Apesar de ser um dos concelhos do país com maior faixa fluvial arenosa, aproveitável para a prática balnear, o Seixal, ao contrário dos concelhos vizinhos e de uma tendência que aumenta de ano para ano em todo o país- ver artigo do Publico abaixo - continua orgulhosamente só !
«Já foram a "praia dos tesos", mas agora são antes um destino turístico alternativo. As zonas balneares junto a rios conquistam cada vez mais adeptos, ajudam a promover o património e a economia regional, mas mesmo assim ainda não se está a explorar este mercado como devia ser. Por Luís Filipe Sebastião .
Carlos Bastos, de Vila Nova de Gaia. O pequeno de três anos chapinha à beira da água sob atenta vigilância do pai. Insiste em molhar a fralda, contra "o pedido da mãe", admoesta Carlos Bastos, 43 anos, membro de uma família de Vila Nova de Gaia que se estreia na praia fluvial do Alamal, no concelho de Gavião, distrito de Portalegre. É uma boa estreia, porque junto ao rio "tem tudo o que é necessário para se passar umas boas férias".
Veio de longe este casal com dois filhos (o mais novo com um ano). Carlos Bastos explica que a opção em fugir das praias marítimas do Norte não tem apenas a ver com a idade dos meninos: "Quando faz muito vento, temos de ir de casaco para a praia." Os areais do Algarve também já não convencem, uma vez que, na época alta, "não há onde pôr a toalha e só para tirar o carro da garagem é um stress." Por isso, escolheram a zona do Alentejo e alugaram uma casa em Cadafaz, perto de Gavião.
Mais a norte, em Macedo de Cavaleiros, o que começou por ser um depósito de água para ajudar os agricultores transmontanos a regar os campos, a albufeira do Azibo, transformou-se na última década numa alternativa às águas frias do litoral Norte. "Para além de pessoas da região, recebemos muitos emigrantes, que no Verão regressam à terra em férias", assegura Manuel Cardoso, responsável da Paisagem Protegida da Albufeira do Azibo. A garantia de qualidade é a bandeira azul que tem sido atribuída consecutivamente nos últimos sete anos. Em 2010, pela primeira vez, as duas praias da albufeira (Pegada e Ribeira) receberam esse galardão. O investimento directo com duas praias de areia e estruturas de apoio rondou 500 mil euros, segundo Beraldino Pinto, autarca de Macedo de Cavaleiros.
Na ponta Sul do país, a praia fluvial da albufeira da Tapada Grande, no concelho alentejano de Mértola, continua a ver chegar banhistas a meio da tarde. É quando o sol queima menos. "Isto ao fim-de-semana é um caos. Quase não se pode com tanta gente", comenta Maria João, 40 anos, que "desde sempre" frequenta o areal junto à povoação de São Domingos. Também aqui os frequentadores são mais de fora, nomeadamente de localidades vizinhas espanholas - "há dias que só se ouve falar estrangeiro". No seu caso, prefere a praia perto das antigas minas "porque a água é quente e é uma opção à porta de casa".
Nos dias mais concorridos, à volta de mil banhistas acorrem a estas estreitas margens da praia, a maioria de fora do concelho.
56 praias em 2010
O número total de praias fluviais reconhecidas em Portugal tem variado. Em 2007, foram 41, no ano seguinte, subiu para 54. Em 2009, o número baixou para 38 e este ano foram reconhecidas 56. Fazem um nicho turístico que atrai gente de outros locais, mas que, pelo investimento que tem sido feito, está longe de constituir uma alternativa com força para um mercado turístico sempre à espera de propostas tentadoras e de qualidade.
A praia do Alamal foi inaugurada em 1997, pela então ministra do Ambiente. Aqui, o rio Tejo corre manso, entre as barragens de Belver e do Fratel, e é neste cenário que Sofia Caetano, 39 anos, diz passar diversos períodos ao longo do ano. Desloca-se de Lisboa, com uma filha de nove anos, atraída por um sentimento de segurança: "Posso estar na toalha descansada porque a água não tem corrente." Mas a pacatez e a beleza do lugar também contam para estadesigner gráfica: "Tem uma luz espectacular e quando o comboio passa é um acontecimento."
A meio da manhã de uma terça-feira, Edgar Matos, 27 anos, apanha o pouco lixo espalhado pelo areal. O nadador-salvador, bombeiro e mergulhador no resto do ano, cuida do espaço que, mais uma vez, está no restrito grupo que hasteia a bandeira azul, o que atesta a sua qualidade balnear. Das 56 praias fluviais reconhecidas em 2010, apenas oito mereceram este galardão.
Valorização ambiental
Na região Centro, por exemplo na praia fluvial da Peneda, junto à ponte velha de Góis, concelho no distrito de Coimbra, fica outra grande atracção. A vila, conhecida por acolher uma das principais concentrações motards do país, foi das que aproveitaram o Programa de Valorização das Praias Fluviais, lançado em 1994.
A presidente da autarquia, Maria de Lurdes Castanheira, recorda que em 1995 começou a recuperação das margens do Ceira, obra concluída no ano seguinte. "Se não fossem o rio e as suas praias, dificilmente conseguíamos promover Góis. Apesar da beleza das aldeias de xisto, sem dúvida que o rio é o ex-líbris natural do concelho", refere aquela autarca socialista. As praias da Peneda/Pego Escuro e das Canaveias (Vila Nova do Ceira) atraem habitantes da região e forasteiros que procuram o sossego nas paisagens entre as serras da Lousã e do Açor.
