Se nestes tempos sem ideologia, ou onde reina pura e simplesmente a ideologia da maximização do lucro, há forma de distinguir os sistemas que nos governam, podemos separá-los grosso modo entre os que nos... "lixam" à bruta ... e os que fazem o mesmo mas com "carinho" , por PEC e por decreto , considerando à bruta as ditaduras autocráticas kadafianas que vêmos por aí caír diáriamente , e com carinho , as nossas "democracias modelo" ocidentais.
Que fique claro que é com essas democracias ( mormente as sociais-democracias do norte da europa ) com as quais me identifico , embora o modelo , sobretudo depois da desregulamentação pós reaganista e tatcheriana , tenha descambado, não para uma democracia real, mas para um "lixamento" progressivo, mas "com carinho"... com perda de direitos sociais ... porque a globalização e tal ....
E assim por cá chegámos ao fim-de-semana que passou e ao protesto popular, único que decorreu em todo o país no passado sábado , e onde muitos só conseguem traçar paralelismos com o 1º de Maio de 1974... um protesto onde sobressai, para além do descontentamento e do mau estar existente no seio da sociedade , a aparente incapacidade de leitura da clase politica e dos comentadores de serviço do que se passou ( do que se passa afinal na sociedade) .
E o mais curioso é que tanto politicos , como comentadores, politicos-comentadores ou comentadores-politicos , são da mesma geração , a mesma que vem de cargos e privilégios adquiridos alguns do 25 de Abril (outros ainda antes ) , os mesmos e outros que fizeram parte da geração do Maio de 1968 , e que "aburguesados" nos seus privilégios , mostram uma incapacidade de compreender estes novos tempos e de interiorizar as suas críticas entendidas como "parvas" .
E tanto assim é que para encontrar alguma lucidez , preciso de ír a um editorial de Pedro Guerreiro publicado no "Diário Económico" um jovem na casa dos 40 anos, para encontrar uma das melhores análises ao 12 de Março. Cito excertos :
"Mesmo que não tivessem razão, os jovens têm razões para se manifestarem. A economia dividiu os seus entes entre os incluídos e os excluídos e a idade decide apenas quem são os últimos a bater na porta que se fechou (...) .
São centenas de milhares, ou desempregados, ou precários e sobretaxados. E se não têm politicos, civis, ou poetas que os liderem, porque não têm, movem-se em grupo. (...)
Do aproveitamento politico ao desaproveitamento geracional há um fosso que se tornou evidente nas últimas semanas. É incompreensível ver Mário Soares, e tantos que celebraram no Maio de 68 , dizer que esta gente é niilista, reles, indolente , que são imperadores que se rebolam nas suas soberbas misérias (...)
Este movimento não é de anarquistas nem vê praia debaixo das pedras da calçada (...) Se o sistema os ridiculariza (ou paternaliza, o que é o mesmo ), torna-os marginais ao único caminho possível, que é o político. A tensão existe, ou se dilui, ou rebenta (...) " .
Claro que esta critica ao poder instituído não se esgota ao poder central. Muitos poderes ( locais ) por aí existem que malbaratam o bem público, que o tornam maleàvel aos seus interesses ou aos interesses dos seus apaniguados ou que para si contribuem. O que demonstra que as forças politicas que correram a tentar colher dividendos e encaminhar os descontentes para as suas fileiras carneirizadas , perdão , "organizadas" como foi o caso do PCP , não são nem alternativas ( basta ver os resultados de 40 anos de ditadura a sul do Tejo ) nem convencem esta gente que demonstrou grande lucidez e um civismo exemplares.
Por tudo isto, parece ser hoje mais fácil derrubar ditaduras que tratam o seu povo à bruta e que se defendem com armamento pesado , que mudar poderes , pequenas ditaduras e ditadores que se escudam e instalaram atrás de uma "democracia" dita participativa . Mas o que aconteceu este sábado , por mais que queiram mudar e interpertar , não dá para ignorar e "eles" sabem disso, mesmo que adocicados pelas palavras dos seus comentadores de serviço e da restante "agenda mediática" , controlada de forma muito mais sofisticada que qualquer ditadura do Magreb ou Oriente Médio .
