terça-feira, dezembro 13, 2011

(DURBAN) MAS...

 A opinião de Ricardo Garcia no Público





Não parece haver razões suficientes para celebrar como históricos os resultados da última cimeira climática da ONU, que terminou no passado domingo, em Durban. Pelo contrário, serão antes mais um sinal de que os acordos internacionais na área das alterações climáticas não se coadunam com a dimensão do problema, ou em si valem pouco. (...)


No calendário fixado em Durban, um novo acordo, seja qual for, não estará operacional antes de 2020. É tarde. Para manter o aquecimento global abaixo de 2ºC — limite considerado aceitável — as emissões globais de CO2 deveriam atingir o seu pico nos próximos anos e cair drasticamente até 2020, para 44 mil milhões de toneladas. Um estudo recente do Programa das Nações Unidas para o Ambiente estima, porém, que, com as actuais promessas feitas por diversos países, as emissões vão continuar a crescer e estarão entre seis a 11 mil milhões de toneladas acima da meta.

Elevar o “nível de ambição” dos esforços até 2020 é algo que consta da decisão final de Durban, sem qualquer baliza concreta. Nada indica que as negociações, daqui para a frente, serão fáceis. A cedência das grandes economias emergentes e dos Estados Unidos à ideia de um acordo legal no futuro sinaliza uma aproximação importante. O mesmo vale para a aliança da União Europeia com os países mais vulneráveis às alterações climáticas.

Os principais diferendos entre os países ricos e pobres não foram, no entanto, superados em Durban. Na essência, parece tudo permanecer em aberto. Com o histórico de prazos falhados, acordos que não se cumprem e parceiros que abandonam o barco a meio da viagem, é esperar para ver, de olho no termómetro.


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