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quarta-feira, outubro 20, 2010
BARREIRO E O ABISMO
Não sei o que é que os politicos , autarcas , governantes e sociedade civil precisam mais que seja demonstrado que este "modelo de desenvolvimento" das últimas décadas e que nos tem arrastado cada vez mais para a cauda da Europa , para que paremos e mudemos rápidamente de paradigma e de orientação.
É que alheios à situação económica e a todos os indicadores financeiros, aos cortes salariais, à recessão anunciada, autarcas há, como o do Barreiro , que vem agora anacronicamente revelar que, o "Plano de Urbanização da Quimiparque, vai definir três grandes áreas de acção, com a necessidade de recolocar o concelho no centro da Área Metropolitana de Lisboa" .
E o que são essas orientações de "desenvolvimento " ? « De acordo com a autarquia, e seus autarcas comprovadamente passadistas , uma das àreas de intervenção diz respeito à actividade industrial e portuária, a segunda a nível administrativo e a terceira a nível de habitação » sim, leram bem... a nível de habitação ... no fundo a mesma receita que no Seixal defendem para os terrenos de Siderurgia e que em Almada defendem para os terrenos da Lisnave ...
Mas quando é que estes senhores, que mais não são que meras correias de transmissão das vontades das grandes empresas de construção civil que paulatinamente e promiscuamente se foram apropriando do aparelho de estado , dos partidos e das autarquias tomam consciência que mesmo que queiram continuar com esta aberração, já não é mais possível continuar com este modelo ?
É que a realidade é de que , como escrevia esta semana o professor Carrilho no DN , « Portugal tem hoje cerca de um milhão de casas devolutas e mais de 300 mil casas à venda, porque nos anos 80 se construíram 28 mil fogos por ano, nos anos 90 esse número passou para mais do dobro (64 mil) , e entre 1998 e 2001 se chegou a 110 mil ... »
E continuo de acordo com Manuel Maria Carrilho quando este afirma, concluindo :
«Agora chegou o momento de ver para lá do teleponto. Precisamos de novos designios, de ideias que magnetizem os cidadãos e revitalizem a sua iniciativa e os seus projectos. E se quisermos falar na criação de riqueza, de crescimento ou de inovação temos de perceber que, como há dias dizia João Caraça, "tudo isto se liga a um modo de estar, a uma cultura. E uma cultura é só isso, um guia de escolhas" .
É por aqui que se tem de repensar Portugal : com novas ideias e perspectivas, com estratégias e modelos diferentes, com outras políticas e com outros políticos.
Só uma ruptura que coloque a qualificação no centro de uma nova estratégia nacional nos poderá fazer saír , a prazo, da situação em que nos encontramos. Começando por onde é preciso começar, que é pela qualificação da própria democracia.»
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4 comentários:
Inteiramente de acordo... alías, será interessante perceber o quanto hoje as ideologias se parecem (na praxis, claro está) umas com as outras...
Os modelos de desenvolvimento, dos concelhos limitrofes de Lisboa parecem saídos das apresentações do Powerpoint: vagos, sintéticos e pior que tudo: um copy paste de soluções de pacotilha ( e bem adaptados para o "marketing" de um qualquer salão imobiliário na FIL).
A santa trinidade de comércio, habitação e serviços (uma tríade que oculta o "Deus" Imobilário) tem sido a solução de papel vegetal, e que nos coloca hoje onde estamos...
Saudações democráticas
Gostaria de acrescentar ao comentador anterior , tudo isso com o ramalhete de Pavilhões Multiuso e Rotundas com a respectiva estatuária.
Pavilhões multiuso onde? No Seixal é que não! Só se for o do Pessoal da SN, e esse não foi feito pela autarquia! De resto o que temos?
Alto do Moinho? Torre da Marinha? Onde nem cabem meia dúzia de barracas se se fizer uma mostra de algo? Ou com cadeiras onde as pessoas nem conseguem estar sentadas de forma confortável nas bancadas?
Qualificação ? Ah pois é, que qualificação tem o setôr de Trabalhos Manuais para estar à frente de um dos maiores orçamentos do país ?
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