O rio foi desde sempre procurado pelas águas que escorrem por entre o vale escarpado e domadas pela barragem de Monte Redondo. O ordenamento das margens melhorou o apoio aos banhistas. Na Peneda, por exemplo, não falta a esplanada colada ao rio e uma ilha de areia rodeada de verdejante arvoredo. O município investiu ainda na criação de condições para receber pessoas portadoras de deficiência, o que lhe permite hastear as bandeiras de "praia acessível". E constar do Guia das Praias Fluviais e Oceânicas (pode ser descarregado em www.turismodocentro.pt), promovido pelo Turismo Centro de Portugal, que reúne 65 estâncias certificadas nas áreas da ria de Aveiro, Coimbra, Castelo Branco/Naturtejo e Viseu/Dão Lafões.
Para ser zona balnear apenas conta a qualidade da água. Já a praia fluvial obriga a ter vigilância e salvamento, coordenados com o Instituto de Socorros a Náufragos. Nuno Leitão, presidente do instituto, sublinha que no ano passado não se verificaram mortes em praias fluviais vigiadas. Ao contrário, dos 11 casos fatídicos em zonas não vigiadas, cinco ocorreram em rios (Tejo, Douro e Minho).
O Programa de Valorização das Praias Fluviais desenvolveu-se principalmente entre 1994 e 1995, através de protocolos entre autarquias e o Instituto da Água (Inag). O montante global, de acordo com as contas saldadas até 2000, não é significativo: 2,621 milhões de euros. Bem menos do que se gasta em certas campanhas de promoção de Portugal enquanto destino turístico. E um valor que também fica abaixo da totalidade dos contratos-programa firmados, quer pelo atraso de alguns projectos, quer pela demora na conclusão dos processos.
Segundo Margarida Almodôvar, directora do ordenamento e regulação do domínio hídrico no Inag, o programa assumiu a valorização das zonas ribeirinhas como forma de constituírem "uma alternativa viável ao turismo litoral". Mas o nível de investimento não chegará para tornar este segmento fortemente competitivo. Aliás, em termos de esforço, foi sempre a descer. O Inag adianta que foram investidos 957 mil euros em 1994, 773 mil em 1995 (com financiamento comunitário), 199 mil em 1997, 259 mil em 1998, 306 mil em 1999 e 125 mil em 2000.
Estes são os números mais recentes do Inag. Aliás, não é fácil obter uma radiografia deste nicho turístico, porque a tutela das praias fluviais está dispersa por diversas entidades que, depois, não conseguem dar ao público uma informação sistematizada para todo o país. Seja como for, o esforço feito entre 1994 e 2000 tinha como objectivo "melhorar a qualidade das águas interiores e, sempre que as condições de qualidade o permitissem, criar locais para a prática balnear que oferecessem também condições de segurança".
Cabe a cada Administração Regional Hidrográfica (ARH) - Norte, Centro, Tejo, Alentejo e Algarve - a monitorização da água (com um mínimo de 16 amostras), que deve ter uma classificação de boa ou excelente. Este ano foram designadas 76 zonas balneares interiores, sem restrição para banhos. Posteriormente, outra portaria qualificou apenas 56 como aptas para funcionarem como praias fluviais.
Dados da ARH do Norte mostram que as águas balneares têm aumentado gradualmente na região, subindo de 20 em 2000 para 35 em 2009. Porém, este ano, caíram para 26, devido à alteração da legislação, que modificou os critérios de avaliação da qualidade da água. Assim, foram excluídas pretendentes nos concelhos de Alfândega da Fé (Santo Antão), Mogadouro (Ponte Remondes/Foz do Azibo), Monção (Gadanha), Paredes de Coura (Taboão), Ponte da Barca (rio Lima), Ponte de Lima (D. Ana/Arnado), Torre de Moncorvo (foz do Sabor) e Vila Nova de Paiva (Fráguas). Apesar destas situações marcadas pela "má qualidade" da água, o organismo presidido por António Brito salienta que a designação de uma praia fluvial "induz que seja considerada como zona protegida, o que é um aspecto muito positivo, até porque envolve os cidadãos na defesa dos ecossistemas fluviais". com António Gonçalves Rodrigues
4 comentários:
DEPOIS DE RIR Á GARGALHADA COM O BLOGUE ONDE SE DESMASCARA O TEIXEIRINHA E DE ONDE FOI CORRIDO, CHOREI A RIR COM OS "COMENTADORES" DO SEU BLOGUE!!!!
É DEMAIS VER COMO O "HOMEM" SE DESDOBRA EM COMENTÁRIOS, TODOS MUITO ELOJIOSOS...
O QUE ME ESPANTA SÃO TODOS OS QUE ALI VÃO, NÃO APARECEREM POR EXEMPLO AQUI NO A-SUL, A DEFENDEREM O "AMIGO".
SERÁ UMA QUESTÃO DE IPS???
Presos politicos vão ser libertados em Cuba. A luta do homem que corre risco de vida não foi em vão. E também aqueles que diziam que em Cuba não havia presos politicos têm aqui agora a prova de que é verdade. Até os cubanos estão a mudar o PCP é que não muda.
O anterior anónimo a quem agradeço o comentário deve estar errado, é que "nãp há presos politicos em Cuba"...devem ser uns meliantes quaisquer que faziam arrastões nas praias caça dolares.
Praias no Seixal ? Só o Ponto Verde é que quer mergulhar no esterco.
Aqui a verdadeira praia do Seixal
http://o-flamingo.blogspot.com/
Enviar um comentário