A propósito do aterro de Almada:
O A-sul pelos seus leitores:
Hortas e couves galegas neste portão de entrada da Margem Sul?... pois podiam parecer mal, dar uma imagem de utilização da terra que o PCP da Margem Sul associa cronicamente a subdesenvolvimento, devido aos seus traumas de recém-rural transformado em novo-urbano, e total incompreensão do que é a utilização racional, histórica, (eco)lógica, e benéfica do solo, mesmo quando os vermelhos são "Verdes".
Nas suas mentalidades, aqui brilha o farol da Grande Indústria, as fábricas de aço, e estaleiros, e indústrias químicas... mesmo que falidas e encerradas há anos, desmanteladas e vendidas ás postas aos especuladores financeiros e imboliários, fechadas ou sabotadas pelas guerrilhas internas promovidas pelos caceteiros de serviço ao Partido, quando as empresas não colocavam nos quadros os representantes do Povo de conveniência. Mesmo até isso já lá vai, que das centenas de indústrias que existiam nos concelhos, já quase todas estão desertas, à espera de se transformarem em depósitos de loja do Chinês. Mas há quem continue a pensar que pode aqui continuar a assistir à transusbstanciação da Ode Triunfal de Álvaro de Campos.
Estas pessoas têm fobia de bichos, aranhas, lagartixas, osgas e libelinhas. Como há bichos no meio das silvas, há que terraplanar as silvas. Como há criaturas nos fios de água, cimentem-se as ribeiras. E quem semeia alfaces, planta favas, esses parecem manifestar uma rebelião contra a submissão às catedrais de consumo, do Fórum e do Rio Sul, que são, elas sim, os novos Faróis do Progresso, em lugar da extinta indústria. Por isso, para impedir esses desvios à normalidade, esses acessos de independência, para impedir o alastramento dessa praga de canteiros e regos de batatas, terraplane-se, terraplane-se e cimente-se e alcatroe-se tudo.
Para se terem prontas perfeitas, rectilíneas, longitudinais, paradas, onde estes autarcas possam fazer desfilar os seus enormes egos, as suas infindáveis ignorâncias. E mostrar a quem passa pela Margem Sul, que aqui tudo são arco-íris e céus azuis (mesmo que não hajam pombas, porque não encontram nada para comer).» (Oze)
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