segunda-feira, abril 25, 2005


A Protecção do Ambiente é uma conquista de Abril

Como este cartaz no Seixal menciona, antes não era permitido protestar por melhor urbanismo, por melhor habitação, por melhor qualidade de vida, por uma vida com futuro. A liberdade de expressão era uma utopia, logo , cartazes como este tinham de ser colocados durante a noite e o mais provável era serem retirados durante o dia pelas forças protectoras do regime.

Esse mesmo regime fazia o que queria em termos de gestão do território e quem protestava já sabemos o fim que tinha... é por isso que hoje temos o Barreiro, Sines...a Siderurgia, plantavam-se projectos ao sabor da vontade da "meia-duzia" para quem Portugal era gerido.

Data da ultima década do regime as primeiras migrações do interior para o litoral onde foram instalados os primeiros e principais projectos o que a par com os processos de colonização e emigração foram a primeira vaga de esvaziamento do interior, uma situação que ainda hoje não foi invertida.

Não havia forma de criticar e corrigir o erro, até que veio Abril e a liberdade de expressão uma realidade, mas uma realidade em muitos concelhos cerceada agora pelo novo poder, o "poder local" eleito e representativo do voto popular, não era agora a ditadura e a censura a corrigir os "desvios" aos interesses "municipais", era como que a muito querida "ditadura do proletariado" a orientar a ordenar, a normalizar hoje temos a versão seculo XXI dos "comités locais" nos "foruns de discussão municipal" em que ouvem quem querem e fazem o que já antes tinham decidido.

Veio entretanto mais gente para as grandes cidades, incentivadas pelos investimentos que continuavam em não se fazer no resto do país , e esse boom associado à falta de habitação fez disparar as barracas e para os mais "endinheirados" a habitação "normal", mas construida clandestinamente , sem critério ou tecnica, construiu-se em terrenos de aptidão agricola, ecologica, sobre linhas de àgua, dizimou-se floresta e a maioria das autarquias não fiscalizou, não fez cumprir o Regulamento Geral de Edificações Urbanas (o que poderá significar uma catástrofe no caso de um terramoto) fechou-se os olhos e muitos construiram sobretudo nos arredores de Lisboa, habitação de gosto duvidoso, num neo-barraco-apalaçado sempre que possivel revestido a azulejo de casa de banho.Data também dessa altura , finais dos anos 7o as primeiras noções de "ambiente" , com programas televisivos como "Só há uma Terra", com as intervenções de Gonçalo Ribeiro Telles, Nuno Portas...entre muitos outros.

Passaram-se entretanto trinta anos, trinta anos de poder local e liberdade de expressão e acesso à informação. E o que temos hoje? Sobretudo na Margem Sul? Duas pontes que ligam à outra margem , os mesmos erros em Alcochete e Montijo que três décadas antes foram cometidos em Almada e Seixal, e Almada e Seixal (que aumentou de 30000 para 180000 habitantes) a agravar a sua qualidade ambiental sobretudo na ultima década onde se construiu e destruiu (ecossistemas, zonas verdes, espaços florestais e agricolas) mais do que nunca antes, mesmo considerando a época àurea dos clandestinos, que afinal servem hoje de zona tampão e de qualidade habitacional comparativamente aos blocos de apartamentos "todos diferentes , todos iguais" que nascem todos os dias, ao sabor dos amigos e da "meia duzia" para quem agora os municipios são geridos.

Sobre a liberdade de expressão em termos de ambiente, essa é outra história, autarquias como as do Seixal, sonegam informação à população , destroem a tentativa de que os cidadãos se informem entre si, segundo nos contaram e deram provas, placards informativos feitos pelos cidadãos desaparecem mal são colocados, os cidadãos que formam movimentos civicos são perseguidos e caluniados (e ameaçados) o que conta é a propaganda do "Boletim Municipal" e os foguetes no 25 de Abril (40 minutos de fogo de artificio este ano. Quanto custou? Quem pagou? Se a Câmara está falida e não foi dos cofres da Câmara que saíu o dinheiro, que contrapartidas foram dadas a quem cobriu a despesa?).

Mas a nivel nacional a coisa parece não ser também fácil, na passada quinta feira num coloquio sobre ambiente Luisa Shmidt e Pedro de Almeida Vieira referiam que "O peso que a construção civil tem no produto interno bruto do país faz com que, segundo a sociologa, os jornalistas sejam 'incomodados' quando começam a investigar o sector da construção civil, chegando mesmo a afirmar que existe um 'conluio' para afastar estas questões dos meios de comunicação (...) o difícil acesso à informação em matéria de ambiente é outra das dificuldades no jornalismo ambiental... a sociologa , que vê esta questão como uma das pesadas heranças deixadas pelo Estado Novo, lamenta que o Estado português não disponibilize a informação ou que não seja 'sério na informação que transmite'...

Falta pois Cumprir Abril é que se vivesse hoje, José Afonso certamente que estaria a pensar no lobie da construção e na corrupção instalada nas autarquias quando dizia "Eles comem tudo e não deixam nada..."

Posted by Hello

2 comentários:

Anónimo disse...

O problema é que estes pequenos e mediocres ditadores nem têm noção dos crimes que cometem diariamente...as as leis existem e são perfeitas mas fazê-las cumprir é outra coisa. Se eles pudessem fechavam e mandavam para o Gulag estes bloguistas!!! Ponham-xe a pau!

Anónimo disse...

Terça feira e já gente que se sintiu atingida pelo cartaz aqui da imagem o foi retirar!!! Comunismo e Liberdade de expressão no Seixal só rimam com BETÃO!!!!!!PALHAÇOS!