segunda-feira, agosto 08, 2011

"O BAIRRÃO"





Texto de Joaquim Cerqueira Tapadinhas , Cartas ao Director Público de hoje:


Excertos :

" Há dias numa antiga vila da Margem Sul, hoje crismada de cidades, percorrendo as novas urbanizações que circundam o antigo espaço, cujo centro moribundo, há uns anos atrás, começou a ser denominado por centro histórico, encontrei umas vintenas de apartamentos sem vida, uns acabados, outros semi acabados,  e alguns entaipados , todos clamando por encontrar compradores.


Disseram-me que a intenção primeira tinha sido a de se construir um bairro social, para aliviar a pressão urbanistica que se fazia sentir na cidade. Depois o plano director foi alterado e alargado e , assim , se urbanizaram mais umas quintas e fazendas que, apenas por acaso, eram propriedade de pessoas influentes no poder.


Construíu-se sem olhar às necessidades e capacidades do mercado, com os créditos gananciosos dos aparelhos financiadores, com a competição entre todos  na prossecução  de prémios e de objectivos, concedendo fidúcia atoda a gente envolvida, sem perto nem longe, parecendo que o mundo não tinha amanhã.


o que começou, e bem , a ser um bairro calculado para promover necessidades primárias e objectivas, acabou por se tornar num enorme problema económico  e financeiro que, pela sua desconformidade e desadaptação, podemos denominá-lo de bairrão.


O que é mais grave e quase dramático  é que esta situação se multiplica noutros lugares do país. E isto deve preocupar-nos  muito e aos políticos  e decisores ainda mais. (...)


Na imagem : Londres hoje .

4 comentários:

Anónimo disse...

Cá Já arde , só que devagarinho.

soliveira disse...

Excelente texto.
O que me não espanta é esta democracia altamente civilizada e erudita que, a todos afirma da sua serenidade, onde o discurso sereno é a forma adequada de fazer sentir os males da sociedade, sem populismos, sem alarme, sem violência, sem alvoroço e nada houve, nada sente, nada a demove dos seus objectivos carreiristas, egoístas, com sentimento de clã.
Vêem depois, nos casos em que a paciência dos desventurados da vida desaparece, tentar pôr água na fervura, que não, que a democracia tem os instrumentos necessários e suficientes para que tudo se resolva em paz e sobriedade, que não é necessário empregar a violência ou o saque, que são uns barbaros, párias, pequenos criminosos sem educação abandonados pelos pais em tempos de férias, os responsáveis pela ecatombe e não é nem de longe o retrato do pulsar da sociedade.
Assim se caminha para o abismo e assim, se continua com a incapacidade de responsabilizar estes energumenos sentados nos cadeirões do poder e causadores de tudo isto.
( Sabem que mais? Uma raparigota em Almada, quer construir bairros sociais na Costa da Caparica. Não tem nada a ver com o texto? )

Maria pinha disse...

No Seixal destroi-se floresta com o mesmo intuito...quem ganha com o NEGÓCIO quem???

Anónimo disse...

Tem tem Oliveira, grande negocio para quem constroi esses bairros