O presidente da Câmara de Gondomar, Valentim Loureiro, garantiu que a sua autarquia "não é nenhum local de negócios", rejeitando deste modo o remoque do juiz que o absolveu no caso do negócio milionário da Quinta do Ambrósio.
Valentim Loureiro foi ilibado do único crime por que estava acusado - burla qualificada - mas ouviu o juiz-presidente afirmar que não lhe parecia "curial" que a Câmara "sirva de agência de mediação imobiliária"."A Câmara não é nenhum local de negócios. É evidente que se você, ou algum colega, disser que quer falar comigo, chega lá e põe um assunto qualquer, eu sou obrigado a ouvi-lo", respondeu Valentim Loureiro, quando questionado pelos jornalistas, após o veredicto.
"Agora, eu não dei nenhum andamento, não entrei no negócio, não me tocou um centavo", acrescentou.
Sublinhando que "não esperava outra coisa" se não a absolvição no processo, Valentim Loureiro acusou uma das filhas da proprietária da quinta do Ambrósio de "montar tudo isto" para conseguir com que a irmã "não beneficiasse em nada da venda desse terreno".
Acusou-a ainda de conduta similar no caso de uma propriedade da família em Paredes.
O autarca considerou que Gondomar "foi muito prejudicado por causa deste processo e de outros", na medida que, segundo disse, o seu presidente da Câmara se viu obrigado a desviar atenções das funções autárquicas para se defender das acusações.
"Isso é o que eu mais lamento", observou, declarando-se disponível para dizer "à senhora juíza da Justiça" (queria dizer ministra da Justiça) "o que pensam os arguidos envolvidos nestes processos" e o que "deve ser feito para acabar com muitas das coisas que aqui se passam".
O tribunal de Gondomar absolveu hoje Valentim Loureiro da acusação de burla qualificada no âmbito de um processo relacionado com o negócio milionário da Quinta do Ambrósio.
O vice-presidente da Câmara, José Luís Oliveira, e o fiscalista Laureano Gonçalves foram igualmente absolvidos da acusação de burla qualificada, mas condenados por branqueamento de capitais, com referência a fraude fiscal simples, a um ano e dez meses de prisão, pena suspensa por igual período.
Igualmente condenados por branqueamento de capitais foram o filho de Valentim Loureiro Jorge Loureiro (um ano e dez meses de prisão, pena suspensa), e o advogado António Ramos Neves (um ano e dez meses de prisão, pena suspensa).
E mais esta para clarificar mais um pouco:
O Ministério Público dizia que o fiscalista Laureano Gonçalves obteve uma procuração irrevogável para negociar os terrenos da quinta, em troca de 1,072 milhões de euros, pagos através de cheque da 'immerton' uma sociedade offshore que teria sido constituída exclusivamente para este negócio.
Pouco depois, mas ainda antes de os terrenos serem desafetados da Reserva Agrícola Nacional, a propriedade foi revendida à Sociedade de Transportes da Cidade do Porto por quatro milhões de euros.
Ainda segundo o processo, Valentim Loureiro, o seu "vice" José Oliveira e Laureano Gonçalves teriam feito crer à dona da quinta que essa desafetação nunca se concretizaria, o que o tribunal não deu como provado.
1 comentário:
Afinal...no negócio houve crime.
e condenações ao vice-presidente da Câmara, José Luís Oliveira, ao "fiscalista" e ao filho de Valentim Loureiro
Tudo isso "nas barbas do inocente"!!!!
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