Foram precisos 36 anos e “uma luta cívica” de Gonçalo Ribeiro Telles para que o Corredor Verde de Monsanto fosse finalmente inaugurado. Aconteceu esta sexta-feira, em Lisboa.
O projecto inclui pontes ciclopedonais, jardins, hortas, searas, um parque infantil, um parque de skate, aparelhos de exercício físico, um miradouro e várias esplanadas. Idealizado em 1976, foi inaugurado na presença de Gonçalo Ribeiro Telles, o arquitecto que teve a ideia.
Seria um exagero dizer que se escreveu tanto sobre o corredor como os 2,5 quilómetros que concretizam a ligação entre os 51 hectares de espaços verdes. No entanto, a verdade é que há muito que se prometia a inauguração deste projecto, que, ainda durante a manhã, enquanto decorria o passeio, recebia a plantação de algumas árvores.
A obra liga o Parque Eduardo VII ao Parque Florestal de Monsanto, atravessando a Avenida Gulbenkian através de uma ponte pedonal, inaugurada em Setembro de 2009, e agora baptizada com o nome de Gonçalo Ribeiro Telles, em homenagem ao arquitecto.
Neste projecto foram investidos cerca de cem mil euros, tendo a maior parte das verbas sido conseguidas através de parcerias com empresas como a Vodafone – que inaugurou uma ponte pedonal e ciclável, por cima da Rua Marquês de Fronteira, e criou uma aplicação gratuita para smartphones etablets com informação sobre aquela área verde –, contrapartidas do jogo do Casino de Lisboa e fundos do Quadro de Referência Estratégico Nacional (QREN).
José Sá Fernandes, vereador dos Espaços Verdes, destacou que “o corredor verde não é o jardim da Celeste, não está todo 'pipi'”, e que “é uma verdadeira estrutura ecológica". “Foi semeado prado a semana passada e estará pronto na próxima Primavera.” José Sá Fernandes acrescentou ainda que a estrutura ecológica deverá estar completamente pronta no final do mandato, em Outubro de 2013.
Já o autor do projecto, Gonçalo Ribeiro Telles, queixou-se da “ameaça à paisagem por parte de urbanizações e construções idiotas”. Em contrapartida, o arquitecto destacou a concentração da “biodiversidade total num espaço tão mínimo”. “Os patos da região de Lisboa, não os bravos, têm agora onde passar pelas suas deambulações na cidade”, brincou.
O vereador descreveu a concretização do projecto, na qual está envolvido “há 20 anos”, como “uma luta muito difícil” e explicou que apenas nos “últimos cinco anos foi possível acabar com todos os fantasmas, nomeadamente os depósitos dos carros”. O vereador comparou ainda a obra ao nascimento da sua filha.
Por sua vez, o presidente da câmara, António Costa, assegurou que na autarquia todos estão “ansiosos para prosseguir este trabalho e realizar mais utopias”. Agradeceu aos seus antecessores por lhe terem dado a ele a oportunidade de concretizar um projecto de que “ouvia [falar] desde miúdo”. (Publico)
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