Como diz o editorialista , " A tensão existe ..."
17 comentários:
Infelismente neste país tudo se sabe,mas nada se consegue provar...os tentáculos são demasiado poderosos para deixarem que algum destes srs. vá um dia preso!será que não nos damos conta todos que esta gentalha brinca com as nossas vidas e ainda se dão ao luxo de nos gozar?é altura de renovarmos todo o sistema democrático com ou sem as bases dos partidos politicos...
"A Solidariedade espontânea dos penetras!"
Jerónimo de Sousa diz que a manifestação foi gira mas que de futuro devia ser organizada. Quer dizer, de "foi-se e martelo".
Eu fui à manifestação, pacífica e unificadora num propósito que me parece essencial: estamos descontentes, queremos produzir, ajudar o país, melhorar a nossa vida, mas o país não está a responder da melhor forma, nem sempre facilita e, tantas vezes, está a impedir que se ande para frente, ignorando mão-de-obra qualificada e entusiasmada, com sonhos capazes de impulsionar pequenos 'milagres'. Somos também, na minha perspectiva, conscientes daqueles que são os deveres e os direitos básicos, do que é o bom-senso, do que é a dignidade no trabalho, à luz da educação que tivemos, por isso, custa tanto aceitar propostas indignas, vergonhosamento oportunistas, exploradoras e castradoras de expectativas de uma vida razoavelmente digna, que ousamos, com legitimidade, sonhar ter um dia.
Para reforçar uma agenda política e de resistência é também fundamental criar fóruns de debate como este blogue , notícias e comentários políticos e ideológicos alternativos ao cinzentismo repetitivo habitual da nossa comunicação social. O a-sul faz bem o seu papel e dá o seu contributo à sociedade.
"Há várias panelas de pressão social a ferver em Portugal. E na Europa. O descontentamento e a frustração é geral nas gerações mais novas e há desespero incerteza e medo nas gerações dos pais e avós daqueles que se manifestaram no passado sábado um pouco por todos o país."
Por Luiz de Carvalho in Instante Fatal , mais aqui : http://www.instantefatal.blogspot.com
Parabéns Juventude deste País. Parabéns por este sucesso que foi esta manifestação, parabéns por o susto que pregaram a quem estava convencido da apatia dos nossos Jovens, convencidos que poderiam fazer o que quisessem, porque os jovens estavam mais preocupados com jogos interativos e discotecas que propriamente com o estado do nosso País.
Parabéns por despertar deste Povo que está farto de sofrer e ver muitas GALPs em tempo de crise a continuar a anunciar recordes de LUCRO.
Continuem ativos e não se deixem enganar, nem lhes franqueiem as portas à chegada, olha que eles comem tudo,não deixam nada.
A democracia que situacionistas-oportunistas que controlam o país, dizem existir em Portugal apodreceu.
Está em decomposição acelerada enquanto ditos políticos bem falantes e seu séquito de amigos encheram os bolsos à custa deste povo e de recursos do país.
Temos tido políticos rasca nos governos e em autarquias,também.
O maior cancro deste pais são estes politicos corruptos e mentirosos, que têm levado este meu Portugal pelo cano...Não existem empregos, pois não produzimos nada o que é que você seu ignorante quer que estes jovens façam??? Emigrar é a alternativa e fazer de Portugal um pais rural e de velhos, como era antes do 25 de Abril.
O sec XXI vem surpreender pelo poder que as novas tecnologias exercem sobre a sociedade. Twitter e facebook são poderosas ferramentas que aglutinam vontades mas também servem de rastilho no incendiar das massas. Basta que exista na base o 'combustivel' necessário e a coisa pega com mais força que 'mato seco no verão'.O caso dos países árabes, é disto o exemplo mais paradigmático. (Este poder até o Vaticano já começou a explorar)Em particular na Lusitana pátria, a completa inexistencia de perspectivas de futuro, facto que convive com a actual geração 'rasca' de forma tão incómoda como a dita geração de 25-35 anos convive por ainda nas casas paternas, conduzirá mais cedo ou mais tarde a um incêndio de porporções tais que não
Esta geração manifesta-se agora, mas no dia das eleições fica em casa a dormir depois de uma noite copos deixando o destino do país nas mãos dos mesmos de sempre.
