quinta-feira, novembro 19, 2009

OMITINDO A VERDADE VOS ENGANARAM (9)


É quase que delirante fazer o percurso do Seixal da Propaganda Virtual , uma propaganda que esconde mais do que informa, que baralha mais , do que esclarece que faz parecer suas, obras que são do Estado ... que afinal somos nós.

Tanta informação sobre obras a serem executadas pelas Estradas de Portugal num município CDU, segundo projecto de uma Câmara CDU e depois ver na imprensa criticas e mais criticas da CDU às Estradas de Portugal ... é curioso !

Continuo com as minhas dúvidas existenciais. Quanto terá custado esta campanha ?


Uma campanha que nos cartazes acima promete "Desenvolvimento económico - e - criação de emprego " e investimento público... "Urbindústria" num cartaz, como todos os outros assinado por Câmara Municipal do Seixal.. lá se omitem todos os imbróglios juridicos que envolvem esse mesmo PIS , a começar por uns terrenos que foram expropriados para outra coisa...

10 comentários:

Anónimo disse...

Isto não é mais de propaganda. A verdade é que as empresas estão a fugir do Seixal. O concelho não oferece condições minimas e como cada vez há mais gente a utilizar o Seixal como doirmitório , a circulação viária interna e para o exterior está dificultada. E as empresas procuram municípios com melhor qualidade urbana e ambiental.

Ex-militante disse...

A Câmara do Seixal a fazer publicidade a uma empresa que se chama URBINDÚSTRIA . Bonito.

Almeida Lima disse...

Muito interessante esta questão, mas podem responder a estas ?

O que sentiria o leitor se tivesse um terreno.

Se esse terreno tivesse sido expropriado por um estado Fascista ?

Se esse terreno, expropriado pelo Estado Fascista tivesse sido entregue de bandeja para o maior empresário beneficiário desse estado Fascista construír uma Siderurgia ?

Se esse terreno e essa Siderurgia fossem depois nacionalizados por um Estado Democrático ?

Se outro Terreno , contíguo, fosse depois expropriado aos mesmos proprietários, expropriados pelos Fascistas, agora pelo estado Democrático para expandir uma siderurgia nacionalizada?

Se o Estado Democrático, não tivesse utilizado a expropriação para aumentar a tal Siderurgia, mas para retalhar e entregar a privados, na órbita de uma empresa, para criar uma urbanização industrial ?

Se o anterior terreno da tal Siderurgia , expropriado à tal familia pelo Estado Fascista fosse agora utilizado pelo Estado democrático para operações imobiliárias do Governo José Sócrates e da Câmara CDU ?

Se eu vivesse num Estado de Direito teria resposta a estas questões.Alguém pode acrescentar mais alguma coisa ?

Engano-me muito ou anda por aqui uma VARA de porcos oportunistas a enriquecer às custas da Terra que era trabalhada pelos anteriores proprietários expropriados por uma causa pública que se tornou negócio privado ?

Anónimo disse...

No concelho do Seixal estão instaladas algumas das principais empresas ligadas ao ambiente do país, não fosse esta autarquia da CDU e poderiam estar instaladas todas, precisamente na area industrial referenciada.

O Seixal podia ser o unico concelho do país e quem sabe da europa com todas as empresas ligadas ao ambiente, se não fossem os comunistas.

As empresas que estão cá, só ficaram por que julgavam que estavam noutro concelho que não fosse CDU, infelizmente quando descobriram foi tarde demais.

Anónimo disse...

Ao comentador Almeida Lima, o mesmo aconteceu a muitos proprietários de terrenos expropriados a favor do Gabinete da área de Sines . O Estado não é pessoa de bem, essa é que é essa.

Leal Neto disse...

