terça-feira, julho 20, 2010

A INSEMINAÇÃO DO POLVO


Só para relembrar os mais esquecidos, volto a citar excertos do livro "Foi Assim", da autoria de Zita Seabra, sobre a criação de "Os Verdes" , e as bases em que assentou o post de ontem, e assim me despeço por hoje , com trabalho, honestidade e competência :

« " O PCP ia criar um partido verde para se aliar a si próprio, o que além do mais trazia outras vantagens politicas (...) estas eram questões que mobilizavam os jovens. Por isso tinhamos que registar o nome rápidamente. Registámos a correr as duas palavras essenciais : ecologista e verde.

Controlada directamente pelo camarada Cunhal para esta tarefa de criar o Partido Ecologista «Os Verdes», meti mãos à obra. O José Casanova tratava dos aspectos logisticos (...). Pediu-se a todas as organizações distritais para procurarem camaradas firmes que se interessassem por coisas verdes, ecologia, natureza, etc. Mas que fossem firmes (...) De Setúbal veio Maria Santos, que foi depois deputada durante vários anos e que abandonou «Os Verdes» ao mesmo tempo que eu abandonava o PCP (...) .

Veio também Herculano Pombo , ligado a organizações da natureza do Norte de Portugal, que saíu com Maria Santos para o PS e foi vereador em Sintra.
Criaram-se «Os Verdes» em 1983, integrando primeiro a APU e, com a saída do MDP, a CDU. O PCP deixou de fazer coligações com o que restava do MDP, verdadeiramente em extinção, para se aliar a este novo projecto que achávamos cheio de perspectivas para o futuro. No entanto « Os Verdes» nunca conseguiram descolar desse selo inicial e nunca foram um movimento ou um partido autónomo capaz de trazer gente diferente e nova para uma aliança com o PCP, nem de enriquecer a esquerda com uma frente de causas ambientais.

O PCP tinha medo que lhe fugissem ao controlo, mas se assim não fosse nunca representariam qualquer mais valia para a esquerda portuguesa. Os Verdes portugueses em nada se comparam com os verdes alemães (...).


«Os Verdes» elegeram logo no início , dois deputados, como acontecia com o MDP, e o seu funcionário passou a ser o funcionário do grupo parlamentar . Dois era o número mínimo de deputados para terem estatuto de Grupo Parlamentar na Assembleia da República.
Uma vez que eles não tinham experiência parlamentar, fui então, além de sua controleira, co-redactora de iniciativas legislativas verdes. »

6 comentários:

Excerto de DN, 21/04/2008 disse...

VISTOS POR DENTRO

por

João Pedro Henriques,
jornalista
21 Abril 2008

Já passaram 20 anos. Mais, até. Como muitos no jornalismo político, já gostava da política antes do jornalismo. Era de esquerda e não me revia nem no PS "cata-vento" de Soares nem na ortodoxia leninista do PCP (tinha tido contacto directo com essa ortodoxia nas guerras das associações de estudantes na escola secundária que frequentava, Belém-Algés). Tentei a militância nos "Verdes". E as coisas são como são: a figura envolvente da deputada Maria Santos (entretanto dissidente) não foi alheia à tentação. A "coisa" começou com um amigo de escola, o Pedro. Foi a minha "ligação". E os tempos eram muitos interessantes: algures no segundo semestre de 1985, período de intensa campanha eleitoral para as presidenciais que viriam, em Fevereiro do ano seguinte, a eleger Mário Soares. Já me sabia um eleitor de Maria de Lurdes Pintasilgo. Os "Verdes", sendo uma extensão do PCP, apoiavam Salgado Zenha. Entrei no partido com a firme convicção de que seria possível mudar o seu sentido de voto, levando-os a apoiar Pintasilgo.

Os "diálogos" foram mais ou menos assim:

- Sobre as presidenciais...

-Isso já está decidido! Vamos apoiar...

- ...Mas julgo à mesma que deveríamos discutir! Se bem percebi nada foi discutido...

- Foi! E está decidido! Vamos apoiar...

- Eu sei quem vão apoiar! Trata-se de um erro grave para os Verdes apoiarem esse candidato! Se...

- Está decidido, não há nada para discutir!

- É um erro grave! As pessoas em Portugal sensíveis à questão ecológica não se revêem de todo em Salgado Zenha. Se alguém representa...

- Está decidido!

- Não acabei! Se alguém representa a parte do país mais sensível à questão ambiental, esse alguém é a candidata Maria de Lurdes Pintasilgo!

- Está decidido! É o Zenha!

Saí tão depressa como entrei. Convicto, finalmente, que os "Verdes" eram mesmo, como dizia a maledicência, os "melancias": verdes por fora e vermelhos por dentro. Rumei a outras paragens. Até chegar ao jornalismo.

(in Diário de Notícias, pode ser consultado em: http://dn.sapo.pt/inicio/interior.aspx?content_id=998234 )

João Freire disse...

Que anedota política... Nem sei como têm esses tais Verdes descaramento para abrir sequer a boca no parlamento, quando a sua coligação patrocina as maiores atrocidades ambientais nas autarquias da margem sul!

Eu sinceramente teria vergonha de estar filiado num partideco fantoche... Mas infelizmente a vida está difícil e nem todos se podem dar ao luxo de ter alguma dignidade e coluna vertebral, aparentemente... Teria pena deles se não estivessem a dar cabo da minha terra!

Anónimo disse...

Não concordo inteiramente consigo, João Freire.
É que, por exemplo, no caso do Seixal não se conhecem quaisquer eleitos dos Verdes, como tal, estes não podem ser acusados de estar a prejudicar o Concelho.
Se não existem, não actuam.

Anónimo disse...

Hipócritas e mentirosos

Anónimo disse...

O Ex-presidente da Associação dos Amigos do Pinhal do General, hoje presidente da Assembleia da mesma Associação, e ainda presidente da AUGI do Pinhal do General, a maior AUGI do país e a única da parte do Seixal, no Pinhal do General, e os seus discípulos nunca prestaram contas aos associados durante 7 anos, encenaram as últimas eleições e usaram as instalações para reuniões do Partido Socialista do qual é militante.
Mas nós, associados daquela colectividade, não podemos ali reunir mesmo pagando o aluguer do salão.
Sabemos que o presidente da AAPG, já não é o mesmo, mas também sabemos quem é que mais ordena naquela associação.
Por isso agradecemos à Junta de Freguesia de Fernão Ferro ter-nos disponibilizado de imediato e sem custos, o Fórum da freguesia, para este sábado, dia 24, pelas 15h, podermos realizar uma reunião dos comproprietários da AUGI do Pinhal do General e podermos tomar as decisões que temos de tomar para sermos donos do nosso destino e não estarmos mais à mercê que quem, não sendo sequer comproprietário quer continuar a decidir por nós contra a vontade da maioria.
Não faltes e sê solidário com esta causa que é também uma luta pelo restabelecimento da democracia, das suas regras e dos princípios legais na AAPG e na AUGI.
Um bem-haja a todos.

Anónimo disse...

No Seixal, aquando das eleições, a opção CDU engloba o PCP e o PEV, ou seja, quando se vota na CDU estamos automaticamente a eleger representantes bipartidários. É estranho, mas funciona para a Câmara, Assembleias e Juntas de Freguesia!
De qualquer modo precisamos de ter um renovamento político no Seixal, pois o Seixal está velho e desgastado.