quinta-feira, abril 21, 2005


Cemitério do Feijó, bomba relógio ambiental ou como não deve ser um cemitério!

No Feijó/Almada, a escassas centenas de metros do Forum Almada temos um dos mais vergonhosos monumentos ao culto dos mortos de todo o Mundo, ou a visão CDU do tratamento da memória e dos restos mortais dos cidadãos.

Nasceu com o pressuposto de um espaço verde, um jardim de meditação e de encontro com as memórias afectivas dos cidadãos e uma forma digna mas nova em Portugal de culto dos mortos, prometiam ser um cemitério tipo Anglo-Saxonico, sem tumulos ou jazigos, um espaço verde onde as lápides emergiriam de um tapete relvado onde vivos e mortos estivessem em dignidade e qualidade.

Ao principio assim foi, mas depois abandonou-se a relva e o espaço ajardinado reduziu-se ao minimo, como todos os espaços verdes da Margem Sul, claro que se arrazou e urbanizou o envolvimento florestal da zona de implantação do cemitério, depois veio o Almada Forum... mas o mais grave até em termos de saúde pública foi a forma compulsiva com que a Câmara de Almada ditou o seu culto dos mortos, sem paralelo em algum cemitério conhecido em Portugal ou no mundo, tirando os cemitérios de campanha ou as valas comuns.

No mais grave atentado à nossa cultura judaico-cristã (mas podia ser Budista por exemplo...) os caixões são depositados directamente na terra, cobertos com terra formando um monticulo...e é tudo!!! quem quizer lá pode pôr uma lápide... não são permitidas pedras tumulares ou campas nem uma simples lage de betão para evitar o espectáculo macabro dos abatimentos de terra quando as urnas cedem ao tempo e ao peso da terra que sobre si é depositada.

O que é que isto implica? Implica que quando chove os monticulos de areia se esboroem tornando para quem não tem lápide, impossivel qualquer localização, outro problema é de saúde publica, quando chove as infiltrações são inevitáveis tal como os abatimentos (não há coberto vegetal ou campa de pedra ou cimento que sustenha a areia), à medida que a madeira dos caixões vai apodrecendo, a àgua da chuvas tudo inunda... e depois essa "àgua" vai-se depositar nos aquiferos mais abaixo...e a escassas dezenas de metros dali é um dos principais pontos de captação de àgua do concelho.

Se estas observações de indole material não bastassem ficam as feridas não visiveis de quem tem os seus mortos ali sepultados e vê aquele espetáculo desolador, ao contrario do que se passa em qualquer outro cemitério que não aquele e perguntam o que fizeram ou os seus mortos para serem tratados de uma tal forma e explorados também os vivos (e muitas viuvas de fracos recursos) por uma máfia de arranjadores de sepulturas, uns funcionários que a troco de algum dinheiro vão mantendo a forma daqueles monticulos de areia ,um trabalho de remuneração garantida no tempo, pois que aquelas construções de areia fácilmente perdem a forma.

Na Aldeia da Luz fez-se um trabalho exemplar de respeito e conservação da memória com o trabalho de transladação de todo um cemitério.Nos cemitérios do Sul do país é comum os caixões serem depositados em "ocos" caixas de cimento e tijolo , depois cobertas por uma lage de pedra ou cimento...No Feijó/Almada, onde residem maioritáriamente pessoas do Alentejo (com a mesma cultura e respeito pelos seus mortos) elas são aqui tratadas duma forma antropologica e sociologicamente bárbara por parte da Câmara de Almada, para além do grave problema de saúde pública que poderá ocorrer a qualquer momento com a contaminação dos aquiferos motivada pelas infiltrações no cemitério. Posted by Hello

10 comentários:

Anónimo disse...

Vivi mais de trinta anos em França e conheço toda a Europa e nunca vi nada de tão chocante, parece como os naziz tratavam os judeus nos campos de concentração.

Anónimo disse...

Mas isto é um cemitério , nem de terceiro mundo!!!

Anónimo disse...

pura e simplesmente vergonhodo

Anónimo disse...

Eu não sei se quem está aqui a comentar este comentário conhece o cemitério em questão, porque não é nada disto que acontece, o que se passa é que o cemitério do feijó é o maior cenitério que temos nesta zona, os outros estão todos lotados, e este cemitério tem vindo a crescer, e também tem vindo a ser arranjado, agora não se pode pedir que de um momento para o outro esteja tudo arrelvado, mas que existem ja muitas zonas arrelvadas existem. O meu avô está sepultado neste cemitério e não tenho nenhum problema desses que estão para ai a dizer, e ´não sou nem budista nem nazi.
Antes de fazerem cometários deste vão aos locais observar com os proprios olhos.