Para o "meu" caro João Freire,

"Muros, mortos e mentiras

«O adeus ao comunismo? Provocou um milhão de mortos». O título não é duma publicação comunista. É dum jornal do grande capital italiano, o Corriere della Será (9.11.09), que noticia um estudo de professores de Oxford e Cambridge, publicado na conceituada revista médica britânica The Lancet. «Baseados nos dados da Unicef, de 1989 a 2002» os autores afirmam que «as políticas de privatização em massa nos países da União Soviética e na Europa de Leste aumentaram a mortalidade em 12,8% […] ou seja, causaram a morte prematura a um milhão de pessoas». «Morreu-se mais lá onde se adoptaram as “terapias de choque”: na Rússia, entre 1991 e 1994, a esperança de vida diminuiu em 5 anos». Conclusões de estudos anteriores foram ainda mais gravosas. Como escreve o Corriere della Será, «A agência da ONU para o desenvolvimento, a UNDP, em 1999 contabilizou em 10 milhões as pessoas desaparecidas na telúrica mudança de regime, e a própria UNICEF falou em mais de 3 milhões de vítimas». Foi para celebrar estes magníficos resultados que o estado-maior do imperialismo se reuniu em Berlim, com pompa, circunstância e transmissões televisivas infindáveis, numa comemoração de regime dos 20 anos da contra-revolução a Leste.

O balanço da restauração do capitalismo é ainda mais grave. Mesmo sem falar no sofrimento dos vivos a Leste – o alastrar de pobreza extrema, dos sem-abrigo, da prostituição, da toxico-dependência ou a emigração em massa para sobreviver – os efeitos das contra-revoluções de 1989-91 fizeram-se sentir em todo o planeta. As «terapias de choque» dum imperialismo triunfante e ávido de reconquistar as posições perdidas ao longo do Século XX tornaram-se uma mortífera realidade global, e tiveram em 2008 o seu corolário inevitável: a maior crise do capitalismo desde os anos 30. Uma escalada de mortíferas guerras foram ao mesmo tempo desencadeadas pelo imperialismo, liberto do contrapeso dos países socialistas. Muitas centenas de milhares de mortos (mais de 650 mil só no Iraque, segundo outro estudo publicado em 2006 na Lancet) são o fruto «da queda do Muro» no Golfo, na Jugoslávia, no Afeganistão, no Iraque, no Líbano, na Palestina, e agora no Paquistão – para não falar das agressões «menores». E foram acompanhadas pelo «Gulag» de prisões secretas dos EUA espalhadas por todo o mundo, no qual desaparecem milhares de pessoas raptadas e torturadas por um sistema de repressão acima de qualquer controlo. Os dirigentes do «mundo livre» que se juntaram, ufanos, em Berlim, são todos responsáveis por este banho de sangue e repressão. Podem mostrar-se de cara simpática e tratarem-se amigavelmente por Hillary, Angela, Nicolas, Bill, Tony ou «porreiro, pá». Mas das suas mãos escorre o sangue e sofrimento de milhões de pessoas em todo o planeta – de Peshawar a Guantanamo (que continua aberta), de Abu Ghraib às Honduras (que continua sob controlo dos golpistas e a indiferença da comunicação social «democrática»), das «maquiladoras» mexicanas aos campos de refugiados palestinos (que continuam – há 60 anos – à espera do seu Estado).

(continua)

Leal Neto disse...

(.../...)

Pelo «Gulag» democrático-ocidental passou Khalid Shaikh Mohammed, que vai agora a julgamento nos EUA, acusado de ser o responsável primeiro do 11 de Setembro (mas não era o Bin Laden?). Segundo o New York Times (15.11.09) «foi submetido 183 vezes à técnica de quase afogamento chamada 'waterboarding'». O jornal afirma que ele também se diz responsável «por uma série de conspirações» como «tentativas de assassinato do Presidente Bill Clinton, do Papa João Paulo II e as bombas de 1993 no World Trade Center». Mais um afogamento simulado e confessaria também ser responsável pelo aquecimento global e o sumiço de D.Sebastião em Alcácer-Quibir. Mas atente-se na vida do acusado: paquistanês, criado no Kuwait e diplomado por uma universidade americana viajou, após os estudos «para o Paquistão e o Afeganistão, a fim de se juntar aos combatentes mujahedines que, nessa altura, recebiam milhões de dólares da CIA para lutar contra as tropas soviéticas» (NYT, 15.11.09). Afeganistão hoje ocupado e onde «segundo responsáveis da NATO […] um terço dos polícias afegãos são toxicodependentes» (Sunday Times, 8.11.09). Admirável mundo novo que a «queda do Muro» pariu!"

Jorge Cadima in "Avante" de 19.11.09

Um texto especial para ti!

João Freire disse...

