sábado, dezembro 01, 2012

STREET ART 12


No muro da Avenida Calouste Gulbenkian, em Lisboa, junto de um dos painéis de azulejos de João Abel Manta, as rugas de um rosto feminino vão ganhando textura, à medida que Alexandre Farto e Jucapinga (outro dos graffiters da equipa de Vhils) esculpem a imagem que ali deixaram impressa, na madrugada anterior. Os olhos de ambos denunciam as poucas horas de sono, mas as forças foram repostas com um almoço, ali meso, em pé, ao lado da grua, de bacalhau com natas do Pingo Doce, Coca-Cola e ainda uma bola de berlim com creme. Lá em cima, a tinta branca vai dando lugar ao interior do muro, mais claro. "Daqui a uns meses, a imagem começará a diluir-se mais na parede", diz Alexandre, "é disso que gosto, dessa patine que o tempo lhes dá." Ali ficará um rosto que não nos olha diretamente, mas que nos faz olhar para nós, e também em volta. Porque uma rua movimentada pode ser muito mais do que o caminho que se percorre, no trânsito, de casa para o trabalho e, outra vez, de regresso a casa. No fim de contas, tal como no princípio desta história, ali está a cidade, esse lugar onde todos vivemos, rodeados de "camadas de ruído que nos foram distanciando uns dos outros", sublinha Vhils. Escavaquemos a superfície. (VISÃO)

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