Anónimo disse...

Não sei onde é que o avô desta pessoa está sepultado, provavelmente será na única zona que está arrelvada, que nada tem a ver com a realidade global do cemitério. É de facto vergonhoso o que se passa em Vale Flores. É uma desolação!!! Concordo que é um depósito de urnas. O povo português é muito brando!!! Que o cemitério tem vindo a crescer é verdade! Que não se pode pedir que de um momento para o outro tudo seja arrelavado, também posso concordar, mas a realidade é bem diferente. O meu pai está lá há oito anos e eu só conheço arrelvada julgo que a 2ª Secção, que é a que fica à frente das escadas que dão acesso aos talhões. É a que dá mais nas vistas. Concordo que estamos a alimentar uma máfia que vive das desgraças alheias. Posso estar a ser injusta, pois reconheço que os coveiros recebem uma miséria de salário, têm um ofício horrível, trabalham em situações sobre humanas sem luvas nem máscaras, são poucos para o volume de trabalho que têm e valem-se do dinheiros que lhes é dado para fazerem face à vida, mas isto está tudo mal! No meu entender era preferível que exigissem aos familiares uma verba anual para que o aspecto do cemitério fosse mais aceitável. Será que custa assim tanto dar um aspecto mais digno ao cemitério?

Anónimo disse...

O anterior comentário é como o artigo, legítimos e verdadeiros, não atirem areia para cima das pessoas...

Anónimo disse...

Não posso concordar mais quando se diz que o cemiterio de Vale Flores Feijó, é uma vergonha. Sei bem o que se lá passa, porque o meu pai falecido há onze anos foi para lá e agora tenho lá a minha mãe que faleceu há três meses. A Camara de Almada não deixa arranjar as campas, e sempre que desejamos que as campas dos nossos falecidos sejam arranjadas tem de ser com pagamento aos funcionários. É tempo de a Camara de Almada acabar com esta vergonha.

Anónimo disse...

Infelizmente, também estou a conhecer à bem pouco tempo o que se passa em Vale Flores. Na segunda semana depois do falecimento da minha querida avó, a campa abateu completamente. Senti uma revolta imensa, com as minhas propias mãos tentei dar um aspecto mais digno ao lugar onde está sepultado o meu ente querido. Nesse dia soube como é que as coisas se processavam ali. Paguei e arranjaram. Mas não fica por aqui, hoje quando lá cheguei a lápide tinha sido colocada com uma dintancia de 20cm do sito onde era suposto estar, voltei a questionar um funcinário, o que me respondeu foi que quem arranjou a campa fez um mau serviço. Resumindo tive de dar mais dinheiro para voltarem a arranjar. A  minha avó faleceu apenas à um mês.

Maria do Sameiro disse...

Não posso deixar de concordar com tudo o que foi dito acerca do cemitério de Vale Flores, é uma vergonha. Um dia reclamei porque tinha pago a um senhor para arranjar a campa do meu pai e quando voltei estava na mesma. Quando o confrontei ele respondeu-me que se estivesse com pressa trouxesse um familiar de casa para arranjar a campa. Concordo e subscrevo a ideia de pagarmos um valor anual para assim todos terem as campas arranjadas e com aspecto mais cuidado.

Anónimo disse...

Boa tarde
A dignidade da morte tem a ver com os sentimentos a ela associados e não às lápides, contudo penso que a questão das campas deveria ser acautelada. Parece-me bem mais simples colocar só uma lápide, mas o facto de se ter que dar dinheiro aos coveiros para darem um aspecto mais arranjadinho às campas de terra, sem que haja uma forma de controlar nem os montantes nem se o trabalho é efectivamente realizado não me parece garantir a dignidade que a morte de um ente querido requer. O meu pai faleceu à um mês e já é a segunda vez que dou dinheiro a diferentes coveiros para dar um ar mais cuidado à campa do meu pai, ainda não fui conferir se na segunda vez resultou!.. Sofro eu, sofre a minha mãe. Também não percebo muito bem como funciona a situação da lápide. Temos que obrigatoriamente fazer como o estabelecimento à entrada do cemitério propõe? quem regulamenta o formato das mesmas?
Não se estarão a aproveitar da fragilidade emocional em que as pessoas se encontram? não sei, mas há qualquer coisa pouco clara nestes procedimentos!...
Penso que a câmara deveria se preocupar mais com os cidadãos e cidadãs, vivos e mortos! (embora já não votem!...)