Obrigado, Leal Neto. Agora sim, isto começa a ter verdadeiro interesse. E agora sarcasmos à parte, acho mesmo interessantes esses números.

Por onde começar... Quanto às guerras, eu tenho sérias reticências em qualificar esta ou aquela guerra de "conflito capitalista". Mais do que na economia, a razão de ser delas está, a meu ver, na natureza humana, aliada às ambições pessoais, que existem tanto num sistema como no outro. Também houve "guerras socialistas" e bem feias - veja-se o caso da invasão russa no Afeganistão.

Em Havana, havia um cartaz que dizia "Esta noite, x milhões de crianças dormem na rua. Nem uma só é cubana". E não é mentira. Diga-se o que se disser do regime castrista, o que é certo é que conseguiram notáveis feitos no que toca às garantias materiais mínimas do povo. Acredito que com as alterações estruturais nas ex-repúblicas socialistas, muita gente morreu de fome. Muita gente nunca tinha vivido num clima de livre iniciativa privada e não se soube virar sozinha.

A escolha entre democracias liberais, de matriz europeia, e as "democracias populares", comunistas, é uma escolha de prioridades: ou níveis mínimos de conforto material ou níveis mínimos de protecção dos direitos humanos. Não sei que idade tens, mas é sempre com interesse que se revisitam os debates da nossa Assembleia Constituinte, entre o PCP e os restantes partidos acerca do valor que teriam, na Constituição de 1976, por um lado os "direitos, liberdades e garantias" e, por outro, os "direitos económicos, sociais e culturais". Mas existe um ponto de equilíbrio. A escolha não tem de ser entre ditadura comunista e capitalismo selvagem. Uma via de conciliação é o Estado-providência, baseado nas ideias de socialistas reformistas como Bernstein, o pai da social-democracia (que, na pureza dos princípios, tem diferenças face àquilo que defende o nosso PSD, apesar do nome).

João Freire disse...

Agora, há uma razão que me levaria sempre a preferir uma democracia a um regime de partido único, seja de direita ou de esquerda. Como dizia Montesquieu, o poder corrompe e o poder absoluto corrompe absolutamente. Vimos isso acontecer em todas as ditaduras, sem excepção. Nem mesmo as "ditaduras do proletariado" escapam, pois os "proletários" que formam a elite do partido tornam-se tão ruins, gananciosos e autoritários como os antigos burgueses e nobres, que a revolução procurou extinguir. É necessário que o poder controle e limite o poder.

Quando o poder não é controlado, dá lugar a todo o tipo de arbitrariedades e até de loucuras. E até mesmo regimes comunistas acabaram por falhar miseravelmente até nos seus objectivos primários: oferecer pão e trabalho ao povo. Veja-se a revolução cultural chinesa, período em que morreram milhões por força de um capricho de Mao, que não percebia nada de agricultura nem de economia. As democracias liberais podem ter aspectos desumanos, mas ao menos, o povo, quando está descontente, pode pronunciar-se, pode mudar os governantes. Por vezes as opções sáo fracas, mas ao menos temos esse poder. E é isso que se celebra quando se festeja a queda do muro de Berlim.

Por outro lado, repara que a democracia liberal assenta na ideia de que todos são necessários, todos podem e devem dar o seu contributo para o país, o mundo e para si próprios. Assenta na liberdade e na igualdade de oportunidades - por vezes essa igualdade de oportunidades é mais teórica que real, isso é verdade, mas é o princípio que norteia a democracia, sempre sujeita a aperfeiçoamentos. O comunismo, pelo contrário, visa uma sociedade perfeita. Nada contra, com excepção do "pecado original" de que sofre: é que, para se conseguir esta sociedade sem classes, o comunismo preconiza a extinção da chamada classe burguesa, pela força, se necessário. Tal como o nazismo preconizava uma linda utopia na terra - só que não era para todos, os judeus teriam de desaparecer, tal como os burgueses, sob o comunismo. Na democracia liberal, os fins não justificam os meios. No comunismo, sim. O que nas democracias liberais são imperfeições do sistema, no comunismo encarna o seu cerne.

João Freire disse...

Quanto aos restantes, perdoem-me este longo discurso mais ideológico, sob um post com um assunto bem prosaico.