Hoje estamos a assistir ao absurdo em que o valor do imobiliário está em
queda livre – porque o imobiliário vale zero, não há compradores –, e
os valores patrimoniais e fiscais que estão a ser encontrados estão
muito acima do hipotético valor real do andar. Ou seja, estou a pagar
mais por uma coisa que não vale nada. A avaliação que está a ser feita, e
que tinha dez anos para ser feita, ao que parece vai estar concluída no
prazo previsto, que é 2013, com um bocado de sangue pelo caminho (...).
Há 800 mil casas à venda em Portugal. Nas quais ninguém pega, nem sequer
há telefonemas a perguntar. Nada! Como é que as Finanças, num momento
em que este sector está colapsado, têm o atrevimento de estar a
valorizar imóveis com uma fórmula pretensamente científica que permite
chegar a estes valores? (...)
Mas era expectável. Tudo a endividar-se… Esta bebedeira durou 20 anos.
Houve aqui uma ilusão colectiva. E quem está a ter problemas agora não é
quem entrega a casa ao banco – e ainda há bancos que querem receber
dinheiro além disso –, são os fiadores. Muitas vezes os fiadores eram os
pais, que tinham uma casinha e que vão ficar sem ela. Isso é que é
dramático. Tem de ser casa entregue, dívida saldada. Não adianta estar a
abanar a pessoa. Para quê, se a pessoa não tem? Ao menos que ganhe
fôlego para poder começar (...)
Houve muitas trafulhices. Nós dizemos o banco, mas o banco nunca tem
rosto. Há avaliadores que chegavam ao prédio e sobreavaliavam para que o
banco desse mais dinheiro e eles metessem algum ao bolso. Isto, como
dizem agora, são as imparidades. Foram vinte anos, de 1988 a 2008.
Muitas pessoas estão a entregar as casas ao banco porque se aperceberam
que o banco lhes vendeu casas por 100 mil euros, quando agora está a
vender por 50 mil. Então, mais vale voltar ao mercado para comprar mais
barato.(...)
Excertos de uma entrevista dada a Isabel Tavares , Jornal i
1 comentário:
Os culpados são os autarcas que aprovaram PDMs de milhões de fogos a mais na ganancia de receberem muitos impostos para os seus interesses pessoais porque interesses da população ficaram esquecidos. Deveriam ser presos.
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