Amigos, estamos a chegar a uma situação idêntica à que antecedeu o 25 de Abril de 1974. Revejo o regime do Dr. Salazar, revestido agora a uma escala global, com luz verde europeu para nos estrangular. Há dias fiz um paralelismo "irónico" entre o que se passa na Líbia e aqui entre nós, ou seja o poder instala-se como uma lapa que é preciso arrancar. E poder, leiam-se partidos politicos, desde a esquerda à direita. Já todos deram provas da sua recorrente incompetencia. Mas as lapas não se arrancam simplesmente a gritar-se para elas, mas sim e somente com a ponta de uma navalha. Há pessoas capazes neste país, mas o sistema vigente, como um vírus, não lhes permite quaiquer protagonismos. Logo impera, alterar o paradigma do sistema politco. Esta democracia ficticia, que tão longe representa o povo, seu derradeiro eleitor, está somente nas mãos dos interesses instalados em ping-pong PS, PSD, e nem os outros são alternativa.
Ao Governo exijamos apenas uma coisa... que saia e depressa. Endurecer a luta recorrendo a violência ou desacatos não é solução e apenas serviria para lhes dar armas contra nós. Devemos endurecer a luta continuando a manifestar-nos cada vez com mais frequência e cada vez em maior número.
Anda por aí um ambiente estranho de fim de ciclo e Politicos embaçados com o que se está a passar.
Será assim tão mau para Portugal a entrada do FMI? Ou será apenas para alguns que vão ver os seus ordenados descerem drásticamente? O FMI já cá esteve por duas vezes e as coisas compuseram-se. Agora continuamos a ter um Governo a fazerde conta que não se passa nada, câmaras a gastarem como se não houvesse amanhã e gentalha a juntar reformas com ordenados.
Afinal quem é que tem medo do FMI?
É tudo a gamar, até os comunistas. O último escândalo da Câmara é a Vereadora da Educação que não sabe conduzir e tem um motorista, onde é que isto já se viu?
É fartar vilanagem.
Pena é que sabem o que não querem mas, pasme-se, não sabem o que querem. Nem uma única ideia válida. Não vale a pena produzir se ninguém compra ou se produz a preços elevados. Os governos não criam empregos, nem os patrões devem ser obrigados a sustentar mandriões, incapazes, os que só querem direitos mas esquecem-se sempre dos deveres. E é pena mas é assim. É vê-los e vê-las diariamente nas caixas de previdência como se doentes estivessem. Não é de hoje nem de ontem mas temos realmente muita gente reles, analfabeta, incapaz e isso sim é culpa dos governos que não souberam pôr na ordem essa gente.
É vê-los, patos bravos, na construção civil sem pagarem impostos, sem inscreverem os seus trabalhadores com o consentimento destes porque assim também fogem ambos aos impostos. É ver milares e milhares de estabelecimentos comerciais que sempre dão prejuizo, fugas aos impostos é mato.
E é esta gente que fugindo aos impostos apresenta poucos rendimentos e depois tem saúde, educação, advogado, de borla, casas de renda social e outros benefícios. E isso sim é culpa dos governos que não punem como deve ser esses crimes. Que o tal aliás até aplaude. Quem foge aos impostos não é criminoso mas sim esperto. Quem ludibria o estado é um artista.É o chamado artista português.
Enfim muita haveria a dizer desta geração rasca que já vem se calhar desde d. Afonso Henriques.
Concordo em pleno. A subsidio-dependencia é já por si mesma um emprego.
Temos meninos e meninas que vão (quando vão) ás entrevistas de emprego pelo centro de emprego e na cara dos empregadores dizem que preferem ficar em casa a receber o subsidio e que só ali foram porque a isso são obrigados.
Mas depois quando essa infornmação chega á Segurança Social e perdem o guito aquid'el rei que o governo me roubou!!
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