperação do pastoreio nas cidades "está mais do que feito". Porém, dá um exemplo de como todos os argumentos têm caído em saco roto: "Quando se quer promover uma parcela de terreno, põe-se uma menina bonita ao lado", refere, lamentando que ninguém invista num outdoor com os utilizadores da paisagem, que seriam os pastores. Chegámos ao cúmulo de ver placas à beira da estrada afixadas nas melhores várzeas do país", aponta. »
4 comentários:
Ponto Verde , nem pense nisto para esta banda, esta gente renega as origens e os próprios pais, gostam é de bons carros e casas de encher o olho porque são uma cambada de complexados caviar.Nem por nada se querem sujar na terra, ou seja no que for, ou sentir o cheiro dos animais .
No Seixal a tradição das hortas urbanas é enorme e de longa data.
Onde funcionaram as antigas Oficinas da Câmara, no Fogueteiro, foi há cerca de duas décadas uma área com nascentes e hortas.
Dali, passaram as hrtas para os terrenos da antiga fábrica de Lanificios de Arrentela (e cuja preservação está prevista no PLano para a Torre da Marinha, pelo menos assim foi anunciado).
Agora são os terrenos circundantes da Siderurgia, muitas das hortas mantidas por pessoas que ali estão há anos, mas grande parte por residentes no Bairro da Cucena.
São retalhos verdes que cortam a imagem da industria ali existente.
Plantação de erva no quintal conta?
Consta que o Jerónimo, o Bernardino, a Emília, o carroceiro Maia, o Alfredo, a Luisa Ramos e o Bruno Dias, vão aparecer mascarados de tomates e alfaces à frente do Bloco Carnavalesco «Salada de "Os Verdes do Partido Comunista Português"» no desfile de terça-feira de Carnaval em Almada.
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